Casar, beijar ou matar.

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Desci as escadas escorregando pelo corrimão da escada e dancei como se tivesse ganhado um prêmio. Era assim que eu me sentia. O Jiyong está fora do jogo e com a ajuda da Rachel, certamente vou passar nas provas da Universidade. Tudo estava certo no mundo. Eu ficaria com a garota e as glórias universitárias. Não me lembro a última vez que estive tão feliz assim e só quando uma voz julgadora invadiu o ambiente, é que percebi que não estou sozinho.

-A última vez que te vi dançar assim você tinha acabado de colar chiclete no cabelo do seu irmão e tivemos que levar ele ao barbeiro. - Rosita comentou, fazendo eu me virar assustado levando a mão ao peito tentando conter a aceleração.

-Meu Deus Rosita! Mesmo com dois cachorros e uma festa para cuidar você ainda tem tempo pra me espionar. - Brinco e vou até ela a abraçando e ergo um de seus braços guiando a mais velha em uma valsa improvisada em uma música que tocava somente na minha cabeça.

-Desembucha Jaebeom! Quem eu tenho que levar ao barbeiro? - Ela insiste dando um tapa no meu peitoral, acertando o mesmo local que a Lexie tinha socado no dia anterior e um resmungo de dor escapa dos meus lábios. - Ei! Por que todas as mulheres da minha vida estão me batendo? - Pergunto, com uma voz manhosa e ela estreita os olhos, desconfiada.

-Se estamos te batendo algum motivo tem Jaebeom, conta logo o que você fez. - Ela exige e quando eu faço um bico fingindo pensar se contava, vejo ela tentar tirar o chinelo do pé como uma ameaça e começo a rir de nervoso correndo dela. - Ei! Agora eu já tô grande, você não pode mais me bater! - Afirmo engrossando a voz e ela me encara perplexa.

-Por que não? - Ela pergunta levando as mãos aos quadris indignada.

- Porque agora eu corro mais que você! - Deixo um beijo na testa dela e saio correndo pela casa até a cozinha ouvindo a risada melodiosa de Rosita, que sempre foi como uma mãe para mim.

Quando ela me alcança já estou servindo a sopa em dois pratos e ouço a reclamação dela.

-Ei! Isso é só para a Rachel e o Jimin. - Ela resmunga.

-Você não vai deixar seu garoto favorito de fora. - Faço um bico para ela e ela dá risada.

- Isso só funcionava quando você ainda não tinha barba. - Rosita zomba e eu insisto, então ela me deixa levar a sopa.

Subo com a bandeja feliz pela Rosita não ter insistido em saber o motivo da minha dança da vitória. Ela tinha razão, eu estava me comportando como uma criança levada que roubou um brinquedo, mas estou feliz demais para sentir culpa agora, então decido apenas aproveitar.

Ajeito a refeição na sacada, mesmo sabendo que o Gray, Taeyang e as meninas estavam na piscina. Não tenho o costume de demonstrar afeto em público e estaria desconfortável se fosse em qualquer outra ocasião, mas como é a Rachel, não me importo. Ajeito os talheres ao lado dos pratos e me sento na varanda sentindo o sol da manhã. Ainda estou com dor nas costas então me espreguiço e bocejo. Quando vejo a Rachel saindo do banheiro, noto que ela lavou o cabelo, provavelmente para tirar o cheiro de canela e dou risada. Ela pega alguns livros na mala e vem na minha direção, usando um vestido lilás que ia até seus joelhos, ela estava linda e sorrio ao vê-la me encarando.

-Tenho que dizer, você parece estar muito bem para quem bebeu tanto ontem. - Elogio e ela joga todo o cabelo para o lado antes de desviar o olhar, tímida.

-Mesmo? Porque eu me sinto péssima. - Ela confessou e provou a sopa deixando um gemido de satisfação escapar de seus lábios. - Talvez eu esteja um pouco melhor agora. - Ela brinca e eu sorrio.

Já alimentados, mergulhamos nos livros e por mais difícil que tudo pareça à primeira vista, com sua explicação tudo parece mais simples. Ela me explicava como quem ensina uma criança de cinco anos a ler e talvez seja isso que eu sempre precisei. Os professores explicam a matéria como se devêssemos saber todas as bases que nos leva a conclusão e ela parecia saber tudo que eu não sei.

Brincando com FogoOnde histórias criam vida. Descubra agora