22 - Eu não vou me casar

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Empurro o balanço suavemente, apreciando o movimento rítmico enquanto Alyce se diverte, seus olhos brilhando com a brincadeira.

— Você aguenta mais, papai! — Desafia, seu sorriso travesso me provocando.

Sei que poderia impulsioná-la com mais força, mas o receio de que algo dê errado, de que se machuque, me mantém cauteloso.

Alyce é tão pequena, tão frágil.

O parque ao nosso redor está cheio de vida, com crianças correndo e gargalhando, os sons alegres se misturando com a música suave dos passarinhos e a brisa que balança as folhas das árvores.

Observo Giulia se aproximando, seus passos leves na grama macia, trazendo consigo casquinhas coloridas de sorvete. Seu sorriso é como o sol do meio-dia, radiante e aquecendo tudo ao seu redor.

Percebo, quando Alyce, tenta descer do balanço. Eu a seguro firme pela cintura, guiando-a suavemente até o chão, onde a grama acaricia seus pequenos pés.

A pequena não perde um segundo e corre em direção a mãe, seus cachos dourados balançando ao vento, ansiosa para pegar seu sorvete favorito - um cone duplo de chocolate e baunilha, com granulado colorido no topo.

Sim, ela foi bem específica.

Aproximo-me delas, sentindo a brisa suave que traz o aroma doce dos sorvetes. Giulia me estende um, e eu aceito, surpreso e tocado pelo gesto.

Acho que nunca fiz isso antes, nunca comi sorvete em um parque. Sinto meu coração bater mais forte, uma onda de emoção me invadindo.

— Não sabia qual era seu favorito, então como creme é meio universal, eu esco...

Antes que possa terminar sua frase, deixo que nossos lábios se toquem levemente.

Estar com Giulia é como reaprender a respirar, onde somente ela pode me tirar o fôlego. É um beijo suave, sem a intensidade do desejo carnal, mas carregado de uma ternura profunda, uma forma de mostrar o quanto isso me fez bem.

O quanto estar com ela, é estar feliz.

Nossos lábios permanecem juntos por apenas um momento, mas é um instante que parece se prolongar no tempo.

Afasto-me devagar, nossos olhos ainda conectados. Sinto um sorriso involuntário se formar nos meus lábios.

— Esse sorriso combina com seu rosto, senhor Moretti! — Diz, levando os lábios até o sorvete e pegando uma pequena porção.

Dou uma rápida olhada ao redor para me certificar de que Alyce está segura e depois volto meu olhar para Giulia, não conseguindo evitar o desejo que cresce dentro de mim.

— Eu adoro como "senhor Moretti" sai suavemente dos seus lábios, e tenho todo tipo de pensamento impuro. Então, Brownie, se não for um código para sexo, me chame de Allan!

Desconcertada sorri, mas uma pequena gota de sorvete escapa para o seu lábio inferior. Antes de continuar, verifico novamente que Alyce está sentada no banco a poucos metros de distância, concentrada em seu sorvete. Com isso em mente, não consigo esperar mais. Dou um passo à frente e me inclino para Giulia. Seus olhos se arregalam ligeiramente, mas não recua.

Inclino-me mais, nossos rostos agora muito próximos. Sugo seus lábios carnudos, limpando o sorvete de uma maneira que a faz arrepiar. Sinto sua respiração tremer e seus olhos se fecharem lentamente.

Quando me afasto, ainda está de olhos fechados por um breve segundo, antes de abrir lentamente e me encarar. Um leve rubor colore suas bochechas, e um sorriso suave se forma em seus lábios.

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