GAROTO FOFO

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MINHO

Depois de deixar Felix no seu dormitório, fui encontrar Hyunjin na biblioteca em que
ele trabalhava. A essa hora, o local não estava cheio, como ele mesmo disse, e a recepcionista que ficava aqui até as dez da noite estava no tédio, mexendo no celular, quando entrei.

Hyunjin ainda não estava, o que indicava que havia ido para o dormitório quando saiu do seu horário de serviço. Me sentei numa mesa redonda pensando sobre tudo que estava acontecendo .

Uma mão grande balançou na minha frente, e eu pisquei, assustado. Olhei para Hyunjin, sem saber o exato momento em que ele entrou na biblioteca.

-Você chegou - constatei. - Oi.

Ele acenou e se sentou ao meu lado.

-Sinto muito pelo atraso. -Ele sinalizou, e eu olhei no celular, eram apenas sete e dez.- Não estava achando meu caderno de anotações.

Assenti.

Hyunjin retirou da mochila o tal caderno, um estojo cheio e uma garrafa de água. Acabei deixando um sorriso escapar, quando notei os fios desgrenhados do seu cabelo molhado e a camiseta preta simples que usava. Era um pouco contraditório o quanto ele ficava bonito, mesmo com esse estilo de garoto simples que não sabia se vestir.

Respirei fundo, tentando sentir um pouco do seu perfume, porém, infelizmente ele estava longe demais para isso. Estava um pouco curioso quanto àquilo, e ninguém podia me julgar por ser um sem-vergonha.

-Como foi o trabalho hoje? -Iniciei um assunto.

Ele não esperava pela pergunta e acabou ficando um pouco atônito.

-Foi normal -respondeu.- Sobre o trabalho, preciso fazer uma história. Eu tenho um enredo curto e que acho que pode ser criativo, mas ainda não comecei a desenvolvê- lo, por isso pensei em terminar a história, e depois você a desenharia.

Ele ia mesmo direto ao ponto.

-Não iremos trabalhar juntos?

-Vamos, mas separados no sentido...

-Nada de separados - interrompi, o fazendo parar as mãos no ar.- Me conte qual é a história na sua cabeça.

-Pensei em um garotinho que tem superpoderes através da sua voz e com ela faz justiça contra os inimigos que rondam a cidade onde ele mora.

Parecia uma história fofa e cheia de aventuras, que com certeza uma criança amaria ler, entretanto evitei dizer isso a Hyunjin ou ele poderia ficar chateado com o meu julgamento.

-Gosto da ideia do heroísmo, mas talvez poderíamos mudar algumas coisas, o que acha?

Ele pareceu curioso, e aquela reação, juntamente dos seus olhos concentrados em mim, me deixou mais animado para explicar a ideia que se passava na minha cabeça.

-Sua ideia é ótima, mas ainda é um clichê, sabe? Por que não fazemos esse garotinho ser um homem e que com o seu poder da voz quer eliminar seus inimigos? Principalmente, um homem que ele odeia e que acha que é o mandante de todo o caos que está acontecendo na cidade. -Segurei o seu caderno e desenhei rapidamente a silhueta de um herói.- Ele não saberia num primeiro momento, mas ele é um anti-heroi, que só quer livrar a cidade do verdadeiro inimigo, mas de formas erradas.

-E quando ele soubesse? - Pelo menos, ele parecia interessado.

- Já estaria apaixonado por ele.

Hyunjin desviou seus olhos para o caderno.

-Não gosto de romances.

-Por quê? Todo mundo gosta.

𝐎 𝐒𝐈𝐋𝐄𝐍𝐂𝐈𝐎 𝐃𝐎 𝐀𝐌𝐎𝐑 Onde histórias criam vida. Descubra agora