AJUDA

189 40 29
                                    

HYUNJIN

'Negado.'

Foi isso que tive, ao explicar para a coordenadora do meu curso os motivos detalhados que me levaram a querer mudar de Graphic Novels para conto no meu trabalho de Criatividade. Se eu levasse a mudança aprovada para o professor, seria muito mais fácil, porém ela pareceu não entender nada do que eu sinalizei, e tinha certeza de que ela entendia muito bem a língua de sinais.

Expliquei que a única pessoa que sabia se comunicar comigo era Felix, e ele já ajudaria uma colega, que foi muito mais rápida do que eu no quesito ir atrás, mas adivinhe só o que aquela mulher fez? Provou me odiar, ao tirar uma pasta guardada em uma gaveta do seu armário e me mostrar o currículo de todos os alunos que sabiam falar a língua de sinais.

"Se essa é a sua dificuldade, aqui está a solução."

Lee Minho estava lá em uma foto 3x4, junto de mais três alunos.

"Acredito que o único que vai conseguir te ajudar é Minho" foi o que a coordenadora falou." Ele está começando o semestre agora e deve estar precisando de horas complementares."

Derrotado, eu apenas saí daquela sala, agradecendo à sua boa vontade de achar uma solução rápida para mim.

Solução.

Aquilo estava mais para martírio.

Como eu encararia Minho e pediria para que me ajudasse, quando havia sido tão estúpido com ele? Não sei se ele riria na minha cara e diria o quão idiota eu sou ou apenas revelaria que era isso mesmo que ele queria e continuaria a sua brincadeira inicial comigo, afinal, o que ele pretendia desde o início?

Olhei para a cópia do documento dos alunos que sabiam falar ASL e pensei por um momento. Seria melhor tentar com eles e deixar Minho como última opção? Parecia uma boa ideia para alguém que não tinha um pingo de vergonha na cara, já para mim, que nunca vi essas pessoas na vida, era um pouco mais difícil.

Além da minha mudez, havia herdado o grande dom de não ser bom em falar com estranhos.

Não é como se eu falasse muito, sabe? Então com o tempo, meio que me escondi no meu próprio casulo.

Talvez também seja por isso que sofri tanto bullying na escola. Olhando pelo lado engraçado dessa tragédia, eu era o "alvo perfeito".

Respirei fundo e olhei para o céu ensolarado dessa manhã de segunda-feira. Nos filmes, os protagonistas geralmente obtinham as respostas assim, então por que eu não recebia nada?

-Você parece perdido.

Não era bem essa resposta que eu queria.

Olhei em direção à voz masculina, já sabendo de quem se tratava.

Minho estava sentado em um dos vários bancos espalhados pelo campus da universidade, segurando um caderno aberto em uma página branca lisa no colo, com um lápis na mão e Airpods nos ouvidos. Ele usava uma calça jeans clara e rasgada nos joelhos, com uma regata branca, deixando à mostra seus músculos e uma tatuagem, que não fazia ideia que tinha, no ombro direito.

Era uma frase pequena e que não conseguia identificar, pela distância em que estávamos. Eu podia não ser míope que nem meu irmão, mas algumas coisas eram impossíveis de ler por conta do tamanho e da distância.

-Por que você está em frente ao prédio em que eu estudo?

Estava tão atordoado com o que tinha que fazer, que acabei andando duas quadras e chegado ao prédio de Artes sem nem perceber.

O rosto de Minho se iluminou, como se lembrasse de algo.

-O trabalho... -Ele realmente havia se lembrado. - Conseguiu alguém?

𝐎 𝐒𝐈𝐋𝐄𝐍𝐂𝐈𝐎 𝐃𝐎 𝐀𝐌𝐎𝐑 Onde histórias criam vida. Descubra agora