Estela Wilson
📍 A caminho para o prédio
Quarta-feira
19:16 PM
— Sim, eu sei. — Disse fechando a porta atrás de mim. — Nos vemos amanhã? — Perguntei ao Jorge já de frente para ele.
— A senhorita esqueceu que amanhã irei viajar?
— Aí meu Deus, me esqueci completamente. — Ri ao me lembrar. — Então terei o resto da semana de folga?
— Não vai gritar, vai? — Perguntou enquanto caminhava em direção ao seu carro. — Quer alguma coisa de Montreal?
— Um globo de neve?
— Como preferir. — A porta do carro já se encontrava aberta. — É melhor você acelerar os passos, seu ônibus deve passar logo logo.
— Então vou indo...ei, vá com Deus! — Disse antes de dar as costas para ele.
— O mesmo a você, Estela! — Buzinou. O carro dele passou por mim enquanto eu acenava com apenas uma mão para ele.
Quatro dias de folga. Quatro dias tendo apenas a faculdade. Os quatros dias mais aguardados por mim, e eu consegui me esquecer deles. Atravessei as duas pistas e corri em direção ao ponto de ônibus. Tinha poucas pessoas esperando pela para irem embora. Quase sempre são as mesmas, no mesmo horário nos mesmos dias.
Cerca de dez minutos depois o ônibus parou e eu entrei indo me sentar em um dos bancos do fundo. O frio ainda permanecia ali dentro, não era inverno, e nem poderia ser no meio do ano. Mas, nesses últimos dias parece que as coisas inverteram por aqui.
Carl estaria me esperando enfrente ao prédio para começarmos um projeto com o Justin. Eu mal pude conter a minha felicidade quando o mesmo assentiu com a cabeça quando o pedi só mais uma chance. Eu preciso daquilo. Eu precisava da chance que ele me daria só para poder continuar com os planos de Deus. Por um lado, tenho certeza que será uma das maiores aventuras que já tive na minha vida. E espero que ele sinta o mesmo.
A música que tocava heart like heaven no meu fone estava pela segunda vez no replay. O ônibus parou, e aos poucos algumas pessoas entraram, e como havia um lugar vazio ao meu lado simplesmente me ajeitei com a bolsa no colo e esperei que alguém sentasse ao meu lado. E foi isso o que aconteceu. Alguém se sentou ao meu lado, mas não era uma simples pessoa. Era ele, e acredite eu e o Carl o encontraria na sua casa.
— Está ouvindo o que? — Perguntou com um sorriso no rosto.
— Heart like heaven. — Respondi colocando pausa. — O que faz aqui?
— Estava com os garotos em um clube de jogos. — Tirou a touca bagunçando todo seu cabelo. — E você?
— Como assim? Esqueceu que hoje temos um encontro?
— Não sabia que estava afim de mim, e simplesmente marcou um encontro para nós dois ficarmos a sós.
— Não é esse tipo de encontro. — Sorri de canto. — Não se lembra que tínhamos marcado com o Carl?
— Claro que me lembro, por isso peguei o ônibus. Os garotos não fazem ideia para onde eu estou indo.
— Não comentou com eles? — Ele negou. — Porque?
— Eles não entenderiam.
— Uma hora você terá que contar.
— E você acha que eu não sei?
Ok, eu entendo esse lado dele de sentir medo do que as outras pessoas irão achar dessa atitude e mudança que ele escolheu fazer. Não posso simplesmente o forçar a contar algo que está apenas começando. Meu celular vibrou freneticamente sobre a minha bolsa, chamando não só a minha atenção mas a do Justin também.
Era algumas mensagens da minha mãe. Estranhei já que ela não é disso. Ela apenas liga quando quer algumas coisa.
“Você precisa
urgentemente ligar para o Justin.”
“Consegui uma coisa que ele muito
quer.”
“Amanhã de manhã iremos buscar o
Jaxon. O juiz liberou a guardar
para ele assim que contei o que
aconteceu pela milésima vez.”
“A guarda será do Justin por tempo
indeterminado, até vermos como
andará a continuidade do processo da
Pattie.”
Eu não sabia a onde guardar tanta felicidade quando travei o celular e o encarei com um sorriso tão grande que seria possível ver todos os meus dentes. A sobrancelha dele franzida e me olhando com uma cara de quem quer que eu fale logo o que aconteceu, me fez rir, sorrir mais.
— Mais que porra aconteceu com você, garota?
Ele não vai acreditar. Eu tenho certeza disso.
— Estela! Da pra parar de sorrir igual uma doida e me falar o que aconteceu pra você está assim?
— Você não vai acreditar. — Me virei pra ele. — Aí meu Deus!
— Vou fingir que nem te conheço, porque todo mundo está nos olhando. Vai, chega pra lá. — Ele tentou me afastar dele.
— Você vai considerar hoje, um dos melhores dias da sua vida. — Falei.
— Por você estar rindo feito uma doida? Uhum!
— Minha mãe acabou de me avisar que ela... — Calei a boca assim que percebi que havíamos passado do nosso ponto. — Aí meu Deus, era pra termos descido no outro.
Me levantei e com o Justin me acompanhando, descemos no próximo. A igreja ficava a duas quadras dali, mas a mão do Justin me segurando me impedindo de continuar.
— O que você iria falando sobre sua mãe? — Ele me olhou esperançoso, e eu apenas sorri.
— O que você tanto queria, aconteceu. — Segurei seu rosto com as duas mãos.
— Não?! — Ele me olhou nos olhos, que imediatamente começaram a brilhar. — Sério, porra?
— Jura que tem que falar esse palavreado? — Revirei os olhos.
— Que se dane. — Ele balançou a cabeça. — Quando vou poder pegar o Jaxon?
— Amanhã!
— Isso...eu não acredito nisso, Estela! — Suas mãos me puxaram para ele que me abraçou muito forte. — Obrigado. — Sussurrou no meu ouvindo. — Eu...
Me afastei um pouco dele, mas seus braços continuaram em torno de mim. Seus olhos estavam nos meus, e aos poucos pude perceber que minha boca estava sendo o centro da sua atenção. E que ele estava se aproximando de mim com lentidão. O que ele pensa que vai fazer?
— Justin, o que você está fazendo? — Perguntei quando puder sentir sua respiração no meu rosto.
— Err... — Ele me largou e coçou a nuca um pouco desajeitado. — Me desculpe.
— Está tudo bem! Agora deixe que eu te dê um abraço, por que você merece. — E foi minha vez de abraça-lo. Mas ao contrário dele, eu fui carinhosa e só durou apenas alguns segundos.
— Valeu a pena ter esperado? — Perguntei enquanto começamos a caminhar em direção ao prédio.
— Acho que sim. — Sorriu me olhando rápido.
Quando passamos pela porta, Justin já foi se encontrando com o pastor. Carl imediatamente percebeu algo de diferente e já veio me perguntar o que tinha acontecido.
— Isso é incrível! — Carl disse assim que nós nos sentamos. — A certeza que temos que as coisas irão acontecer é maravilhosa.
— Sinceramente? Não sei como que ainda não deu uma câimbra no rosto da Estela, até agora ela está com esse sorriso no rosto, e isso já está me assustando.
Justin disse ao meu lado. Eu estava de fato muito feliz, creio que esse afastamento dele com seu irmão venha ter sido alguns dos pontos que o fez desistir. Mas, agora estamos aqui, e aos poucos tudo vai se resolvendo.
— Justin, agora esquecendo só um pouquinho do que aconteceu do prédio pra fora. Quero te dizer que até poderá ser um processo complicado que é deixar o mundo. Mas, quero que conte comigo e com a Estela. Sempre, não importa a hora ou a ocasião, sempre vamos estar dispostos a te ajudar. — Ele ficou até um pouco sério agora.
— Vou ser mais grudenta do que já sou. — Dei um leve aperto em sua mão. E então percebi que nós estávamos tão perto um do outro.
— Acho que vou desistir logo, ninguém merece ter a Estela no pé vinte quatro horas. — Falou fazendo o Carl rir.
— Antes que me tornasse pastor, a minha mulher era assim comigo. Era todos os dias atrás de mim, com o intuito de me ajudar a voltar a ser como era antes. E hoje sou grato pela paciência que ela teve comigo. Não só ela, Deus também.
O tablet que estava nas mãos do Carl foi ligado e por alguns segundos ele pareceu ler algo. Deixando eu e o Justin no silêncio.
— Primeiramente, Justin, queria te dizer que essa é a melhor escolha que você já fez em toda sua vida. E que seus dias serão mudados e que você verá o mundo totalmente diferente...quando falamos sobre o amor de Deus por nós, seus filhos, falamos sobre o grande e único sacrifício que já foi feito aqui na terra. A morte de Jesus Cristo na cruz do calvário. Teve em voz o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, mas também ele sub-existiu em forma de Deus que não julgou como sua aparição ser igual a Deus, antes a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se semelhança de homens e reconhecido em figura humana. E então se humilhou, tornou se obediente até a morte de cruz. Mas Deus o exaltou sobre maneira e deu o nome que está acima de todo nome, para que o nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra e que toda língua confesse que Jesus Cristo é o senhor. — Carl disse e até eu fiquei surpresa. Justin não atreveu falar nada apenas me olhar rápido esperando que o Carl dissesse algo a mais. — Muitos ainda duvidam disso, desse amor imenso que Deus tem por nós. Nossos corações foi acostumando com o pecado, que sentir o amor de Deus as vezes se torna algo impossível ou ate um pouco difícil quando não se tem intimidade com Deus. Mas, saiba que isso pode mudar.
— Quando nossas vidas são mudadas, é como se fôssemos semelhante ao um vaso de barro onde é preciso quebra-lo para que Deus venha molda-lo da sua maneira. — Falei. — E, quando mudamos e decidimos morrer para o mundo que significa nos batizarmos, nosso caráter tem que ser mudado também, para que o caráter de Cristo venha se tornar o nosso. Que nada do mundo permaneça em nós.
— Quando Deus criou o mundo, e em seguida criou o homem conforme a sua imagem e semelhança, tudo que tinha ali fora dado ao homem. Mas, quando o diabo agiu e o pecado surgiu, o mundo não era mais do homem, agora se tornava algo do diabo, do pecado. Mas isso acabou quando Jesus veio ao mundo em forma de homem, e com o seu sangue comprou o mundo de volta para Deus. Você me entende?
— Acho que sim. — Justin respondeu um pouco retraído.
— O que Carl quer dizer Justin, é que somos de Deus duas vezes. A primeira quando Deus o criou mas “perdeu” para o pecado, e depois o teve de volta quando Jesus disse que estava consumado na cruz, dando a sua vida por todos nós.
— O amor verdadeiro foi demonstrado naquela cruz. Basta você acreditar e aceitar que pode sim mudar suas ações. Deus está com uma mão estendida em sua direção, agora vai de você aceitar segura-la e seguir junto com ele, ou negar e deixar tudo como está.
— O que você faria?
— Pegaria ou daria as costas?
Junto com o Carl fiquei em silêncio, enquanto parecia que na cabeça do Justin estava pensando em mil coisas ao mesmo tempo. Sua expressão era bem confusa, ele não sabia o que responder, mas era evidente que ele se sentia pressionado.
— Até o final, você me fala o que faria, ok? — E ele apenas assentiu me olhando.Oi pessoinhas de Deus, como vão ? Tô bem também!
Voltarei em breve🔄
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Son Of God - Romance Cristão
Fanfiction"Deus não se esquece dos seus filhos." Após uma vida completamente perturbada, Justin acaba encontrando Estela, a garota que Deus usou para transformar sua vida. Escrita e publicada por: Leidiane Cruz