Estela Wilson
Madrugada de Sábado
Casa
Eu não sabia exatamente que horas era, mas isso não impedia do meu celular está tocando feito um condenado. Com dificuldade de abrir os olhos, e ainda pegar o celular, bufei quando ele voltou a tocar. Estiquei o braço até o móvel ao lado começando a deslizar a mão sobre ele.
O número era desconhecido, só poderia ser trote. Mas a essa hora da madrugada? Olhei as horas no visor e cheguei a me assustar, era 3:24AM. Liguei meu abajur e me sentei na cama, ainda com dificuldade de abrir os olhos hesitei atender.
— Alô? — Minha voz saiu completamente rouca, e na esperança de ninguém dizer nada do outro lado da linha.
— Estela? –— A voz era familiar, mas estava embargada. — Estela?
— Quem é? — Perguntei só pra confirmar minhas suspeitas.
— Que porra. Sou eu, Justin. — Houve alguns segundos de respiração profundas antes de perguntar o porquê dele estar me ligando a essa hora. Mas espera! Na onde ele conseguiu meu número?
— Aconteceu alguma coisa pra você me ligar? — Perguntei direta, fazendo ele do outro lado da linha bufar.
— Se seu Deus é tão bom... Por que Ele permite que eu viva essa vida desgraçada? —Perguntou me pegando de surpresa.
Fiquei muda por alguns segundos, afastei o celular e o encarei. Por que ele estava me perguntando isso?
— Me fala, Estela. — Deu uma pausa com raiva. — Como você tem coragem de dizer que esse Deus nos ama, sendo que eu estou ao ponto de morrer?
— Justin calma. — Pedi. — Onde você está? Por que está me perguntando isso?
— Só me responda uma coisa. Ele se esqueceu de mim? Eu estou pagando pelos os meus pecados? Ou, ele acha que não mereço um momento de paz se quer nessa vida? — Eu só ouvia raiva na sua voz, e imediatamente sentir uma dor no peito. Era triste vê-lo dessa maneira e estar longe para ajudá-lo.
— Não coloque a culpa em Deus. — Pedi. — Isso...Quero dizer, essa vida que você tem não é culpa de Deus, mas sim das suas escolhas.
— Minhas escolhas? — Ele riu tão alto que cheguei afastar o celular do meu ouvido. Eu sabia que era ironia dele. — Não tem nada melhor para falar, não?
— Estou falando a verdade. Suas escolhas gera suas próprias consequências. E as vezes você acaba passando por fases na vida que seja menos suportáveis que as outras. Você me entende?
— Aí por eu ter essas escolhas, seu Deus resolveu me deixar de lado?
— Quem te disse que ele te deixou de lado? — Teve uma pequena pausa pegando minha bíblia. — Em Isaías 49 versículo 14 ao 16 fala assim: Mas Sião diz: O SENHOR me desamparou, o senhor se esqueceu de mim; Acaso, pode uma mulher se esquecer do seu filho que ainda mama, de sorte que não se compadeça do filho do seu ventre ? Mas ainda que ela viesse a se esquecer dele, eu, todavia, não me esquecerei de ti. Eis que nas palmas das minhas mãos te gravei; os teus muros estão continuamente perante mim... Reflita nisso.
— Como você sabe que, o que está na bíblia é verdade? — Perguntou de imediato.
— Como eu sei? Bom, porque tudo que está na bíblia funciona. Simples assim.
— Você já deve ter percebido como é a minha vida. Está meio óbvio de que ele não dá a mínima pra mim e para a minha vida. — Ele pareceu ignorar tudo que eu tinha dito.
— Não pense dessa maneira. Deus não te esqueceu. Ele nunca se esquece de seus filhos...Mas Ele mesmo nos deu o livre arbítrio, e você fez sua escolha. Como eu disse agorinha mesmo.
— Mas eu não quero ter essa vida, porra. — Ouvi algo quebrando. — É difícil de entender?
Eu estava com medo do que ele possa estar fazendo. Ele estava se sentido esquecido, mas ele não deveria se sentir assim, já que ele mesmo disse que não acredita nessas coisas. Era evidente que no fundo havia um espaço em vácuo. Um espaço que um dia foi ocupado pela crença e que hoje, não existe mais. E eu não posso culpa-lo por isso. A sua vida é uma prova viva, e passar por ela e ainda se manter de pé não é para qualquer um.
— Se você quer que isso tudo mude. Você tem que mudar também. — Ele ficou calado. Ele estaria pensando? Ou me achando uma idiota? Infelizmente eu nunca iria saber.
— Justin, você está aí? — Silêncio. — Eu posso te ajudar. Confia em mim.
— Não preciso da sua ajuda. — Ele pareceu a voltar a ser quem é.
— Me ouve bem. — Dei uma pausa. — Se pedires, receberá.
Sabe quem disse isso?
— Não.
— Jesus Cristo. Tá vendo? Você só tem que pedir e crer. Crer na existência dEle. Crer que Ele pode mudar sua vida. Crer que Ele te ama, e muito. Não deixe que esses pensamentos te afundem mais a cada dia que se passa. Ei, Ele te ama...Ele te ama tanto que deu o seu ÚNICO filho, para morrer naquela cruz no seu lugar para que seus pecados fossem perdoados. Ele morreu por aqueles que ainda nem chegaram a nascer. Se isso não for amar, eu não sei o que pode ser. — Falei um pouco rápido.
Esperei que ele dissesse algo, mas segundos depois eu só ouvia o tu tu tu indicando que a ligação foi finalizada.
Soltei o ar um pouco preocupada e coloquei meu celular de volta no móvel ao lado. Seria difícil mostrar o lado bom da vida. O lado em que você vive em Cristo para ele.
— Pai, se for uma missão para que eu ajude o Justin a te encontrar. Por favor me dá entendimento pra isso. — Pedi ainda sentada na cama. — Ele não aceita tudo isso que acontece na vida dele. E creio que a única opção para ele que restou, foi eu. Eu só não sei como irei fazer isso. Ele é tão cabeça quente.
O silêncio era bem nítido no meu quarto. Fiquei alguns minutos esperando para ver se ele me ligaria de novo, mas nada. Meus olhos estavam pesando e acabei não aguentando por muito tempo.
[•••]
— Como assim? Ele te ligou na madrugada?
Marina estava na minha casa desde a hora do almoço. Contei a ela sobre o Justin, e ela para a minha surpresa me disse que o conhecia dos tempo que ela era do mundo. O que não me espantou muito quando confessou ter o encontrado em algumas festas.
— Sim, as três da madrugada. — Bocejava sem parar. — Estava pensando em ir na casa dele mais tarde.
— Fazer o que lá? — Deu uma colherada no seu sorvete.
— Sei lá, tentar conversar com ele.
— Justin é meio...meio não, ele é muito grosso. Pra ele tanto faz você sendo mulher ou homem. Ele te trata do mesmo modo.
— Eu notei isso nas vezes que nos encontramos.
— Se quiser que eu vá com você, eu vou.
— Não precisa... Além do mais se ele te ver aí que não vai falar nada. Homens são um pouco orgulhosos.
— Você tem razão.
— Vou tentar convencer ele a ir no culto amanhã. Só vou sair de lá quando ele me der a certeza que vai.
— Parece que alguém vai passar a noite em claro. — Riu baixo.
— Porque diz isso? Acha que não consigo o convencer de ir amanhã?
— Você pode até conseguir, mas quero te avisar que não será fácil.
— Sempre temos desafios nesse mundo. — Peguei um pouco de sorvete. — E eu creio que Deus vai fazer a maior parte. Eu só vou falar algumas coisas
— Verdade. Agora da pra parar de tomar meu sorvete? Vá pegar o seu.
— Dividir o pão de cada dia. — Brinquei ao lado dela.
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Son Of God - Romance Cristão
Fanfiction"Deus não se esquece dos seus filhos." Após uma vida completamente perturbada, Justin acaba encontrando Estela, a garota que Deus usou para transformar sua vida. Escrita e publicada por: Leidiane Cruz