FRUTO CRUEL

12- Um homem bilionário

Chegamos à recepção da clínica, onde uma mulher de aspecto profissional nos recebeu. Seu cabelo ruivo preso em um rabo de cavalo e seus brincos de pérola conferiam-lhe uma elegância discreta. Seus olhos castanhos nos observavam enquanto nos aproximávamos do balcão de atendimento. Senti um leve aperto em minha mão, indicando o desconforto de Giulia.

— Bom dia. Como posso ajudar, Dra. Browning?

— Ellen, sem formalidades, por favor. Preciso falar com o Diretor Cânon.

A recepcionista engoliu em seco, revelando um leve nervosismo em sua expressão. Seus olhos se desviaram de mim para Giulia várias vezes, como se tentasse decifrar algo em nossa expressão. Em seguida, ela direcionou seu olhar para mim, fixando-o com interesse, passando a língua levemente no lábio inferior, destacando o batom de uma cor amarronzada que contrastava com seus cabelos ruivos. Um sorriso interessado brincou em seus lábios, enquanto seu olhar parecia penetrar fundo em mim.

— Quem é seu acompanhante? — Ellen perguntou em um tom malicioso, seus olhos buscando uma resposta em Giulia, depois desviaram novamente para mim enquanto eu percebia uma pitada de curiosidade em seu olhar.

Giulia assumiu uma postura mais séria, com o peito levemente erguido, seus olhos encontraram os meus por um momento, antes de desviar o olhar para a recepcionista novamente.

— É meu noivo.

A recepcionista, claramente decepcionada, desfez o sorriso de forma discreta e desviou os olhos para o telefone em sua mesa. Com as mãos trêmulas, discou um número e esperou alguns segundos, a ansiedade evidente em pequenos gestos. Ela mexia nos cabelos vermelhos de maneira nervosa e brincava com a caneta entre os dedos, mostrando seu desconforto diante da situação.

— Senhor Cânon, sei que está em uma reunião importante, mas a Dra. Browning está aqui acompanhada de seu noivo. — Ellen fez uma pausa, ouvindo a resposta do outro lado da linha. — Sim, senhor.

Colocando o telefone no gancho com um suspiro de alívio mal disfarçado, Ellen se levanta da cadeira, revelando sua figura elegante vestida com um uniforme impecável. Sua calça preta ajustada realça cada curva da sua silhueta, enquanto a camisa azul, perfeitamente alinhada, ressalta sua postura profissional.

— Vou acompanhá-los até a sala do Diretor. — informa, sua voz suave e segura, enquanto inicia uma caminhada em direção a um corredor labiríntico.

Mesmo tendo passado anos neste lugar, não consigo recordar nada do ambiente, talvez porque a área dos pacientes seja separada, ou talvez porque minha mente estivesse perdida demais.

Chegamos em frente a uma porta sóbria, pintada de marrom escuro, ostentando uma placa dourada gravada com a inscrição "Diretor Cânon".

A moça à nossa frente bate na porta, fazendo os nós dos dedos produzirem um som abafado ao entrar em contato com a madeira polida, como se estivesse determinada a fazer nossa presença ser notada antes mesmo de entrarmos.

Quando ela abre a porta, revela-se um escritório que exala elegância e bom gosto. Os móveis são finamente trabalhados, ocupando o espaço em uma harmonia notável, complementados por uma paleta de cores escuras e sofisticadas.

Diante de uma mesa marrom, ergue-se um homem de cabelos loiros e olhos verdes, que guardam uma semelhança surpreendente com Giulia - algo que eu nunca teria esperado. Ele está vestido impecavelmente com um terno cinza escuro, que realça sua pele clara. Seus olhos brilham ao ver Giulia, revelando uma emoção que não esperava testemunhar, enquanto seus lábios se curvam em um sorriso discreto, sugerindo uma conexão mais profunda além do profissionalismo.