Estela Wilson
Sábado
23:31 PM
Em casa
— Preciso que aplique 5/ml de adrenalina, o mais rápido possível. Ele precisa de oxigênio. O coração dele pode parar. Vamos! Rápido! Desfibrilador, por favor. – Meus olhos nem se quer se mexiam. – Duzentos! Afastem-se. – Não teve reação alguma. – Trezentos! Afastem-se. – E mais uma vez nada. – Quatrocentos! Afastem-se.
— Doutora, o coração voltou. Pulsação está 74/47, ele vai sobreviver.
— Não vai ser no meu primeiro plantão que alguém irá morrer. — Meredith Grey, disse antes do episódio acabar.
Coloquei no episódio seis da primeira temporada. Seria uma das maiores maratonas que já fiz em toda minha vida de séries. Pipoca estava quase no final, duas latinhas de Coca-Cola ainda estavam intactas.
Hoje eu não havia falado com o Justin. Não porque eu não quis, mas, por que eu não consegui. Ele não atendeu nenhuma das minhas ligações, tinha a ideia de o levar para uma reunião hoje na parte da tarde, mas infelizmente não consegui chamar.
Se ele estava me ignorando? Isso sem sombra de dúvidas. Ele tinha um compromisso hoje, ir naquela boate com seus amigos. E eu sabia exatamente o motivo de me ignorar. Mas, ele deveria saber que eu não iria o forçar a nada. Ele tem sua liberdade de escolha, se ele se sente feliz em um lugar onde ele sabe que não o faz bem, isso não me interessa. Mas mesmo eu tendo que manter a calma, tenho que deixar que ele veja com os próprios olhos o que faz, e escolhe. O que eu realmente queria fazer, era poder enfiar tudo que sei dentro daquela cabeça. E eu sei, que mesmo eu estando sozinha ao seu lado, irá ter três no seu outro lado o dizendo o contrário.
O barulho do celular vibrando encima do criado mudo, começou a me tirar atenção da tela do notebook. Olhei na barra de notificação e vi que era meia-noite. Estava bem tarde para alguém está me ligando. Na tela estava um número desconhecido, franzi a testa e devagar aproximei o celular do ouvido.
— Alô? — Perguntei.
— Alô, eu falo com Estela? — A voz era de uma mulher.
— Sim, com quem eu falo?
— Estou falando do hospital de Emergência Central de Nova Iorque. Conhece Justin Drew Bieber?
— Justin? — Eu já me encontrava de pé. — O que aconteceu com ele? Ele está bem?
— Por favor, tem como comparecer aqui o mais rápido possível?
— Sim, eu já estou indo. — Desliguei a ligação e corri em direção ao quarto da minha mãe.
Por sorte a porta do seu quarto estava entreaberta, o que me facilitou bastante ao entrar em prantos procurando o interruptor. A luz clareou seu quarto, e antes mesmo de chama-la, ela estava me olhando com uma expressão confusa.
— Preciso do carro da senhora. — Pedi já afirmando.
— Onde a senhorita pensa que vai a essa hora, ainda mais com o meu carro? Aconteceu alguma coisa?
— Me ligaram do hospital. — Ela se sentou na cama. — Justin, aconteceu alguma coisa com ele.
— Em qual hospital ele está? Eu vou junto com você...
Não pensei em dizer para ela ficar, até porque seria em vão essa prática de ir sozinha.
— No hospital de Emergência Central.
— Troque de roupa, e me espere no carro. Eu já estou indo. — Disse enquanto pegava suas roupas.
Com passos rápidos e sem muito o que vestir em meio ao desespero. Peguei uma calça jeans junto com um moletom. Simplesmente amarrei o meu cabelo enquanto descia a escada.
Quando passei pela sala, a porta que dava direito para a garagem já estava aberta. Entrei no carro e esperei pela minha mãe. Os segundos que se passavam, pareciam minutos. Acredite, toda essa demora estava me corroendo por dentro.
— A mulher que te ligou, não disse nada sobre o que aconteceu com ele? — Perguntou enquanto tirava o carro da garagem.
— Não, e eu preocupada nem pensei em perguntar novamente. — Falei batucando as duas mãos sobre as pernas. — Tem como andar um pouco mais rápido?
— Você precisa ficar calma. — Pediu.
— Mas eu estou calma...bom, só um pouco nervosa. — Ri sem jeito. — Sabe o que me deixa intrigada?
— O que?
— Com certeza isso tudo tem a ver com a saída dele para a tal boate. Eu pensei de verdade que ele iria negar, ou pelo menos adiar esse convite. Eu falei pra ele sobre esses prazeres, mas...os amigos dele conseguiram o convencer.
— Sabe qual é o nosso erro? Não sabemos esperar.
— Como assim?
— Você! Você quer por que quer, que o Justin mude de vida, mude de pensamento, mude o jeito de agir e o modo de fazer as coisas em um estralar de dedos. Mas não tá sabendo esperar no tempo de Deus. Esqueceu do que aprendeu na igreja? O tempo de Deus, não é como o nosso tempo, Estela.
— Eu sei disso mãe. Mas, ele complica as vezes. Na minha frente ele é de um jeito. Se interessa as vezes pelas coisas da igreja, tenta abrir só um pouquinho do coração dele. Mas, quando seus amigos aparecem, ele parece esquecer tudo que eu disse. Todos os conceitos. É como se tudo que eu venho ensinando a ele, Puft sumisse em segundos.
— Tenha paciência com ele.
O carro foi se aproximando do hospital, e antes mesmo que minha mãe estacionasse direito na vaga, eu já me encontrava do lado de fora caminhando em direção a recepção.
— Moça com licença, eu procuro pelo... — A mulher que estava atrás do balcão se virou me dando as costas com o telefone no ouvido. —Moça, por favor preciso saber onde estar o paciente Justin Drew Bieber.
— Então? — Minha mãe apareceu ao meu lado.
— Ela nem se quer olhou na minha direção. — Meus olhos estavam nos quatro cantos daquela sala de espera. — Moça, tem com você me informar onde está o paciente Justin Drew Bieber? — Minha voz saiu mais alta do que eu imaginava, fazendo a mesma me olhar com as sobrancelhas arqueadas.
— No quarto 22 no corredor a direita. — Respondeu ainda com o telefone em mãos.
Dei os ombros para ela e sai na frente procurando o tal quarto 22. Eu nem sabia a situação dele. O que tinha acontecido com ele. Eu estava preocupada.
— Eu não preciso disso. — Ouvi sua voz. E ele parecia bem pelo seu tom.
— Justin? — Perguntei assim que o enfermeiro saiu da sua frente com uma bolsa de soro vazia.
Ele estava com aquelas roupas de hospital enquanto estava sentado na maca. Tinha um lençol da cintura para baixo, e seu cabelo? Um pouco bagunçado do que o normal.
— Até que enfim você chegou. — Ele ameaçou descer da cama, mas foi impedido pelo enfermeiro. Seu braço ainda estava com o acesso venoso.
Mas além disso, ele me parecia muito bem. Só tinha algumas escoriações no rosto. Na minha cabeça ele estaria, desacordado, ou algo mais sério. Jura que ele está sentado bem na minha frente, discutindo com um enfermeiro?
— Espere só mais duas horas, que o doutor ira passar aqui para avaliar. — Disse o enfermeiro com o descarte que usou minutos atrás.
— O que houve com você? — Minha mãe perguntou.
— É Justin, o que houve com você? A mulher da recepção me ligou e parecia algo tão sério. Eu simplesmente voei pra cá em segundos.
— Não foi nada de mais. — Falou.
Minha mãe olhou para o enfermeiro que ainda estava no quarto, só que agora cuidando de outro paciente.
— Com licença, o que houve com ele? mais precisamente falando.
— Paciente, Justin Drew Bieber, entrou no hospital em estado de começo de parada cardíaca, após um pequeno estágio de overdose alcoólica. — Ele lia na prancheta, enquanto meus olhos estavam em Justin, que o olhava seria. — Pressão está 12/10, batimentos cardíacos estão normalizados, glicose está normal. Ele só precisa deixar o organismo se tratar com o soro, e depois poderá voltar para a casa. — Disse por fim.
— Overdose alcoólica? — Perguntei com os braços cruzados.
— Esperava o que? Eu estava em uma boate.
Minha mãe preferiu não dizer nada quando a vi negando com a cabeça e saindo do quarto com passos rápidos.
— Eu esperava que você pelo menos desistisse da ideia de ir. Que sei lá, se tocasse do que tá acontecendo. Teria preventivo isso aqui. — Apontei para a maca que ele estava.
— Não pedi que ligassem para você, pra receber sermões. — Disse irônico.
— Mas eu acho que é a única coisa que eu estou podendo dar no momento. Você entrou em estado de overdose alcoólica. Você tem noção disso?
— Foi coisa boba, por favor.
— Você é tão difícil. — Comecei a caminhar de um lado para o outro. — Eu, eu te ajudei nos seus piores momentos até agora. Eu estava com você, e seus amigos não. Até onde eu sei, eles não moveram um dedo se quer para te ajudar nesses momentos. E quando surge uma oportunidade de te levarem para esses lugares, eles simplesmente brotam no lugar onde você está, e o convence de fazer o contrário do que eu havia dito.
— Não fui porque eles me convenceram, Estela. Eu fui, por que eu quis. Eu sentia falta daquele lugar.
— E você não vê que é isso que o inimigo quer? Justin, por favor entenda que, agora que você está conhecendo a Jesus as coisas irão ficar mais tentadoras, por que o inimigo não quer que você abra seus olhos. Não quer que você saiba a verdade, ele não quer Jesus próximo de você. E você achou que ele iria ficar quieto quando você tomou a decisão de ir para a igreja sem que eu te chamasse? Você deu um passo, mas ele estava com dois passos a frente pronto para de tentar. — Disse um pouco rápido, eu não estava me importando com o outro paciente.
— Você já parou pra pensar que, você quer tudo do seu jeito, e no seu tempo? — Ele disse sério. — Você quer que eu faça tudo que você me diz pra fazer. Sem ao menos me dar um tempo. Eu nem sei se é isso que eu quero. Eu nem sei se quero ter essa vida que você tem. Posso até parar no hospital depois de uma festa, mas pelo menos eu me diverti na noite. Ao contrário de você, que no momento só quer saber de cuidar da minha vida. — Acredite, isso me doeu. — Se eu não falei isso nesse tempo todo, foi por que eu não tinha encontrado um momento. Mas, porra Estela. Olha pra mim e vê se tenho cara de quem quer se batizar e ter um namoro cristão que você me disse?! Eu quero curtir os momentos bons que irão surgir em tais ocasiões. Não quero ter que sempre está me perguntando se é certo ou não, em fazer tais coisas. Você sabe do jeito que eu sou. Nunca, na minha vida eu fiquei tanto tempo assim, Estela, próximo a uma garota sem ter a levado para a cama. Porra! Você é bonita, confesso, não estou nem ai. Mas eu não sei se com o tempo eu iria saber me controlar se caso eu ficasse mais tempo do seu lado.
— Então o problema sou eu. Em todos os sentidos? — Perguntei incrédula. — Você não iria controlar seus desejos sexuais?
— Já se olhou no espelho, e já viu o tamanho do seu traseiro? — Ele disse o mais normal possível. Mas aquilo não era normal. O rumo que essa conversa estava indo, não era normal. Não era sobre isso que eu estava discutindo com ele.
— Desde do começo, ficou bem claro que eu queria te ajudar.
— Mas desde do começo tentei deixar claro também de que não é a vida que eu quero. — Retrucou.
— Você tá desistindo? Sem ao menos tentar mais um pouco?
— Sim. — Disse firme.
— Vai dar mesmo a chance dele vencer, essa guerra que mal começou? — Fiz mais uma pergunta antes de dar um passo para trás pronta para abrir e ir embora.
— Minha vida não pertence a ninguém.
— Por um lado minha mãe estava certa. Tudo é no tempo de Deus. — Disse desistindo de tudo.
Não pensei que ele iria me chamar e dizer que era tudo uma das suas brincadeiras. Seus olhos em mim disse tudo. Só espero que ele de algum modo venha ver o que ele fez foi um erro. Tentei fazer a minha parte. Sei que Jesus esteve comigo, mas não depende só de mim querer que ele mude. Depende dele também querer essa mudança. Eu me sentia cansada. Me sentia uma inútil por alguns segundos enquanto saía do quarto. Mas, fiquei agradecida por ele ter dito isso de uma maneira firme. Ele conseguiu tomar sua própria decisão sozinho.
Oi pessoinhas de Deus 💜
Tudo bem ?
Eu voltei depois de uns longos dias.... Sorry!
Não tenho muito o que dizer aqui, só que o Justin fez sua escolha, e não depende só da Estela para essa guerra ser vencida.Xoxo!
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Son Of God - Romance Cristão
Fanfiction"Deus não se esquece dos seus filhos." Após uma vida completamente perturbada, Justin acaba encontrando Estela, a garota que Deus usou para transformar sua vida. Escrita e publicada por: Leidiane Cruz