31 - Um homem curado

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Acordo com um solavanco, o coração martelando no peito, e minha mão se estende instintivamente para o lado, buscando por Giulia. O toque no tapete frio e vazio me faz praguejar entre dentes.

— Merda...

Abro os olhos, sentindo o pânico começar a tomar conta. A lareira ainda lança sombras pelas paredes, mas o espaço ao meu lado está vazio. A noite passada foi real ou só mais uma das alucinações que minha mente fodida resolveu criar? Caralho, será que eu finalmente pirei?

— Não, não pode ser.

Me levanto em um salto, o cobertor escorrega para o chão. O ar gélido da manhã contrasta com o calor febril do meu corpo. Eu visto a cueca com pressa, cada passo meu faz o piso de madeira gemer.

— Porra, onde ela foi?

A ideia de que tudo aquilo foi só uma alucinação me atormenta. O medo aperta meu peito como uma maldita morsa, e a solidão do ambiente só aumenta a sensação de que fui deixado para trás. Passo por cada cômodo, os olhos varrendo o espaço em busca de qualquer indício dela.

Quando chego ao quarto, finalmente a vejo. 

Giulia está ali, de pé, os cabelos molhados caindo sobre os ombros, usando uma das minhas camisetas que mal cobre o corpo perfeito dela. Calmamente seca os fios com uma toalha, os movimentos lentos e relaxados, como se não tivesse ideia do inferno que causou em mim ao sumir.

Me encosto na porta, respirando profundamente. 

Notando minha presença, levanta os olhos e me encara. Dou um passo à frente, meus olhos cravados nos dela, o rosto impassível, mas o corpo fervendo.

— Você tem noção do que me fez passar agora?

Minha mão alcança o rosto dela, meus dedos acariciando a pele quente e úmida, sentindo a suavidade contrastar com o queimar do meu interior.

Então, sorri, aquele sorriso suave que tem o poder de acalmar. Não consigo evitar o sorriso torto que se forma nos meus lábios. Aperto seu queixo com um pouco mais de força, mantendo os olhos fixos nos dela.

— Sumir assim? Tá pedindo pra me fazer perder a cabeça, é isso? — Minha voz sai baixa, rouca, enquanto meu polegar traça lentamente a linha da mandíbula dela, meu olhar escurecendo com a intensidade do momento.

— Eu não sabia que mexia tanto com você... — murmura, enquanto ri baixinho, aquele som suave que faz meu sangue ferver e ao mesmo tempo me acalma.

Solto seu rosto, mas dou um passo para trás, sem nunca desviar os olhos dos dela.

— Você me tem na palma da sua mão, Giulia, e sabe disso.

Dou mais um passo à frente, minha mão deslizando pelo braço dela até alcançar o pulso, puxando-a para mais perto. O choque de nossos corpos faz o ar ao redor parecer pegar fogo.

— Desistiu de me chamar de Brownie? — provoca, a voz carregada de leveza, mas com um toque de curiosidade. — Pensei que ontem você estava bravo, por isso o "Giulia", mas tá mantendo até agora...

— Não muda de assunto. — Meu tom é sério, mas não consigo evitar o sarcasmo que transparece. Me aproximo, inclinando-me até seu ouvido, a voz rouca, carregada de uma ameaça que soa mais como uma promessa. — Da próxima vez que sumir assim, garanto que vou te algemar a mim.

Sinto o arrepio que percorre o corpo dela ao ouvir minhas palavras. Deixo meus lábios tocarem seu pescoço, um beijo quente, minha mão livre desliza até sua cintura, segurando-a firme, mantendo-a presa contra mim.

Giulia respira fundo, minha boca percorre sua pele com uma precisão letal, começando no pescoço. Mordo levemente, um aviso, uma promessa do que está por vir, antes de soprar de leve sobre a marca, provocando um arrepio que desce por sua coluna. Sigo acariciando com os lábios, saboreando cada pequena reação que consigo arrancar dela.

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