Giulia me encara, os lábios inchados, o rosto corado, e se afasta, ajustando o vestido que consegui tirar do lugar. Seus dedos delicados deslizam pela seda do tecido preto, buscando restaurar a compostura que eu desfiz. Não consigo tirar o sorriso do rosto e passo a língua, umedecendo os lábios, sentindo o gosto de Giulia ainda em mim.
A verdade é que meu corpo está quente, minha pele arde nos lugares que ela tocou. Respiro fundo, ainda sentindo seu perfume em cada inspiração, enquanto ela arruma as mangas do vestido que eu desarrumei.
Vejo quando respira fundo, seu olhar fixo em mim. Minhas mãos tremem ligeiramente enquanto fecho os botões da camisa, e sinto meu pulso acelerar com a memória do toque de Giulia.
— Funcionou?
Tento desviar o olhar, qualquer coisa para não cair na tentação de agarrá-la novamente. Mas é difícil, quando cada fibra do meu ser anseia por mais. Um sorriso brinca em meus lábios, não consigo contê-lo. Mas é um sorriso sutil, apenas um canto da boca se erguendo.
— Até demais. A única coisa que passa pela minha mente agora é provar seus outros lábios, sentir o gosto do seu prazer na minha boca é algo que eu desejo desde o dia em que te conheci — murmuro, meus olhos desviando-se involuntariamente para um casal que se aproxima.
Giulia franze o cenho, um leve rubor tingindo suas bochechas. Ela mexe no cabelo, uma mecha escapando de seus dedos, enquanto seu olhar desvia rapidamente para o chão e depois volta para mim.
— Não vai acontecer.
Ignorando a negativa, dou um passo em sua direção e agarro sua cintura, puxando seu corpo junto ao meu com força. Ela solta um gemido contido, seus lábios entreabertos em surpresa, os olhos semicerrados em êxtase, enquanto suas mãos se agarram instintivamente aos meus ombros.
— Me beijou só porque queria me distrair? — Indago, meu tom carregado de ironia, enquanto observo atentamente suas reações.
Ela morde o lábio inferior, o desejo reluzindo em seus olhos verdes, as pupilas totalmente dilatadas, o corpo ainda fervendo sob meu toque. Quero vê-la negar, quero vê-la colocar desculpas dessa vez.
Me desarmo completamente quando ela sobe as mãos até meu rosto, seus dedos traçando linhas suaves ao longo da minha mandíbula, uma carícia provocante que me deixa sem fôlego.
— Eu te beijei, Allan, porque você foi um cavalheiro na casa dos meus pais, contra tudo que eu imaginava. Porque você conquistou o coração da pessoa que eu mais amo nessa vida... e se não notou, eu te beijei porque me senti muito atraída por você. Por essa versão sua, mas ela não é quem você é de verdade.
Vejo o brilho no seu olhar sumindo e então aproximo os lábios da sua testa, buscando contato.
— E se eu te provar que eu posso ser essa versão?
Com incerteza, ela morde o lábio, parecendo ponderar. Meu coração bate mais forte, esperando por sua resposta. Sinto seu corpo se arrepiar sob meu toque, sua respiração ficando mais pesada.
— Você não pode fazer isso por mim, precisa ser por você.
Coloco uma mecha rebelde de seu cabelo atrás da orelha, sentindo sua textura sedosa deslizar entre meus dedos. Lentamente, aproximo-me de seu ouvido, minha respiração quente enviando arrepios pela sua pele.
— Você me tem na palma da sua mão, Brownie — sussurro, permitindo que meus lábios rocem delicadamente em sua pele sensível, uma onda de desejo percorrendo meu corpo enquanto observo sua reação.
Surpresa prende o ar diante da minha confissão, seus olhos capturando os meus. Parece querer ceder, há algo em sua expressão que sugere isso, mas ela se segura.

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FRUTO CRUEL
Romance"Novos capítulos toda sexta-feira!" Nossa mente é um labirinto complexo, muitas vezes difícil de compreender. Qualquer gatilho pode desencadear consequências terríveis, especialmente na mente de um dependente químico, onde o medo se torna ainda mai...