Capítulo 43 - Segundas chances

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Will

Dormimos no tapete da sala em frente à lareira e enrolados em uma manta. Não fui capaz de levar Maria Lúcia para o quarto que ocupa, que era de Alexander.

Apoio o cotovelo no chão e a observo dormindo. Com o dedo tiro um cacho de cabelo castanho escuro que cobre o rosto e refaço o contorno perfeito e sereno. Ela viu algo em mim que mais ninguém viu. Acreditou em minha inocência quando nem mesmo eu acredito.

Um sentimento primitivo de possessividade explodiu em meu peito quando vi o canalha do ex segurando o braço dela. Uma ira quase assassina me consumiu quando presenciei sua expressão de dor com as ameaças cruéis.

Que tipo de homem faz esse tipo de coisa? Somente a escória da espécie.

Sinto minhas mandíbulas comprimirem.

Melhor Gael não aparecer novamente aqui. Porque não sei do que sou capaz se vê-lo tocando ou assediando moralmente Maria Lúcia outra vez.

Beijo suavemente os lábios entreabertos para não despertá-la. Desço o polegar pelo colo moreno que sobe e desce em uma respiração tranquila. Escorrego pela lateral de um dos seios que ficou à mostra. Minha boca saliva. Ela se mexe, gira o corpo e engancha uma perna na minha. Todos os meus sentidos despertam.

"Por acaso é algum moleque inexperiente e descontrolado, William?! Deixe a garota dormir!"

Ela abre os olhos sonolentos.

_ Oi... _ A voz está lânguida.

Isso só me excita mais.

_ Oi... _ Respondo louco para que diga que perdeu o sono.

_ Que horas são? _ Franze a testa olhando para os lados. _ Por que estamos aqui?

_ Ainda é madrugada. Trouxe você para cá porque está mais quente por causa da lareira. E também porque achei estranho dormirmos no quarto do seu falecido tio.

_ Por quê? _ Ela sorri com expressão de estranheza.

_ Sei lá. _ Movimento o ombro. _ Ele era meu amigo. Achei desrespeitoso.

_ Está com medo de meu tio voltar do além para lhe dar uma lição por fazer tudo o que fez com a sobrinha dele, William Belanger? _ Faz o contorno de uma das minhas tatuagens com a unha.

_ Tenha respeito com a memória de seu tio. _ Giro o corpo e me posiciono por cima dela.

Apoio os braços para não sufocá-la.

_ E sim. Prefiro não brincar com isso. Até porque sei que seu tio não nos aprovaria juntos.

Ela franze a testa demonstrando contrariedade. Não resisto e ergo a mão para desfazer as pequenas rugas.

_ Muito pelo contrário, por te conhecer bem, tenho certeza que ele aprovaria. Pelos registros de meu tio dá para saber que ele acreditava em sua inocência.

Aceno a cabeça em negativa.

_ Não crie expectativas sobre mim, por favor. Não quero decepcioná-la.

Maria Lúcia percorre minha espinha com um toque bem suave dos dedos. Todos os pelos do meu corpo eriçam. Depois distancia as pernas dando-me espaço entre elas.

Não posso evitar o som rouco de satisfação produzido por minha garganta.

_ Então, retorne ao tratamento com a doutora, Allana Lin. Essa é a única forma de não me decepcionar. Assim terei certeza de que fez tudo o que podia para melhorar, independente do que tenha acontecido no passado.

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