Capítulo 45 - Justiceiros

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Malu

_ Há possibilidade de que o prefeito esteja envolvido na explosão da mina? _ Exponho a suspeita que paira entre nós e ninguém teve a áudacia de verbalizar.

Will ergue a cabeça como se levasse um choque do sofá. Corre os olhos frenéticos de mim para Hunter, depois encara o chão perdendo-se em pensamentos. Sinto sua aflição em tentar lembrar de algum detalhe.

_ Conhecendo o caráter inescrupuloso de Jackson Murray, não duvido muito que tenha acumulado outros crimes. Mas não encontrei nenhum indício nas anotações de meu pai.

Solto o ar com força e começo a andar inquieta pela sala da casa de Hunter. Como Will, meus pensamentos estão em ebulição.

_ Pode ser que seu pai não tenha notado o perigo que ele e os outros funcionários corriam em relação a Jackson. _ Bato o indicador nos lábios.

_ Ou não acreditasse que a ambição de Jackson chegaria a ponto de cometer um homicídio. Mas é fato que a relação deles estava estremecida. Jackson recusava-se em investir em melhorias. Queria apenas extrair o máximo de lucro da mina e explorar os mineradores. Aquilo era quase um trabalho escravo. _ Hunter fala entredentes.

Sua respiração se agita.

_ Ou seu pai pode não ter tido tempo de registrar as últimas ameaças que sofreu. Ele pode ter sido pego de surpresa. _ A voz de Will surge como se viesse de um túnel escuro e profundo.

Os olhos de Hunter antes vidrados tremem e brilham úmidos.

_ Se descobrirmos que não foi um acidente, como acreditei todos esses anos, que meu pai e aqueles inocentes morreram para camuflar a ganância de Jackson Murray, me tornarei um assassino. _ Hunter encara Will.

Will comprime os punhos e acena a cabeça em acordo.

_ Ei, vamos com calma os dois. Ninguém vai matar mais ninguém nessa cidade. Precisamos concentrar nossas energias em descobrir a verdade primeiro. _ Tento amenizar os ânimos.

Hunter e Will parecem dois galões de combustível prestes a explodir.

Um movimento discreto na janela tira minha atenção dos dois homens. Ergo os olhos a tempo de ver alguém correndo.

_ Tinha alguém nos espionando! _ Minha voz sai indignada quando aponto para a janela.

Will salta do sofá como uma pantera pronta para o ataque e Hunter sai correndo na frente. Era a descarga de adrenalina que os dois precisavam. Vou logo atrás.

Ouço gritos assim que cruzamos os corredores da loja de conveniência. Pela vidraça, vejo Ross segurando a menina Livy, filha do dono do hotel, pelo capuz do casaco.

_ Solta ela, Ross! _ Grito assim que saímos no posto.

_ Soltar por quê? Essa abelhuda estava espionando sua casa, chefe! _ Ross sacode a garota pelo braço.

Livy está chorando e grita de dor.

Will arranca a mão de Ross da garota e o empurra. Ross cai no chão.

_ Seu infeliz! _ Ross levanta cambaleando.

_ Afaste-se, Ross. _ Hunter intercepta.

_ Mas chefe...

_ Depois conversamos. _ Hunter não dá espaço para continuar a discussão.

Ross sacode o macacão e lança uma careta tenebrosa para Livy. Ela se esconde atrás de mim.

_ Você, venha conosco. _ Hunter aponta para a menina. Ela me olha assustada.

_ Fique tranquila. Não vou permitir que ninguém lhe faça mal. Mas precisamos conversar...

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