Capítulo 57 - Uma fera rendida - Parte final

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Malu

Uma das refeições mais tensas que tivemos nessa casa. Assim posso classificar o almoço que parece estar até agora entalado em minha garganta.

Não consegui ficar um segundo a sós com Will. E sei que meu pai está fazendo isso de propósito. Ele já associou o nome à pessoa e está só dando corda para saber até onde vamos.

Afasto uma veneziana e os observo caminhando enquanto conversam lá fora.

_ Nem tente intervir. Deixe que se entendam. Esse rapaz parece saber o que está fazendo. _ Minha mãe se aproxima por trás e também dá uma olhada.

_ Só não quero que meu pai estrague o que construímos. Will passou por muita coisa. Não merece ser tratado com arrogância. Nós sabemos que Dalmo Brandão sabe ser cruel quando quer.

_ Não seja injusta com seu pai. Ele pode não ter uma personalidade fácil, mas o término de seu antigo relacionamento não foi culpa dele. Além do mais, tem um ótimo senso de julgamento do caráter das pessoas. Se tiver algo errado, ele perceberá. Confie. _ Ela dá um tapinha de leve em meu ombro.

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Will

Quando revelei que era engenheiro, o homem me fez percorrer todo o perímetro da casa falando sem parar sobre novos projetos que tem em mente, depois sobre o programa esportivo que apresenta e por fim, soltou abruptamente a pergunta que eu esperava.

_ O que exatamente aconteceu enquanto Maria Lúcia esteve no Canadá? Seja discreto. _ Dalmo Brandão aponta para o bosque que faz limite com os fundos da propriedade.

_ Pensei que seu advogado já tivesse o deixado a par de toda história. _ Aponto para as árvores imitando-o feito um completo idiota.

_ Sou um homem informado, Belanger. Principalmente ao que se refere a minha família, meu bem mais precioso. No entanto, gostaria de ouvir você.

_ Obrigado pela oportunidade, senhor. Nem todos estão dispostos a ouvir. A maioria prefere julgar de antemão.

_ Não julgo ninguém por experiências alheias, prefiro formar minha opinião.

Giro a cabeça e observo com admiração o homem por trás do famoso atleta aposentado...

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Após quase uma hora, retornamos para a casa. Maria Lúcia nos observa alarmada. Ela trocou de roupa. Usa agora um vestidinho preto de alcinhas menos revelador, mas que me desperta da mesma forma o desejo de percorrer as mãos pela pele morena e macia.

_ Gostaria de agradecer aos senhores por me receberem e pelo almoço delicioso. Gostei muito da culinária brasileira. _ Dirijo-me principalmente à mãe de Maria Lúcia que retribui com um sorrriso.

_ Vou te acompanhar. _ Maria Lúcia se prontifica. Com o queixo erguido, lança um olhar para o pai na defensiva, esperando que intervenha.

O senhor Dalmo acena a cabeça em acordo. Mas assim que Maria Lúcia sai à frente, ele segura meu braço discretamente.

_ É bom que saiba o que está fazendo, Belanger. Porque se magoá-la terá que se entender comigo. Vou te caçar até no Polo Norte se for preciso.

_ Não se preocupe, senhor. _ Respondo firme. _ Eu amo a sua filha. _ Concluo mantendo contato visual.

Ele solta meu braço e me deixa prosseguir.

Tenho impressão de ter visto admiração estampada no rosto do homem. Mas se tratando de Dalmo Brandão, com certeza foi só impressão.

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⏰ Última atualização: Oct 25 ⏰

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