Capítulo 37 - Desvendando mistérios - Parte 2

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Recortes de jornais locais com matérias sobre o acidente que aconteceu em Robson há nove anos se empilham na escrivaninha. Títulos como:

"MINERADORA CLANDESTINA EXPLODE EM ROBSON DEIXANDO CERCA DE 18 MORTOS E 23 FERIDOS".

" BAPTISTE BAKER, RESPONSÁVEL POR MINERADORA, MORRE APÓS DIAS NO HOSPITAL".

" SUSPEITA-SE QUE EXPLOSÃO TENHA SIDO CAUSADA POR NEGLIGÊNCIA ".

"FILHO DE UM DOS MINERADORES É O PRINCIPAL SUSPEITO".

"WILLIAM BELANGER TERIA SAÍDO DA MINA MINUTOS ANTES DA EXPLOSÃO QUE DIZIMOU A VIDA DE VÁRIOS TRABALHADORES".

Após ler boa parte das matérias, algumas bastante tedenciosas por sinal, sinto-me totalmente envolvida, porém inconformada com o desfecho. Muitas pontas ficaram soltas. Admira-me que o caso tenha sido arquivado pela polícia.

_ Não há provas de que Will foi o causador da explosão. Então, por que insistem tanto em acusá-lo?

Memorizo o nome do chefe falecido da mineradora e do jornalista responsável pelas matérias para pesquisar mais tarde.

Remexo nos papéis em busca de mais informações.

_ Tudo isso é tão estranho. Por que Will não se defende?

Franzo a testa ao encontrar entre as anotações de meu tio o cartão de um consultório médico.

_ Consultório Doutora Allana Lin, psiquiatria, psicologia clínica e terapias.

Guardo o cartão no bolso da calça jeans...

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O consultório fica em um edifício moderno no Jasper East, área onde se concentram os prédios comerciais da cidade.

Sem saber ao certo o que fazer, liguei para o consultório e marquei uma conversa com a médica. Se meu tio anexou o cartão da doutora ao dossiê foi porque queria que ela fosse procurada.

_ Olá, seja bem-vinda. Pode sentar. _ A médica de traços orientais aparenta ter em torno de quarenta ou cinquenta anos.

Para mim, é bem difícil distinguir a idade das mulheres asiáticas que sempre parecem ter menos anos.

_ Em que posso ajudá-la?_ A médica inspira confiança e competência.

_ Sou sobrinha de Alexander Tremblay.

Os olhos da médica se arregalam um pouco e a fisionomia muda. Imediatamente se levanta, vai até a porta e a fecha.

_ Sinto muito pela perda de seu tio. _ Diz assim que retorna para a poltrona que ocupava.

Aceno a cabeça em agradecimento.

_ Então, já sabia do falecimento. _ Concluo.

_ Sim, fui ao sepultamento. Seu tio era um homem de poucos amigos, mas de amizades sólidas.

_ Vocês se conheciam há muito tempo?

A médica tomba um pouca a cabeça de lado e ergue os ombros.

_ Desculpe a indiscrição, mas encontrei seu cartão no meio das coisas dele, então imaginei que vindo aqui poderia conseguir algumas respostas.

_ Que tipo de respostas está em busca, senhorita Tremblay?

A médica une as mãos sobre a mesa e cerra os olhos já bastante puxados como se iniciasse uma sessão de terapia.

_ Veja bem, tenho um amigo... Nos conhecemos a pouco tempo. _ Coço a cabeça. _ Ele passou por um trauma. Tem dificuldade de se relacionar com as pessoas e vive isolado.

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