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Justin Bieber
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Domingo
08:20AM


     O domingo mal tinha começado, e eu nem se quer tive o privilégio de ter uma manhã calma. O barulho dizia por si só que já tinha drogados enfrente a minha casa. Jaxon estava desesperado por comida o que me fez levantar murmurando e ir até seu quarto onde eu o encontrei em pé dentro do seu berço. Enxuguei suas lágrimas e o peguei no colo saindo do seu quarto indo direto para a cozinha torcendo para que tivesse algo que desse para ele comer.
   Ao abrir a geladeira a encontrei vazia. Não fiquei surpreso, ela estava assim já tinha uns quatro dias. Pattie havia comprado aquilo que era de interesse dela. Ou seja, somente algumas cervejas. Coloquei Jaxon na sua cadeirinha e fui até na parte da frente da casa. Dona Bethy estava cuidando do seu pequeno jardim ao lado, como de costume. Olhei para logo a frente e avistei a mulher que se dizia minha mãe. Desci os degraus e caminhei em sua direção ignorando completamente qualquer pessoa que me dirigisse a palavra.

— O dinheiro que eu consegui, você comprou cerveja invés de comprar leite para o Jaxon? — Segurei seu braço com força lhe causando um solavanco. Todos os três homens que estavam com ela me olharam confusos. Um deles até ameaçou a se aproximar, mas eu apenas levantei uma das minhas mãos negando sua atitude.

— Da pra você me soltar seu garoto imbecil? — Ela puxou seu braço com força se soltando de mim. Ela passou as mãos pelos fios de cabelos que estavam a alguns dias sem ser lavados. Ela estava em uma situação deprimente.

— Aquele dinheiro era para comprar leite para o Jaxon. — A lembrei.

   Eu não deveria ter dado o dinheiro sabendo o que poderia acontecer. Mas, acontece que eu havia acreditado nela naquele momento. Eu pensei que ela havia aberto os olhos e visto que o que estava fazendo estava acabando com todos nós, e não somente com ela. Eu acreditei nela, quando ela mesma me disse que havia mudado e que queria mais uma chance. Eu acreditei nessa mulher! Mas, essa foi a última vez, e mesmo que ela venha me implorar para confiar em si mais uma vez isso não irá acontecer.

— Não resisti, comprei algumas cervejas para mim. — Ela me olhou nos olhos, sua pupila estava dilatada. – Seu irmão pode aguentar mais um pouco sem o maldito leite. — Disse por fim, se virando e indo se juntar aos malditos homens que ainda insistiam permanecer no meu jardim.

   Soltei os ombros e respirei fundo. Eu não sabia o que fazer. Me virei pra voltar para dentro de casa e senti os olhos da Dona Bethy em mim. A encarei por alguns segundos, e acabei recebendo um pequeno sorriso nos lábios querendo demostrar um ato de reconforto.

— Você é uma irresponsável. — Foi a única coisa que eu disse antes de continuar para dentro da casa.

  Comecei a mexer em toda aquela cozinha na procura de alguma coisa. Tinha que ter alguma coisa, um resto de leite em pó, ao até mesmo um macarrão instantâneo. Algo que matasse a fome do Jaxon até que pudéssemos nos virar durante o dia.

— Ei garotão, aguenta firme só mais um pouco. — Falei enquanto tirava todas as vasilhas do armário. —Encontrei! — Peguei um macarrão instantâneo e o levantei para o alto. — Você está com sorte hoje.

   Ele me olhava calado apenas observando os meus movimentos enquanto esperava a água esquentar.

  Meu sangue fervia de raiva daquela mulher que se dizia minha mãe. Já são mais de cinco anos vivendo esse inferno e nada melhorou, simplesmente piorou a cada dia. Se pelo menos fosse apenas alguns cigarros de maconha não teria nada para reclamar, até por que eu fumo alguns de vez em quando. Mas ela foi direto para o fundo do poço, de primeira ela se tornou essa mulher destruída. Não deu chances para mim e para o Jaxon que chegou logo em seguida.

   Eu não cheguei a conhecer meu pai. Ela por um lado me dizia que ele não quis saber da minha existência, então passei toda a minha vida com isso na cabeça. Já o pai do Jaxon, foi um cara qualquer que ela se relacionou por um tempo. Ela ficou perdidamente apaixonada por ele. Praticamente fazia tudo que ele queria, até voamos uma vez até o Canadá para visitar vovó e vovô, e lá acabaram discutindo. Logo depois que soube que estava grávida, descobriu que o pai do Jaxon havia sido morto pela polícia. Não vou dizer que não senti pena dela nesse meio tempo, porque o sofrimento dela era visível a qualquer pessoa que a olhasse.

   Vovó e vovô nunca souberam o que de fato eu passei estando longe deles. Na minha cabeça eu não queria dar a eles algum tipo de preocupação e os tirar de Stratford para vim me salvar das escolhas de Pattie. Sempre que eles ligavam era eu quem atendia as ligações, omitindo todas as vezes que perguntavam de Pattie e porque nunca falava com eles. Eu não sei se eles acreditavam nas minhas mentiras. Mas, a vovó e o vovô não mereciam passar por isso. Eu teria que enfrentar tudo isso sozinho.

    Assim que esfriei o macarrão para o Jaxon, comecei a dar devagar algumas colheradas. Não era adequado dar esse tipo de comida tão cedo assim no dia, mas ver ele naquela situação, acabei não tendo outra opção. Me deixava desesperado o ver chorando por estar com fome. Espero algum dia melhorar a vida dele.

— Deita aí, Pattie. — Ouvi uma voz masculina dizer atrás de mim.

— Acho que estou com frio. – Murmurou se deitando. Eu só observava aquela cena, com certeza ela estava tendo um daqueles ataques pós efeito. Se ela era violenta quando estava drogada, ela ficava pior quando os ataques de pânicos apareciam depois de horas se drogando.

— Ei cara, eu vou indo.

   Eu nem se quer o respondi. Voltei minha atenção para o Jaxon e terminei de alimenta-lo.

— PARAAAAA! —Pattie começou a gritar ainda deitada no sofá.

   Jaxon acabou se assustando e começou a chorar. Revirei os olhos e o peguei voltando para o meu quarto. E isso não era nem dez horas da manhã.

— SAI DAQUI JEREMY... EU TE ODEIO. — Eu ainda podia ouvir seus gritos vindo da sala.

— É melhor você se acostumar, Jaxon. Isso vai demorar um pouco pra acabar.

— Mais, mais... — Disse batendo palmas ignorando o que eu havia acabado de falar.

                                   *

— Ei cara, sua mãe está jogada no chão da sala. — Ryan disse já dentro do meu quarto junto com o Chris e Chaz.

     Jaxon estava no quarto dele dormindo fazia horas, só acordou pra comer o resto do seu macarrão.

— O dia começou assim. — Falei dando uma tragada no seu cigarro.

— Tá tensa essa sua vida. Você sabe que se você quiser passar um tempo lá em casa...

— Não posso deixar o Jaxon com essa irresponsável, Chris.

— Coitado dele. — Chaz disse pegando minha bola de basquete a jogando pra cima. — Mas então, viemos te chamar para irmos ao parque a pista de skate está novinha em folha.

  Apaguei o cigarro e os encarei pensando se iria ou não junto com eles para o parque. Passei o dia todo trancado nesse quarto cuidando do Jaxon.

—Vamos lá cara, não vamos demorar muito. —Ryan insistiu. — Caitlin disse que fica com o loirinho até voltarmos.

  Me levantei e só troquei de blusa, colocando uma preta do mesmo modelo. Peguei meu boné e coloquei um tênis também preto. Saímos do meu quarto e passei no quarto do Jaxon e o vi ainda dormindo. Ajeitei sua bolsa com alguns brinquedos e o peguei.

— Acorda! —Dei um solavanco em Pattie a fazendo acordar assustada. — Vou sair com os meninos, Jaxon ficará com a Caitlin. Não vá pegá-lo sem a minha permissão. Vê se pelo o menos cuida do resto da casa e não troque nada por alguma droga.

   Ela se sentou ainda um pouco perdida. Os meninos saíram na frente e eu fui atrás.

— Desculpa te dizer, mas sua mãe está péssima.

— Você fala como se eu não soubesse, Chris. — O respondi sem paciência. Mesmo não sendo culpa de nenhum deles.

   Estávamos a caminho para a casa de Chris. Enviei uma mensagem a Caitlin pedindo que ficasse a espera e que Jaxon já estava a caminho. A empolgação dele foi bastante nítida quando ele mesmo a avistou pela janela do carro. Suas mãos foram parar na sua bolsa e esperou pacientemente pela parada do carro. A porta se abriu e imediatamente ele se despediu de mim indo se encontrar com ela.

— E àquele emprego na loja de ferramentas, não deu certo? — Ryan perguntou.

— O dono não foi muito com a minha cara. Ele deve achar que sou algum ladrãozinho. Mas, disse que não precisava porque a vaga já estava preenchida. Ele só precisava mentir melhor.

— Fiquei sabendo que a loja ... Aquela o Day Storie está contratando. Você deve conseguir algo por lá! Se precisar, a gente te acompanha. — Chaz disse ao meu lado.

   Seria uma oportunidade de finalmente sair daquela casa junto com o Jaxon. Assenti para Chaz já planejando ir amanhã mesmo nessa loja.

   Quando chegamos no parque, o sol já estava quase se pondo. Percebi uma movimentação perto do lago e com os meninos ao meu lado fomos ver do que se tratava. Carregando os skates nas mãos, eu e os meninos concordamos em se aproximar mais. Tinha música, e vozes falando ao mesmo tempo. Era a primeira vez que acontecia algo assim no parque.

— Olha se não é aquela crentinha. – Ouvi Ryan sussurrar perto de mim. Forcei as vistas e a vi abraçada com um garoto que parecia estar chorando.

    Ela não estava sozinha. Tinha mais gente com ela fazendo a mesma coisa. Ficamos observando até o final parados em uma pedra.

— Você vai ficar aí? — Ryan perguntou.

— Podem ir, daqui a pouco encontro vocês na pista. — Avisei sem ter muita atenção neles.

    Quando percebi já estava sozinho e o pessoal foi se esvaindo ao redor do lago. Cruzei os braços e então me senti incomodado. Ela caminhava em minha direção com um sorriso nos lábios, tive que desviar o olhar até que ela chegasse perto o suficiente para saber o que ela estava prestes a falar.

Son Of God  - Romance CristãoOnde histórias criam vida. Descubra agora