CURIOSIDADE

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MINHO

Precisei me controlar para não segurar o rosto de Hyunjin e roubar um beijo seu. Seria muito sem-vergonha se fizesse isso e eu sabia, e era por conta do pingo de noção que existia em mim, que apenas dei risada da sua reação atrapalhada após ouvir o que saiu da minha boca.

Ele se tornava mais adorável quando suas bochechas ficavam avermelhadas de vergonha e quando não escondia no rosto expressivo, o quanto ficava atordoado com minhas frases de duplo sentido.

Um exemplo, era a sua reação de agora. Hyunjin tirou da sua mochila o mesmo caderno de ontem e acabou derrubando seu estojo, demonstrando claro nervosismo. A sorte é que não estava aberto para espalhar tudo o que carregava ali pelo meu escritório.

-Não estava brincando - fui sincero, observando-o ficar mais envergonhado. - É só não revirar os olhos para mim de novo.

Só notei-o engolindo em seco, porque estava o observando demais, e isso, ninguém poderia me julgar. Hyunjin era muito bonito para não ser admirado, e não conseguia entender como ele não percebia isso.

-Podemos nos concentrar no trabalho? -Ele sinalizou, ao mesmo tempo que eu perguntava:

-Ainda está indo na academia?

Hyunjin me olhou abismado. Sorri inocentemente.

-O que foi? Estou curioso - respondi. -Vou todos os dias e nunca mais o encontrei.

-Vou um dia sim e um dia não com meu irmão - sinalizou e bateu no seu caderno.-Podemos?

-O quê? -me fiz de desentendido. -Fazer academia juntos? Acho perfeito.

Tenho quase certeza de que ele não revirou os olhos, porque se lembrou do que eu havia acabado de falar caso fizesse isso, mas foi ainda mais engraçado vê-lo segurar aquela atitude, que parecia ser comum quando não sabia reagir a algo ou alguma coisa o tirava do sério.

Pelo menos, eu estava o fazendo sentir alguma coisa.

-O trabalho, Minho -sinalizou, de forma séria.- Preciso ir para o dormitório, porque já está ficando tarde.

Não eram nem oito horas da noite, porém não iria mais incomodá-lo ou podia ultrapassar o limite, que aos poucos vinha aumentando entre nós.

-Nós já decidimos o trabalho, iremos fazer a história de amor entre um anti- herói e um herói -falei, bem decidido, como se o projeto fosse meu.

Em minha defesa, eu só queria que ele tirasse uma excelente nota.

-Por que está insistindo nessa ideia?

-Além de ser muito melhor do que a sua?- gabei-me, o deixando estático.- Gosto das histórias dos anti-heróis.

-Isso é por que você se identifica? -Sorri largamente.

-Se eu sou o anti-herói, você é meu herói? - joguei as palavras sem pensar, trazendo cor para o seu rosto novamente.

Aquilo era muito mais forte do que eu.

-Não sou... -Ele não sabia o que responder, e a vontade de apertá-lo contra mim só aumentou. Se um beijo saísse disso, seria ainda mais interessante. Como seria? Alguma vez ele já havia beijado? - Eu já falei que não escrevo romances.

Estava viajando em pensamentos sobre aquele tópico que havia acendido em minha mente, que quase não consegui entender o que sinalizou.

-Não escreve por que nunca viveu um?

-Não gosto do gênero -ele desconversou, não me dando a resposta certa.

-Pode aprender a gostar com esse projeto -insisti, porque dificilmente eu dava para trás.- Vamos apenas imaginar juntos, e se não gostar do resultado, nós mudamos, o que acha?

𝐎 𝐒𝐈𝐋𝐄𝐍𝐂𝐈𝐎 𝐃𝐎 𝐀𝐌𝐎𝐑 Onde histórias criam vida. Descubra agora