A MAIS

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MINHO

- Vocês dois foram incríveis - Ari disse com suas mãos, mastigando um pedaço do hambúrguer que havia comprado para ela.

Tinha passado no drive thru do Mcdonald's, porque segundo minha própria irmã, era o melhor lanche do mundo. Eu não concordava e sabia que ela nem tinha mais idade para ser comprada por um McLanche feliz, então deveria amar mesmo aquela rede de fast food.

-Me avise se aqueles idiotas continuarem te atormentando, ok?

Ari tomou um pouco do seu refrigerante.

-Eu não me importo com eles, mas sim, eu aviso.

-As brincadeiras deles podem acabar passando dos limites, Ari -sinalizei, preocupado com ela. - Esse bullying pode passar a ser algo mais severo, conforme vocês vão envelhecendo.

-Duvido que agora que eles sabem que eu tenho um irmão bruxo, irão continuar.-Ela parecia mesmo tranquila com aquilo. -Não ache que não me importo, Minho. Existem noites em que até acabo chorando com as minhas Barbies, mas acontece que se eu demonstrar minha fraqueza, só vai fazer com que eles pensem que estão certos.

Eu estava mesmo falando com uma criança de oito anos? Porque estava um pouco chocado com a linha de raciocínio dela.

- No final do dia, quem são frustrados são eles, porque têm que diminuir alguém que julgam ser inferior, para se sentirem superiores.

Olhei para Hyunjin, que estava tão impressionado como eu.

- Você tem uma força impressionante, Ariane -ele a elogiou.

Minha irmãzinha sorriu.

- Existiam idiotas incomodando você na sua época de escola?

Ele assentiu.

-Viu, Minho? O problema não sou eu, são eles.

Os olhos de Hyunjin marejaram, e ele se virou para frente, para não ser pego no flagra por Ari. Quase conseguia ler seus pensamentos. Uma garotinha de oito anos tinha mais confiança do que um adulto de vinte.

Eu nunca o criticaria por ser quem ele era.

Nem todos nascem com a força da minha irmã, e estava tudo bem, não era fácil, mas também não podia deixar que isso o afetasse socialmente, como eu enxergava que acontecia com Hyunjin .

- Já comeu, mocinha? Podemos ir para casa? - perguntei, mudando de assunto.

Minha irmã assentiu, parecendo feliz ao colocar o último pedaço de batata na boca.

Voltei a olhar para Hyunjin, que estava distraído olhando para a rua. Ele não estava mais com os olhos marejados, mas parecia perdido em pensamentos. Preferi não incomoda-lo e segui até a casa do meu pai apenas com a música baixinha que tocava no rádio.

Não demoramos mais do que quinze minutos para chegar. Ariane saiu a saltos de dentro do carro e correu para abraçar meu pai, que estava deitado na espreguiçadeira, curtindo o sol do final da tarde, enquanto lia algum livro.

-Criança, você ainda vai me matar! -Ele riu, a abraçando apertado.

Ari devolveu abraço, se aconchegando no seu colo, para poder usar as mãos para sinalizar:

- Minho assustou os garotos que brincavam comigo! O senhor tinha que ver as caras deles, pai. Quase se mijaram! - Ari ria, à medida que sinalizava.

Meu pai me olhou, sério.

-Você fez alguma coisa com eles? -ele perguntou.

- Não, o que você acha que eu sou?

𝐎 𝐒𝐈𝐋𝐄𝐍𝐂𝐈𝐎 𝐃𝐎 𝐀𝐌𝐎𝐑 Onde histórias criam vida. Descubra agora