Patética!

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Mary

Fazia um mês que eu não via o Aidan, ele tinha sumido. Erick havia comentado com Lu que ele teria viajado para a Itália à negócios. Fiquei aliviada com o sumiço dele, mesmo sentindo falta. A ideia de que eu estava doente da cabeça me parecia uma boa explicação. Parece que eu gostava dessa tortura que ele me fazia.

Hoje era minha folga, e o aniversário do meu pai, Lu sempre me consolava nessa data, mas eu gostava de ficar sozinha. Chorar sem precisar me explicar. vesti um short larguinho e uma blusa de alças, o tempo estava ameno.

Aproveitei que não tinha ninguém no andar de cima, ele ainda não tinha voltado, e peguei duas garrafas de vinho e alguns pacotes de batatinhas, eram três horas da tarde. Fui em direção a piscina. Haviam nuvens grossas no céu, iria chover. A chuva seria bem vinda. Talvez ela pudesse concertar meu coração quebrado.

Sentei na beira da piscina, coloquei minhas pernas na água e olhei para o que tinha trazido, meus olhos arderam. 

Aquele era seu vinho favorito

Sempre que eu me pai passávamos um fim de semana juntos a cada quinze dias, era o acordo da guarda compartilhada; eu e ele passávamos dois dias comendo besteira e assistindo séries. A noite nosso jantar era vinho com batatinha, e o poderoso chefão. Quando ele já estava bêbado, me fazia jurar que quando ele morresse, nos seus aniversários, eu sempre tomaria vinho e comeria batatinhas. E eu jurava.

Depois de uma garrafa de vinho e dois pacotes de batatinha, eu já estava bêbada. Pingos grossos de chuva começaram a cair. Minhas lágrimas também. Talvez meu pai estivesse me olhando do céu e quisesse me consolar com a chuva. Ela ficava cada vez mais forte, abafando o meu choro.

Fiquei ali o que me pareciam horas, meu corpo estava frio, eu estava tremendo, as lágrimas não caiam mais. Tentei levantar mas estav bêbada demais. Ri e continuei toma do o vinho. Levantei a garrafa para o céu em um brinde silencioso!

Já estava na metade da outra garrafa, quando uma toalha foi colocada em meu corpo. Olhei para cima, era ele, Aidan. Ele estava vestido em um terno e gritava alguma coisa para mim mas eu não entendia, ele estava molhado, a chuva ainda estava forte. Me puxou para ficar em pé, vacilei tombando para cima dele. Ele me segurou, estava cheiroso.

 Me conduziu para dentro da minha casa, me levou para o banheiro, tirou minha roupa e me deu um banho. Era como se eu estivesse vendo tudo aquilo em segundo plano. 

Falou alguma coisa mas eu não ouvia. Seu olhar estava preocupado. Apaguei. 

...

Acordei e meu quarto estava escuro. Gemi, minha cabeça parecia que iria explodir. Merda!

Precisava usar o banheiro, levantei da cama tonta, as pernas doíam. Sai tateando a parede no escuro, entrei no banheiro, fiz xixi, me enxuguei e voltei. Alguém se mexeu no sofá. Era ele. A luz do poste na rua, iluminava parcialmente a sala. Ele estava dormindo ali. 

Lembranças da tarde passada voltaram. Cheguei perto do sofá, me agachei perto dele. Era lindo até dormindo. Toquei em seus lábios. Ele abriu os olhos e ficou ali me olhando. Sentou no sofá. Levantei e sentei ao seu lado. 

- Aidan. - comecei, ele fechou os olhos.- obrigada por ontem! Se não fosse por você... -falei baixo. Ele me olhou, um misto de raiva e preocupação.

- Se não fosse eu o que?! Você estaria morta no fundo daquela piscina? - faloi irritado! Suas palavras saíram como adagas perfurando meu peito. Quem ele pensava que era? ele não sabia nada da minha vida. 

- Eu não pedi sua ajuda! - levantei o queixo, fitando seus olhos, a raiva me queimava.

-  A é? Você conseguiria levantar sozinha? - riu sem humor. - Do jeito que estava bêbada, era mais fácil cair na piscina e morrer! - levantou e ficou andando na sala. - Se eu não tivesse visto aquela cena patética! - passou as mãos nos cabelos, nervoso. Meus olhos encheram de lágrimas. Patética?!

Redenção de um cretino irresistível - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora