O avião fez duas paradas antes de aterrizar no Aeroporto Internacional de Edmonton. Edmonton é a capital de Alberta, província do Canadá.
Na primeira parada, fiz algumas ligações e garanti o aluguel de um carro para fazer a viagem do aeroporto até o município de Jasper, onde meu tio viveu nos últimos anos.
Por conta das temperaturas quase negativas, a agência me recomendou um carro alto VW Tiguan com tração nas quatro rodas e aquecimento nos bancos.
Assim que faço o check-in, recolho a bagagem e sigo para a agência que já aguarda com o carro alugado. Ligo o GPS e logo alcanço a estrada principal rumo à Jasper, cidade alpina de Alberta.
_ Vamos lá. _ Suspiro.
Pouco admirei do centro de Edmonton, consciente de que tenho algumas horas de viagem pela frente.
Logo a estrada bem asfaltada vai se alargando, o fluxo de carros diminuindo e os primeiros sinais da floresta boreal, típica da região, vão surgindo.
Acendo os faróis.
Li que a região do Parque Nacional de Jasper é berço de ursos que dormem durante o inverno e acordam famintos durante a primavera.
_ Faltam duas semanas para o início da primavera na região, mas nunca se sabe. _ Olho atenta para as laterais sombrias e depois para o céu encoberto por nuvens.
Ao longe, os primeiros sinais das cadeias rochosas se destacam com seus picos cobertos de neve.
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Chego em Jasper a tarde e logo depois o GPS anuncia o meu destino quando entro em um pequeno bairro semirural chamado Robson. Noto que o centro comercial é menor do que esperava. Estaciono em uma vaga e saio do carro com alívio por poder esticar as pernas.
Uma lufada de vento frio atinge meu rosto. Fecho o casaco suspeitando que não seja o suficiente para me proteger do clima da região.
Caminho pela calçada em busca de um lugar que me ofereça tudo o que preciso, além de uma refeição quentinha.
Uma pequena lanchonete com decoração rústica parece convidativa pela faixada de vidro. A porta com pequenos sinos pendurados anuncia minha entrada. Quatro rostos se voltam em minha direção.
_ Seja bem-vinda! _ Uma senhora esguia com olhos muito azuis sorri por trás do balcão.
_ Ora, ora, finalmente tem gente nova chegando nesse lugar! _ Comemora um dos três senhores de meia idade que estão encostados no balcão.
_ Boa tarde. _ Sorrio com a recepção empolgada.
_ A moça veio visitar algum parente ou é apenas turista? _ O mais baixo dos três senhores me observa como se buscasse a semelhança com algum conhecido.
_ Na verdade, nenhuma das duas opções. Sou do Brasil, mas vim tratar da documentação de um tio falecido.
Os sorrisos desapareceram.
_ Ah, sinto muito. _ A senhora torce o avental com as mãos.
_ Espera, por acaso é parente do jornalista Tremblay? _ O senhor negro com um avental de barbeiro se surpreende.
Noto que meu tio usava o sobrenome dos pais biológicos que faleceram antes dele ir para o orfanato.
_ Sou sobrinha de Alexander Tremblay.
_ Sente-se aqui, querida. _ A senhora atravessa o balcão e me indica um lugar. _ Oliver, pegue algo para a senhorita beber.
_ Claro. Você gosta de chocolate quente? _ O senhor que parece ser esposo da dona do estabelecimento me pergunta.
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Uma cabana na montanha
RomanceMaria Lúcia Brandão está prestes a se consolidar na carreira jornalística, tornando-se "âncora" do noticiário mais assistido em todo o país. Malu, como é conhecida na TV, seguiu os passos do pai, Dalmo Brandão, ex-atleta de basquete e atual comentar...