Solidariedade

21 4 7
                                    

Meu coração estava tão acelerado que temia que a qualquer momento ele pudesse saltar do meu peito e quando uma mão segurou meu braço, meu corpo inteiro estremeceu. Por um momento me arrependi da discussão que tive com o Jay, eu deveria ter ficado em casa, devia ter seguido seu conselho e apenas fechei os olhos sentindo o medo me consumir, mas só quando meu corpo foi girado e eu senti um perfume familiar que pude abrir um dos olhos, temendo ver algum tipo de bicho papão.

– Rachel, o quê tá acontecendo? – Jiyong perguntou preocupado e suspirei aliviada.

– Jiyong, é você? Meu Deus! – Exclamei e ele me encarou assustado.

Não pude controlar as lágrimas que começaram a rolar desesperadamente pelos meus olhos e Jiyong me puxou para si, tentando me consolar.

– Desculpa, eu não queria te assustar! – Ele afirmou, acariciando meus cabelos e fechei os olhos tentando me acalmar, mas mesmo assim as lágrimas não paravam de rolar e logo eu estava soluçando. – Rach, pelo amor de Deus! O que aconteceu? – Ele perguntou, assustado com a minha reação e nem eu sabia porque estava tão assustada. – Rach, fala comigo! – Ele implorou e eu não conseguia, simplesmente não conseguia fazer as palavras saírem, era como se tivessem roubado minha voz e a sensação era desesperadora.

– O quê tá acontecendo? – Uma voz firme soou e o Jay se aproximou, afastando o Jiyong e me abraçando de forma protetora. – Tá tudo bem amor, eu tô aqui! – Ele afirmou e finalmente me senti segura.

Seus polegares enxugaram minhas lágrimas, ele beijou meu rosto, repetindo suas palavras como uma mantra que pouco a pouco fez meus músculos relaxarem e eu pude respirar. Eu o odiava no passado e agora mal conseguia respirar quando ele não estava perto. Como pude ficar tão dependente? Eu que sempre gostei de dizer em alto e bom som que não precisava de ninguém, agora me segurava a camisa do Jay como se fosse cair em um abismo sem fim se não me segurasse a ele.

Estava tão perdida no universo particular que havia criado dentro dos olhos cor de mel do Jay que nem ao menos percebi que algumas pessoas se aproximaram e estavam me encarando com um olhar julgador. Sempre pensei que a universidade fosse diferente do ensino médio nesse sentido, mas tudo era igual. Apesar de sermos adultos, muitos agiam como criança e me encolhi envergonhada, mas logo uma voz autoritária fez com que todos se dispersassem.

– Sai todo mundo daqui! Tá olhando o quê? Perdeu alguma coisa aqui? – A Lexie perguntou irritada, se aproximando dali com o Jimin e todos pareciam ter medo dela pois logo começaram a ir embora.

– Tá tudo bem Rachel? – O Jimin perguntou com um olhar doce e eu apenas concordei com a cabeça, pois ainda não conseguia falar.

– Quer ir pra casa, amor? – Jay perguntou e eu neguei com a cabeça, mas notei que Jiyong abaixou a cabeça ao ouvi-lo me chamar dessa forma.

Aconteceu tanta coisa nos últimos dias que não tive nem ao menos tempo de explicar as coisas para o Jiyong. Não é como se tivéssemos algo, mas nos beijamos e eu havia prometido que não tinha nada com o Jay e agora estava claro que éramos um casal, mesmo que nem eu saiba como isso aconteceu tão rápido.

– Vem, melhor levarmos a Rachel para a sala de música. – O Jiyong sugeriu e apesar de fazer um bico, o Jay concordou e fomos até lá.

Logo eu estava sentada, cercada de pessoas que eu gostava e pude me sentir em paz. Eu que nunca tive amigos, agora estava rodeada deles e assim que minha mão parou de tremer com o copo d’água em minha mão, pude finalmente falar.

– Desculpa por ter fugido, eu pensei que era outra pessoa. – Expliquei e o Jiyong concordou com a cabeça, mas estreitou o olhar parecendo ainda mais preocupado.

Brincando com FogoOnde histórias criam vida. Descubra agora