Justin Bieber
Terça-feira
4:38PM
Penitenciária Park Row, New York, NY 10007, Estados Unidos— Só mantenha a calma, Justin. — Susane disse ao meu lado enquanto aguardávamos o diretor da penitenciária em sua sala. — Estela me disse que você não queria vim, então...
— Tinha mais coisas para fazer, do que vir aqui fazer uma visita a Pattie.
— Sua mãe pode ter errado. Mas, acredite em mim, ficar aqui dentro é sem sombra de dúvidas, horrível. Vai ser bom pra ela te encontrar aqui.
— Acho que você não percebeu que eu não estou nem um pouco empolgado com isso. — Olhei pra ela.
— Por que você age assim? — Susane se virou pra mim. — Você a culpa por tudo isso?
— Não pense que ela não é a razão de tudo isso estar acontecendo comigo e com o Jaxon. Nossas vidas viraram um inferno depois que...que ela começou a mexer com drogas. Então tenho motivos de sobra para querer que ela continue aqui dentro.
— E isso tem quanto tempo?
— Não sei bem, desde dos meus doze anos.
— E seu pai? Não quis ajudar vocês?
— Pai? — Ri irônico. — Eu não tenho pai, e se eu tivesse tenho certeza que eu não estaria aqui agora sentando com você nessa sala.
— Você nenhuma vez pensou em ajudar sua mãe. Por exemplo, conseguir alguma vaga em uma casa de reabilitação?
— No começo sim, mas agora não ligo muito pra ela. A vida é dela mesmo, ela sabe o que faz. Além disso, ela me parece bem determinada com sua escolha. Seria muito esforço em vão. Ela teve oportunidades de abandonar tudo isso e voltar a ser quem era.
— Já parou pra pensar na possibilidade dela não conseguir pedir ajuda, por medo do que você vá achar? — Desviei o olhar que tinha nela e encarei o nada.
Medo? Aquela mulher não tem medo algum. E aquilo estava parecendo uma consulta com o psicólogo e não uma espera.
— Não.
— O seu jeito bruto, talvez venha está impedindo dela se aproximar de você. O único refúgio dela é as drogas. Por isso ela é assim. — Não fazia sentindo nada o que ela estava dizendo.
— Eu tive que aprender a ser assim. Então mais uma vez coloco a culpa sobre ela, e cadê esse diretor que não chega logo? — Mudei de assunto.
Não era por ela ser a mãe da Estela que eu teria que falar desse assunto. Nem eu mesmo chego a pensar nisso, quem dirá conversar sobre. Quando Estela apareceu lá em casa na noite de segunda-feira comentando sobre vim com sua mãe até a penitenciária, não achei que seria tão estranho assim. As duas eram bem parecidas, na aparência quanto na maneira de ver as coisas. E aquilo me incomodava, já não bastava ter que aguentar a Estela falando no meu ouvido o tempo todo que Deus é bom que eu teria que aguentar sermão da sua mãe em como devo me sentir em relação a tudo isso com a Pattie.
Posso já ter pensado em todas as possibilidades de ver a Pattie aqui, mas não imaginei que realmente iria acontecer. Eu não sabia quais seriam as consequências disso tudo. A chance de tirarem o Jaxon de mim, nunca tinha passado pela a minha cabeça. Eu estava com medo.
Susane percebendo o meu desconforto com esse assunto desnecessário, concordou comigo sobre a demora do diretor do lugar. Mas confesso, que mesmo as vezes ter ficado uns dois dias sem ver a Pattie, nada se compara ao meu nervosismo de vê-la novamente depois daquele dia na delegacia.
— Desculpe pela demora. Houve uma briga entre duas detentas, por conta de um pudim. — Revirou os olhos. — Sou o Jackson, o diretor da penitenciária.
— Sou a Susana, advogada da detenta Patrícia Mallette. — Cumprimentaram com um aperto de mãos. Aliás, bem firme.
— E você garoto?
— Sou Justin, filho da detenta. — Houve também um aperto de mãos.
— Por favor, sentem- se novamente.
— Obrigada. — A pasta da Susane foi aberta, a mesma tirou alguns documentos e colocou sobre a mesa. — O caso da detenta Patrícia está em processo aberto por venda e local de drogas...
Enquanto Susane dizia tudo que tinha que dizer. Pude perceber que o próprio Jackson não me parecia muito contente pelo o fato de ser a primeira prisão da minha mãe, e que a probabilidade dela sair e aguardar em liberdade era grandes. Deu a entender que ele não gostava disso. Ele queria manter essas mulheres dentro desse cubo de concreto a todo custo.
Poderia dizer que não nos batemos bem um com o outro. Sua cabeça sem cabelo, e sua barba mal feita não o deixava apresentável a ninguém.
— Poderia ter alguns minutos com a detenta? — Susane pediu com sua pasta fechada.
— Andrew acompanhe a detenta Patrícia até a sala de visitas. — Pediu ao policial que estava em pé feito uma estátua. — Por favor, me acompanhem. Preciso que você consiga alguns documentos...
— Eu sei quais são Diretor Jackson. Pode aguardar que receberá todos que faltam para a solicitação de mais um pedido de avaliação. — Susane disse firme e eu me mantive ao seu lado.
Continuamos o seguindo até a sala que era enorme com várias mesas e cadeiras, grades de ferros em todas as janelas que foram abertas próxima ao teto. Havia algumas pessoas reencontrando seus familiares, seja lá o que fossem. Com as minhas mãos no bolso da minha calça, fiquei ao lado de Susane.
— Darei uma hora para vocês conversarem. — Disse. — Aguardarei a ordem do juiz, senhorita Wilson.
— Essa semana ainda entrarei em contato. Obrigada! — Susane disse seria após receber um olhar malicioso do diretor.
Não me atrevi dizer alguma coisa, apenas me sentei e com as duas mãos sobre a mesa comecei a batucar os dedos. Talvez um pouco nervoso. Eu não sei bem o que é.
— Justin? — A voz da Pattie soou bem atrás de mim. Fiquei receoso em me virar, mas virei e a encontrei com a sua pele mais branca do que o normal. Seus cabelos estavam em um coque e estava vestida...vestida com um conjunto de calça alaranjada, e uma camisa branca.
O típico uniforme de detentas.
— Patrícia? — Ela assentiu. – Me chamo Susane, sou a sua advogada. — Elas deram um aperto de mãos antes de se sentarem. Susane ao meu lado, e Pattie a nossa frente.
— Advogada? — Ela me olhou. — Onde conseguiu dinheiro para...
— Não se preocupe com isso. — Susane disse. — Minha filha e Justin, são amigos. Não irei cobrar nada.
Pattie me olhou confusa. Até porque ela sabia muito bem que não tenho amigas, e sim, amigos. Ela não sabia sobre a Estela.
— Bom, o seu caso não chega a ser muito complicado. — Eu estava com meus olhos na feição da Pattie. Fazia um tempo que eu não a via assim. Limpa, e ao mesmo tempo sã e consciente das coisas.
— O fato de você ter sido pega com drogas em casa poderia ser bem mais pior se caso você já tivesse sido condenada alguma vez. A lei é rigorosa, e ao mesmo tempo pode ser justa ou injusta.
— Me falaram sobre isso na delegacia.
— Irei falar com o juiz responsável pelo seu caso e pedirei um habeas corpus, para que você possa ser julgada em liberdade. Não posso dizer que ele aceitará de primeira, mas saiba que irei tentar de todas as formas.
— Irá demorar muito? —Pattie perguntou olhando para os dois lados.
— Vai depender do juiz. Mas por que a pergunta?
— Não é nada, mas é porque esse lugar me assusta. Muito obrigada, Susane por ter aceito o meu caso.
— Não precisa agradecer. — Susane sorriu. — Vou deixar vocês dois a sós. Justin, irei te esperar no carro.
— Mais uma vez, obrigada.
Quando Susane saiu nos deixando sozinhos naquela mesa. O que eu mais queria era sair dali e não ter que encara-la. Nós não tínhamos isso a muito tempo, não tínhamos uma conversa a muito tempo. Eu nem se quer conseguia encara-la sem lembrar das merdas que ela já fez durante esses anos.
Confesso; eu sinto mágoa dela, por tudo que ela já fez comigo e com o Jaxon.
— Pelo amor de Deus, me fala como está o Jaxon. Depois que você saiu daquela delegacia, eu não consegui dormir uma noite toda, sem acordar preocupada.
— Está bem, mas não graças a você.
— E onde ele estava? Ele estava machucado? Ele. — Eu a interrompi.
— Estela o encontrou algumas quadras de casa. — Falei. — Com três moradores de rua. Parece que eles sabem cuidar de um bebê, melhor do que você.
— Como está as coisas em casa? — Ela ignorou o que tinha dito.
— Indo.
— Justin. — Eu a encarei por alguns segundos. — Isso tudo...Isso tudo que esta acontecendo é tudo culpa minha, eu sei disso. Mas, você não deve e nem tem o direito de me ajudar. Eu sei que você não gosta de mim, não do mesmo jeito de antes.
— Acredite, só estou fazendo isso pelo o Jaxon. — Sua testa ficou franzida. — Eles podem tirar o Jaxon de mim, caso você seja condenada.
— COMO ASSIM? — Sua voz saiu alterada, fazendo uma guarda se aproximar já com o porrete em mãos. — Você pode cuidar dele, eu sei disso.
— A justiça não vê assim. Por isso que eu aceitei a ajuda da Susane. Não posso deixar que eles levem o Jaxon para longe de mim.
— E onde ele está agora? — Perguntou com seus olhos marejados.
— Com a Caitlin...
— Posso te pedir uma coisa? — Assenti já de pé. — Se caso eu ainda fique aqui até semana que vem, traga o Jaxon para que eu possa vê-lo?
— Tentarei vim. — Me virei prestes a sair dali. — Sabe, uma vez a Estela me disse algo... — Dei uma pausa, mas mesmo de costas para ela, eu sabia que aguardava para que eu continuasse. – Que mesmo em tempestades, esse Deus que não sei se acredito ou não, não nos abandona.
Não esperei para ver o que ela iria falar. Aquele lugar começou a me sufocar. Eu precisava sair dali o quanto antes. Passei pela guarda e entreguei o crachá que me dera na entrada. A medida que fui avistando o céu e sentindo a brisa do vendo, meu coração começou a se acalmar e o nó que havia se formado na garganta estava indo embora. Eu admito que foi difícil, mas talvez devêssemos passar por situações pra saber qual é o nosso limite. E, eu acho que esse foi o meu limite de hoje. Simplesmente, não aguento mais.Oi pessoinhas de Deus. Como estão?
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Son Of God - Romance Cristão
Fanfic"Deus não se esquece dos seus filhos." Após uma vida completamente perturbada, Justin acaba encontrando Estela, a garota que Deus usou para transformar sua vida. Escrita e publicada por: Leidiane Cruz