Capítulo 31 - Delírios da manhã

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Meus lábios entreabertos produzem um vapor morno quando se mistura com o ar frio da manhã. Tombo a cabeça para trás e gemo baixinho com as mãos de Will por baixo da camisa sobre meus seios entumecidos. Ele mordisca primeiro meu lábio inferior e depois toma minha boca com possessividade.

Puxa uma de minhas pernas. Impulsiono-me e envolvo seus quadris. Carrega-me para dentro da cabana.
Will se dirige para a escada, mas muda de ideia no caminho. Encosta-me na parede e me esmaga contra seu corpo.

Will quase chega a ser bruto, mas sinto que está tentando se controlar. As mãos ásperas e com algumas calosidades arranham minha pele. Mas até isso me atrai ainda mais.

Puxa o casaco e depois a camisa por meus braços.

_ Will ... _ Seu nome sai tremido quando se apossa de um dos seios.

Ele não para, mordisca e suga, me estimulando. Agarro-me ao último fio de autocontrole.

_ Will! _ Puxo seus cabelos afastando um pouco a cabeça de mim.

Ele geme contrariado e me observa meio fora de foco.

_ O que foi? _ A respiração entre cortada e a voz rouca.

Aceno a cabeça para o meio da sala onde Brutus nos observa com as orelhas erguidas. Will me deixa sentada em um móvel de madeira.

_ Sinto muito, amigo. Mas terá que esperar lá fora. _ Abre a porta e aponta para a varanda.

Brutus sai prontamente. Talvez tenha pensado que vão praticar alguma atividade na neve. Mas Will fecha a porta e retorna para mim. Segura-me pela cintura e me carrega com facilidade pela escada. Segue pelo corredor em direção ao seu quarto...

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Acomoda-me na cama pairando o corpo sobre mim. Com os braços apoiados um de cada lado de minha cabeça, me observa por um tempo.

_ O que foi? _ Um constrangimento repentino me invade.

_ Acabei lembrando de quantas noites tenho perdido o sono imaginando justamente essa cena.

_ Você também tem ocupado muito meus pensamentos.

Will repuxa o canto da boca como de costume. Mas dessa vez, um sorriso de verdade se forma e alcança os olhos que adquiriram um tom dourado fazendo-me lembrar de ouro derretido.

_ Já nos torturamos bastante, não acha?

Afirmo com a cabeça.

Desce o corpo. Afasta minhas pernas com o joelho e se acomoda entre elas. Distribui beijos quentes e molhados no pescoço, no colo e desce por minha barriga. Arqueio a cabeça para trás e suspiro com as sensações que me provoca.

Pequenos flocos de neve começam a cair na vidraça da janela, sorrio e ergo um braço como se pudesse alcançá-los. Will se aproveita do movimento e segura meus braços acima da cabeça enquanto com a outra mão engancha o dedo na lateral de minha lingerie, a rasga sem muito esforço e joga longe.

Arfo de susto e expectativa. Os pequenos pontos em brasa se uniram e incendeiam todo meu corpo.

Will não desvia os olhos dos meus. Meus dedos percorrem suas costas nuas e acompanho seus movimentos chegando ao meu limite de desejo. Arranho-o com impaciência. Ele se levanta apressado e tira sua última peça de roupa.

Mal tenho tempo de admirá-lo. Talvez deixemos isso para depois.

_ Olha isso. _ A mão apoia minha nuca com delicadeza e ergue um pouco meu tronco para que eu veja o exato momento em que nossos corpos se unem.

Franzo a testa. Gotículas de suor escorrem por meu rosto. Jogo a cabeça para trás e não consigo reprimir o gemido alto quando ele desliza para dentro de mim...

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Com o rosto afundado em seu peito, inspiro profundamente o aroma cítrico amadeirado misturado com suor. Will está deitado de barriga para cima. Estou de lado com uma perna enganchada sobre a dele. Ambos estamos sonolentos, porém ainda acordados.

Com um dedo reproduzo as linhas das tatuagens em seu peito.

_ Will... _ Não consigo evitar que minha voz soe lânguida e manhosa.

_ Hum... _ Ele está de olhos fechados, mas responde com um murmuro.

_ Por que fez tantas tatuagens?

Ele arranha a garganta antes de responder, mas ainda assim sua voz sai embotada.

_ Toda vez que me sentia desesperado e achava que não ia mais suportar, fazia uma. Acho que a dor ajudava-me a desviar o foco da desgraça.

_ Posso fazer outra pergunta?

Sinto seu peito vibrar como se ensaiasse uma risada presa. Ergo a cabeça e o observo. O queixo estremece um pouco.

_ Maria Lúcia, nesse momento, até que pedisse um rim, eu lhe daria.

_ Tenho que me aproveitar disso, então. _ Beijo seu queixo.

Os braços apertam minha cintura puxando-me para cima dele.

_ Qual o significado dessa data? _ Espalmo a mão por cima do número tatuado em seu peito.

Will franze os lábios como se pudesse costurá-los para não abrirem. As mandíbulas trincam, mas desiste.

_ Foi o ano em que tudo aconteceu. _ A voz sai em um fio.

_ Tudo? _ Questiono cuidadosa.

Temo exigir demais e provocar-lhe alguma reação intempestiva.

_ O acidente. Esse foi o ano em que a desgraça sobrecaiu em minha família.

Sinto seu peito pular como em um soluço doloroso. Mas os olhos estão secos e vidrados no teto.

Envolvo com braços e pernas o corpo forte, que agora me parece tão frágil.

_ Passou, Will. Chega de se torturar. _ Beijo seu peito.

Ele beija o alto de minha cabeça. Inspira em meus cabelos crespos e revoltos e gira o corpo posicionando-se por cima.

_ Parece que encontrei um antídoto para o que tem me envenenado todos esses anos...

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