Na alegria ou na Tristeza

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Rachel me encarava como se eu tivesse dito um palavrão, com os lábios entreabertos, balançando a cabeça em negativa. Eu sabia que ela estava acostumada a fazer tudo sozinha, que nunca teve alguém que se preocupasse ou cuidasse dela, mas ela teria que aceitar que isso mudou e que ela não iria a lugar nenhum sem mim.

– O quê? Você não vai comigo Jay! – Ela resmunga e volta a arrumar a mala antes de continuar. – Eu não deveria nem ter te contado sobre isso. Minha mãe é minha responsabilidade. – Ela afirma, suspirando.

– Eu não vou deixar você viajar sozinha nesse estado Rachel, olha como você está! – Explico, apontando para suas mãos trêmulas e ela as esconde atrás do corpo.

– Isso não é nada, deve ser só efeito do álcool. – Ela diz tentando disfarçar e finge um sorriso. – Não tem nada de errado com a minha mãe. Eu só preciso ir resolver umas coisas. – Ela mente e estreito os olhos me perguntando porque ela tinha que ser tão teimosa.

Porque ela sempre tenta me afastar e dificulta todas as coisas que poderiam ser simples entre nós dois?

– Você acha que eu não te conheço Rachel? Acha que não sei que quando você desvia o olhar é porque está mentindo? – Pergunto e suspiro tentando me manter calmo pois um de nós já estava em seu limite e dessa vez não era eu. – Você pode enganar a qualquer um Rachel, mas não a mim. De todas as coisas que eu tenho estudado, você é a que eu mais me dediquei e conheço cada linha do seu rosto que só se franze quando você recebe esses telefonemas. - Afirmo com propriedade e vejo em seus olhos que ela está completamente perdida em seu desespero, então pego suas mãos nas minhas e colo nossas testas.

– Me diz o que te preocupa! Me deixa te ajudar! – Insisto e ela negou com a cabeça.

– Não dá tempo Jay! Eu ainda tenho que passar no banco, tentar conseguir algum crédito para pagar as passagens, tenho que achar meu passaporte que eu nem sei onde guardei! – Ela explica, chorando em desespero enquanto passava as mãos por seus fios ruivos.

– Eu já disse que você não está sozinha Rachel! Vou ligar para a secretária do meu pai e mandar ela comprar as passagens não precisa se preocupar com dinheiro e nem com passaporte, daqui pra Wyoming só precisamos de algum documento de identificação. – Explico e seguro suas mãos. – Eu vou cuidar de tudo! Você só precisa me dizer o que precisa e eu farei para você! – Afirmo e ela finalmente concorda com a cabeça.

– Tá bom, mas não dá tempo de explicar agora, temos que ir rápido! – Ela exige e eu concordo, indo até o quarto para pegar algumas roupas minhas que ficavam aqui e as colocando na mala dela.

Trocamos de roupa rapidamente enquanto eu ligava para a secretária do meu pai que deve ter me xingado mentalmente de diversas formas por eu estar ligando a essa hora.Saímos apressados e durante todo o caminho, Rachel observava a paisagem pela janela sem conseguir ao menos olhar para mim. Eu sabia que era difícil para ela falar sobre esse assunto e mesmo que eu ainda não entendesse o motivo, estava respeitando seu tempo.

Se ela não me disser, eu vou descobrir assim que chegar lá. Algumas gotas de chuva rolaram do céu deixando o ambiente melancólico, mas o barulho disfarçava o silêncio que durou toda a viagem até o aeroporto.Só quando eu estacionei e só quando saí do carro é que percebi, a Rachel estava completamente fora de si. Eu abri a porta do carro para ela e a ruiva nem ao menos me encarou. Ela mal piscava e me agachei para encará-la. Sua pele estava gelada e segurei sua mão tentando chamar sua atenção.

– Rach, temos que ir! – Digo em um tom de voz calmo, mas ela não me encara.

Estava completamente paralisada e isso fazia meu coração doer.

Brincando com FogoOnde histórias criam vida. Descubra agora