Brutus ergue as orelhas assim que a picape para em frente a casa. Desce os degraus da varanda correndo quando saímos do veículo. Desvia do dono e vem ao meu encontro.
_ Ei, Brutus! Sentiu minha falta? _ Sorrio ao notar ele balançar o cotoco de cauda.
William nos observa com expressão indignada por ser ignorado.
Afago a cabeçorra coberta por pelos negros do Rottweiller que me cheira sem parar. Pela primeira vez sinto uma conexão de amizade com o cão que sempre se demonstrou tão arisco.
_ Obrigada por ajudar Will a me encontrar. _ Sussurro para o cão e beijo sua cabeça.
_ Filha da mãe sortudo. _ Will vira e segue em direção à casa carregando a mochila.
Desvio a atenção para suas costas e permaneço por alguns minutos parada em frente a cabana avaliando o significado do comentário...
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_ Comprei alguns itens para abastecer a geladeira e a despensa. Gostaria de comer algo em específico? A comida de hospital é bem sem graça. _ Will pergunta enquanto carrega os pacotes para a cozinha.
_ Acho que prefiro um banho antes de qualquer coisa. Meu cabelo também está uma bagunça. Preciso dar um jeito. O que fizer, está bom para mim. _ Dirijo-me para a escada sentindo o olhar dele me acompanhar.
De volta ao quarto que ocupei antes de partir de forma repentina, deixo a mochila sobre a cama e caminho até a janela que oferece uma ampla visão da cadeia montanhosa canadense.
O que será que Will fez no passado que gerou tanta aversão da parte dos moradores de Robson? E o que aconteceu com seu irmão caçula que o deixa desconfortável ao receber consolo?
Ainda que os comentários de desprezo dessa gente e os sinais de estranheza da parte do próprio Will conspirem para que me mantenha na defensiva e distante, há algo que ainda me intriga em seus olhos tristes e no estilo de vida que leva.
Preciso focar no objetivo principal dessa viagem que é organizar e despachar os pertences de tio Alexander. Mas sinto que há algo acontecendo nesse cidade faz tempo. E que talvez meu tio soubesse a resposta, já que era o único que mantinha contato com Will.
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_ Nossa, isso está maravilhoso! _ Experimento a refeição preparada por Will para o jantar.
O queijo coalho derretido sobre as batatas fritas com uma espécie de molho picante são de dar água na boca.
_ Chama-se Poutine. É um prato típico do Canadá. Mais especificamente do Quebec.
_ Muito bom mesmo. _ Falo de boca cheia fazendo Will sorrir abertamente pela primeira vez desde que o conheci.
_ Talvez eu consiga dar um jeito em seu carro. _ Will solta a notícia de forma repentina.
_ Sério? _ Paro de mastigar por alguns segundos limpando os lábios.
Ele afirma com a cabeça prestando atenção demais em meus movimentos. Sinto o rosto corar.
_ Enquanto aguardava sua recuperação no hospital, passei em um eletricista e comprei as peças que acredito terem avariado. Vamos ver se amanhã consigo trocar.
_ Nossa, não sei como agradecer.
"Talvez eu possa comprar algo para presentear Will quando meu carro estiver funcionando."
_ Espere ficar pronto primeiro. Não temos garantia de que vou conseguir.
_ Não sei porque, mas tenho a impressão de que você pode fazer quase tudo, Will.
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Will
Ergo a cabeça surpreso com a afirmativa da garota a minha frente. Ela está distraída comendo e nem faz ideia do impacto que suas palavras causaram.
Não gosto que criem expectativas ao meu respeito. Porque sei que em algum momento irei decepcionar, como aconteceu no passado. Porém, por motivos que crescem a cada dia, sinto certa satisfação ao ouvir que ela me admira de alguma forma e confia no que faço.
Sei que não é bom para ela, nem para mim. Afinal, não tenho nada para oferecer. Mas há muitos anos alguém não me dizia algo assim. A última pessoa que acreditou em meu potencial foi meu pai...
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Nota da autora:
Olá leitoras lindas!🥰
Sei que o capítulo foi curto. Não me xinguem! 🤭
Primeiramente, gostaria de desejar um Bom feriado para todas e trazer um presente para vocês por conta do Dia Mundial do livro.
Ainda hoje postarei outro capítulo. 👏🏽👏🏽👏🏽
Fiquem atentas porque a parte dois promete! ❤️🔥
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Uma cabana na montanha
RomanceMaria Lúcia Brandão está prestes a se consolidar na carreira jornalística, tornando-se "âncora" do noticiário mais assistido em todo o país. Malu, como é conhecida na TV, seguiu os passos do pai, Dalmo Brandão, ex-atleta de basquete e atual comentar...