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Estela Wilson
Quarta-feira
12:30AM
Jorge’s Grill


    Coloquei a bandeja encima do balcão e me virei verificando se não havia ficado nada para trás.

— Acho que está tudo no seu devido lugar. — Samy disse pendurando seu avental com uma mão e na outra segurava sua mochila. — Vamos? Te deixo na parada do ônibus.

  Concordei pendurando também o meu avental ao lado do dele e segui até o armário onde estava minha bolsa. Fechei o trinco do cadeado e me virei seguindo caminho de volta ao salão. Desliguei todas as luzes e Samy virou a placa para  fechado, trancando a porta em seguida. O molho de chaves em mãos é grande e foi meio difícil acertar a chave de primeira.

— Eu não entendo o Jorge por guardar todas essas chaves. Duvido que ele saiba de onde todas destrancam algo. Impossível acertar de primeira a chave da fechadura.

— Ele diz que todas tem seu lugar. — Conferi mais uma vez atrás da janela se não havia ficado nada para fora. — Acho que ele gosta do trabalho que dá para encontrar a chave certa.

— Não duvido nada. — sorriu. — Justin não vai te encontrar hoje?

  Sua pergunta não foi sem sentido, já que nessa semana Justin estava todos os dias no Grill na hora do almoço. Mas hoje ele não apareceu, enviei uma mensagem perguntando se havia acontecido algo, mas não tive resposta. Neguei com cabeça para Samy que de imediato concordou com a cabeça.

— Então eu fico com você até que seu ônibus chegue. — Se ofereceu.

— Mas seu ônibus passa primeiro do que o meu.

— Eu sei, mas não vou deixar você sozinha. — Ele ajeitou a postura segurando as duas alças da mochila.

— E quem disse que ela está sozinha? — Ouvi Justin dizer atrás de mim.

   Coloquei uma das mãos sobre o peito tentando manter os batimentos do coração no ritmo e me virei. Como ele apareceu sem ser visto por mim e por Samy? Seu braço direito passou por cima dos meus ombros me dando um leve aperto e um beijo no topo da cabeça.

— Justin! — Falei sorrindo. — Você apareceu hoje. — Falei afirmando o que eu estava vendo.

— E aí, cara? — Samy estendeu a mão esquerda para um cumprimento. — Estávamos falando de você.

— Sim, Samy estava me acompanhando até a parada de ônibus, já que você não tinha aparecido.

— Você ia levar a minha garota na parada de ônibus? — Sua voz saiu na ironia. Sua mão deu um aperto firme na mãos de Samy que franziu as sobrancelhas e me olhou. — Calma cara, estou de onda com a sua cara.

   Justin deu dois tapinhas nos ombros de Samy que pareceu respirar aliviado. Sorri para os dois e então percebi que o sinal havia aberto e fechado para os pedestres e que nós não havia se movido um passo se quer.

— Acho que agora você está bem protegida, Estela. — Olhei para Samy. — Preciso ir para não perder o meu ônibus. Te vejo amanhã?

— Claro! No mesmo horário de sempre. — Brinquei. — Até mais, Samy!

— Tchau cara. — Justin disse, e Samy respondeu com um aceno no alto enquanto acelerava os passos no meio da avenida.

 Deixamos o sinal fechar mais uma vez antes de atravessarmos. Justin pegou minha bolsa do ombro e colocou no seu do outro lado. Entrelacei minha mão direita na sua que estava sobre o mim enquanto seguimos caminho até a parada.

Son Of God  - Romance CristãoOnde histórias criam vida. Descubra agora