Capítulo 25 - A Rena e a fera - Parte 1

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Retorno para o salão da lanchonete acompanhada por Ava. Oliver arrasta pelo balcão o copo térmico de chocolate alpino para viagem como eu havia encomendado.

_ Parece que voltou a nevar. Melhor não pegar a estrada por enquanto. _ Aconselha-me.

Concordo com a cabeça.

_ Ainda tenho algumas coisas para resolver no centro.

_ Pretende voltar para a montanha? _ Ava pergunta.

Afirmo.

_ Preciso organizar as coisas do meu tio antes de voltar ao Brasil.

_ Essa viagem deve ter atrapalhado bastante sua vida, não é querida? Você trabalha?

_ Sim, sou repórter. Na verdade, dei um tempo na carreira. Precisava sair um pouco do ar.

_ Entendo. William sabe que é repórter?

_ Não lembro de ter comentado com ele.

_ Então, prepare-se. William não gosta de repórteres. Já teve que lidar com muitos por causa do acidente. _ Ava recomenda.

_ O único repórter em quem ele confiava era Alexander. Seu tio. _ Oliver completa.

_ Contarei assim que estiver com ele.

_ Certo. Tome cuidado. Se precisar de algo, me procure. _ Ava junta minha mão nas suas dando-me tapinhas.

_ Obrigada por me contar tudo. Sei que deve ter sido difícil tocar no assunto.

Ela nega com a cabeça.

_ Apesar do falecimento de minha prima, Oliver e eu não perdemos nenhum familiar no acidente. Mas tem muita gente ferida nessa cidade, ainda com sede de justiça. Gente que perdeu filho, neto e esposo. Por isso, evite se expor. Podem descontar em você se souberem que tem alguma ligação com William. _ Ava aconselha-me.

_ Tomarei cuidado.

Aceno para os dois e saio do estabelecimento.

Uma lufada de vento frio atinge meu rosto como um tapa me despertando para a realidade.

Tenho a sensação de que passei a última semana em outra dimensão. Em um lugar onde o William que todos descrevem é diferente. Para mim, ele é simplesmente Will. Misterioso e excêntrico, porém um homem íntegro e de bom coração, que jamais colocaria a vida de outras pessoas em risco, principalmente a própria família.

Pequenos flocos de neve se acumulam em minha roupa enquanto caminho pelas calçadas do pequeno distrito. Olho para o copo térmico de chocolate cremoso que tinha a intenção de levar para ele.

_ Tudo está tão confuso e mal explicado. _ Inspiro profundamente.

Paro em frente ao mercadinho e observo pela vitrine. Uma gaiola grande chama-me a atenção.

_ Seria perfeita para resgatar Fred e devolvê-lo à natureza.

Entro no comércio e logo sou atendida pelo proprietário. Harold.

_ Gostaria de saber o preço daquela gaiola.

_ Não está à venda. _ Ele nem levanta a cabeça ao responder.

_ Como não? Se está na vitrine... _ Harold me interrompe.

_ Acabei de reservá-la para outra pessoa. Por favor me dê licença, preciso fechar a loja para o almoço.

Caminha em direção à porta, não me dando muito opção além de sair.

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Almocei no restaurante do único hotel do centro. Fica no térreo e parece ser pouco frequentado pelos moradores de Robson. Isso foi um alívio. Apenas meia dúzia de hóspedes ocupam as mesas distribuídas no espaço.

Uma cabana na montanha Onde histórias criam vida. Descubra agora