Capítulo 49 - Poder de persuasão

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_ Vim agilizar o processo de venda dos bens do seu tio e ajudá-la a resolver qualquer problema que tenha se envolvido no Canadá. _ O doutor Velásquez deixa os óculos caírem na ponta do nariz ao mesmo tempo em que analisa Will que está encostado na ilha da cozinha com os braços cruzados evidenciando ainda mais os músculos.

_ Não estou com problemas, doutor Velásquez. Apenas investigando um caso. Comecei a atuar como repórter investigativa sem perceber. _ Faço piada tentando amenizar a má impressão que o primeiro encontro com Will causou.

Com um telefonema, Velásquez pode me garantir horas de explicações ao senhor Dalmo Brandão.

_ Acho melhor conversarmos a sós. Trago orientações de seu pai. _ O advogado muito alto e magro dá um passo a frente, se curva um pouco e diz em tom confidencial.

_ Pode falar qualquer coisa na frente de Will. Ele é de confiança. Só estava me protegendo lá fora. Desculpe pelo mal entendido, não é Will?

_ É ... _ Will responde com má vontade.

Sinalizo arregalando os olhos. Mas Will vira de costas e começa a limpar um copo na pia.

Daniel Velásquez é advogado da minha família desde que Dalmo Brandão estava ativo nas quadras. Deve ter pouco menos que a idade de meu pai. Portanto, me viu criança e talvez por isso se sinta na obrigação de me defender de algum mal que esteja suspeitando.

_ Seu pai deseja que retorne logo para o Brasil. _ Velásquez arruma os óculos.

_ Voltarei quando achar que é a hora, doutor Velásquez.

_ Eu insisto, Malu. Posso reservar outro quarto no hotel onde estou hospedado. Aqui não me parece seguro. _ Velásquez olha diretamente para as costas de Will.

Will pigarreia alto. Sei que está se controlando para não se intrometer na conversa.

_ Não sou criança, Velásquez. Já disse que estou segura aqui. Will está comigo.

_ Seu pai teme que tenha se envolvido com más companhias como da outra vez. Achou que Gael Mattozzo era de confiança também, lembra?

Will joga a esponja no interior da pia e vira.

_ Espero que não esteja me comparando com aquele verme. _ Cerra os olhos.

_ Gael Mattozzo pode ser manipulador, mas não é violento. Não posso dizer o mesmo de você, rapaz. _ Velásquez responde Will com altivez e depois se dirige a mim. _ Temo por sua segurança, Malu. Volte comigo imediatamente.

_ Doutor Velásquez, tenho muita consideração pelo senhor, mas por favor, respeite meus assuntos pessoais. Acho que todos já erramos em julgar o caráter de uma pessoa. Quanto a Gael, ele me traiu, mentiu e achando pouco, ainda me expôs na mídia. Não amenize os fatos.

_ Jamais faria mal à Maria Lúcia. E não estou gostando do seu tom tentando forçá-la a fazer o que não quer. _ Will seca as mãos em um pano com uma calma disfarçada.

_ Muito pelo contrário, Will já me salvou de situações bem complicadas desde que cheguei. _ Atesto.

O advogado acena a cabeça em reprovação.

_ Esse lugar é atrasado e perigoso. As pessoas da cidade me preveniram em relação a uma fera que habita essa região. _ Velásquez avalia a casa com expressão de desprezo. _ Como seu tio, um homem tão instruído, conseguiu viver por tanto tempo isolado aqui?

_ Deveria tomar cuidado, então. Nunca se sabe quando a fera pode atacar. _ Will apoia as mãos na pia e responde com sarcasmo.

_ Isso não é verdade. Não existe fera alguma. O que há por aqui são ursos e outros animais típicos da região. _ Desminto.

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