Observar Giulia é meu passatempo favorito, ela até me deu um livro para ler, disse que é bom ocupar minha mente um pouco. Confesso que não me interessei nem em saber o título porque muito mais interessante é encará-la.
Minha mente já está ocupada demais planejando todas as formas que darei prazer a essa mulher. Imagino seus lábios nos meus, seus olhos brilhando com desejo enquanto me aproximo dela. Cada gesto, cada movimento, só aumenta minha ânsia de tê-la em meus braços.
Enquanto trabalha, deslizo meus olhos por seu corpo, admirando cada curva, cada detalhe que me faz desejar ainda mais. Talvez eu devesse fingir interesse no livro, mas a verdade é que nada me atrai mais do que o desafio de conquistar Giulia. E esse desafio me consome, alimentando o fogo que arde dentro de mim.
— Allan, está na hora, logo Giovana chega para nos buscar.
Mal respondo, apenas me levanto como o bom pau mandado que tenho fingido ser e ando até o banheiro. Ao passar pelo espelho, decido dar uma olhada. Mas o que vejo é um tanto decepcionante: meu cabelo está uma bagunça, algumas mechas rebeldes caem sobre minha testa, e minha barba, já um pouco crescida, contribui para um aspecto desleixado. Não quero parecer um mendigo na casa dos pais da minha noiva falsa. Porém, ir atrás de um barbeiro agora certamente seria uma tarefa impossível.
Mordo o lábio, pensando em uma solução. Então, retorno para Giulia com um sorriso travesso nos lábios, brincando com a ideia que me ocorreu. Caminho até sua frente e a encaro enquanto ela continua encarando a tela do notebook.
— O que você quer agora? — indaga impaciente, sem nem me encarar, como se minha presença ali fosse indesejada.
Antes de falar, passo a mão pelos cabelos, tentando em vão arrumá-los, e solto um suspiro frustrado. Observo-a levantar levemente uma sobrancelha, um gesto que revela sua impaciência.
— E se você cortasse meu cabelo?
Seus olhos encontram os meus por um breve instante e me analisa dos pés à cabeça, como se ponderasse a ideia.
— Deixaria eu fazer do jeito que quero?
— Desde que leve em consideração que estamos indo conhecer seus pais.
Um sorriso suave desliza pelo rosto dela enquanto se levanta. Abandona o notebook na mesinha de centro e se dirige até mim, com um caminhar confiante. Seus passos são firmes, mas seu olhar carrega um brilho divertido.
Entramos no banheiro juntos, o ar úmido envolvendo-nos assim que ela fecha a porta. Calmamente se aproxima e com atenção passa os dedos pelos meus cabelos, analisando cada fio com cuidado.
— Gosto de cortar com eles molhados, então vamos lavar antes.
Observo enquanto liga o chuveirinho, mas o que acontece em seguida é inesperado. O dispositivo parece adquirir vida própria, dançando freneticamente no ar enquanto Giulia luta contra ele, tentando em vão controlar a pressão da água. Gotas saltam para todos os lados, me encharcando e encharcando Giulia.
Meus dedos instintivamente se enroscam nos fios molhados do meu cabelo, enquanto assisto à cena com os olhos arregalados. Estamos rapidamente ensopados, assim como todo o banheiro, e não posso deixar de rir da situação absurda, sem saber como agir.
Quando Giulia escorrega e cai no chão molhado, minha diversão imediatamente se transforma em preocupação. Meus olhos se estreitam em reflexo ao ver sua queda, e eu rapidamente corro para socorrê-la, desligando o registro de água com um movimento brusco.
Estendo a mão para ajudá-la a se levantar, enquanto meu coração bate acelerado dentro do peito. Sua pele está fria e molhada quando seguro sua mão, e eu a puxo para cima com cuidado, sentindo a textura escorregadia da sua pele contra a minha.

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FRUTO CRUEL
Romance"Novos capítulos toda sexta-feira!" Nossa mente é um labirinto complexo, muitas vezes difícil de compreender. Qualquer gatilho pode desencadear consequências terríveis, especialmente na mente de um dependente químico, onde o medo se torna ainda mai...