CAPÍTULO 44

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Uma semana. Fazem exatamente uma semana que Travis descobrira que Taylor havia engravidado no ano do processo de divórcio e não lhe contara. Faz uma semana que Taylor desapareceu dentro da própria casa.

A loira fica no quarto e apenas nele. Ela levanta, chora no banho, deita e chora até dormir. Um looping infinito. Sem saber de espaço e tempo, Taylor vive o luto que não se permitiu viver. Veja bem, a maior artista do século foi engolida por um show enquanto sangrava, teve seu último fio de esperança rompido com aquela cena de Travis e Nicole atracados, um divórcio onde milhares de paparazzi a seguiu... e quando digo milhares, digo uma rua completamente parada por fotógrafos de todos os meios existentes e milhares de pessoas com seu aparelhos a seguindo como se ela fosse um pedaçode carne sendo caçado, uma mudança de estado com suas filhas e cuidados para com sua mãe doente, que veio a falecer. Ela carregou o mundo nas costas se deixando de lado.
A única coisa que Taylor faz é levantar de madrugada na casa silenciosa, pegar uma garrafa de água e volta para o quarto. Ela fica no escuro, sem comer ou falar com qualquer pessoa.

Travis vira de um lado para o outro na cama, mas a única coisa que faz é chorar. O cheiro dela ainda está impregnado no lençol após aquela noite deixando tudo ainda mais difícil. Porra! Uma desilusão tomou conta do homem... quando ele sofreu a lesão não se importou dela ir em uma turnê, ele entendia que era uma coisa que não poderia ser reagendada. Um show não é só um cantor, existem milhares de pessoas que trabalham por trás e ajeitam suas vidas para viajar. No entanto, ao final da turnê as voltas rápidas de Taylor para casa começaram a se tornar um tanto pesadas. O ex-atleta a notava estranha.
Uma depressão consumiu o homem que agora ficava parado o tempo todo se recuperando longe da esposa e das filhas que acompanharam a mãe. Uma casa enorme em completo silêncio, mas ela... Nicole Johnson o acompanhava na fisioterapia e conversava com ele.
Assim que a turnê acabou a rotina foi voltando ao normal, apesar do ex-tight-end se sentir um lixo por não conseguir fazer muita coisa. Sua carreira foi tirada de uma hora para outra de um jeito cruel. Mas quando uma segunda turnê veio, ele se magoou de verdade... Taylor estava fugindo. Pelo o menos foi como ele se sentiu na época. Taylor estava fugindo de seus dias difíceis... e as ligações diárias passaram a ser algumas vezes na semana, depois uma vez e até que deixaram de existir. Em sua mente, ela havia se tornado um peso para ela. Travis se curou, fez terapia, mas quem "adoeceu" foi a cantora. Tudo ainda se tornara pesado.
Em uma noite de chuva em Kansas City, após as meninas serem colocadas na cama para mais um noite de sono, Taylor simplesmente disse "quero o divórcio" pegando seu travesseiro e indo para o quarto de hóspedes mais afastado do quarto que era deles. "Divórcio?" foi como ser engolido por um buraco. Desde esse dia tudo piorou e a alegação de traição nunca havia feito sentido para ele, afinal nunca havia acontecido.
Eles se machucaram tanto. Tantas discussões. Tantas brigas. Duas crianças mimadas com egos feridos brigando para saber quem havia sofrido mais, quem era mais vítima, quem era mais vilão. Culpa. Culpa. Culpa. Quem é o culpado? Os dois. Mas bem sabemos como nós humanos somos... a empatia só existe para nós mesmos, afinal "eu errei, mas tudo bem errar" até esse mesmo erro ser cometido por outro alguém.
Travis está magoado. Uma mágoa profunda e que existe a anos. Ela o feriu. A mulher que mais amou na vida, que foi a luz de seus dias o abateu. E seu último suspiro foi saber que ela escondera não apenas uma gestação, mas a perda. Eu não tenho direito de ter raiva?

Já que não dorme o ex-atleta levanta e coloca uma roupa de academia. O melhor jeito de liberar a frustração é naquelo saco de pancada. Três da manhã. São três da manhã. Ao descer a escada um único feixe de luz vindo da cozinha, ao aproximar-se Taylor. A figura da mulher que não vê a uma semana. Ela usa uma calça de moletom cinza e uma camiseta azul marinho larga, os cabelos soltos em sua forma natural. A geladeira é aberta e a garrafa de água de dois litros é agarrada. Pálida, com olheiras e mais magra? Ele a observa. Ao virar-se a loira para notando a presença do homem mesmo que seu olhar seja perdido e sombrio sob lugar algum. Ela não o encara em momento algum, talvez esteja olhando para o chão. Apenas um suspiro antes de seus pés descalços a guiarem para fora do cômodo desviando do corpo grandalhão de Travis. Como se estivesse sendo carregada Taylor sobe voltando para seu quarto.
De tudo que Travis poderia sentir, ele sente raiva. Raiva de tudo e todos. Dele. Dela. Da vida. Da mídia. Do passado e do presente. Pode ser horrível ou até mesmo insensível, porém ele quer que ela sinta dor. A dor que ele sentiu. A dor que ele sente. Dor tem peso? A gente pode comparar as dores? Existe uma medida? A verdade é que a gente sempre acha que a nossa dor é mais relevante que a do outro.

Is It Over Now? (tayvis)Onde histórias criam vida. Descubra agora