Mágoa

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O desespero da Lexie era maior do que a minha cozinha, onde ela andava de um lado para o outro. Eu e o Jay, ouvíamos sua versão da história sentados no sofá. Minhas pernas descansavam sobre seu colo e ele massageava meus pés em todos os lugares certos fazendo com que vez ou outra eu fechasse os olhos e ficasse alheia ao problema da morena que puxava os  próprios fios longos.

– Será que dá pra se concentrar no meu problema? – Ela pede, irritada ao notar que eu estava de olhos fechados.

– Sim, claro! Mas por quê você acha que ele está te traindo? Vocês não tinham terminado? – Pergunto, tentando manter o foco.

– Eu não terminei com ele, ele terminou comigo! – Ela explica, revirando os olhos.

– E por quê ele terminou assim do nada? – Insisto, pois é difícil acreditar que ele faria algo assim.

Ela suspira e para encarando o Jay, mesmo sem que ela fale uma palavra, nós dois sabíamos o motivo e isso nos deixa sem argumentos.

– Bem, se ele terminou com você, não é traição Lexie. – O Jay afirma, dando de ombros.

– Claro que é! Foi na festa, antes dele terminar comigo. – Ela explica e a dúvida refletida em nossos olhares parece irritar a morena que volta a andar de um lado para o outro. – Eu vi! – Ela garante e encaro o Jay que estava com as sobrancelhas arqueadas. Aparentemente eu não sou a única que não acredito nisso.

– E onde você estava enquanto isso acontecia? – O Jay perguntou e ela suspirou.

– Bem, quando eu vi vocês e o Jiyong sumindo da festa, fiquei curiosa e fui ver o que aconteceu. Ouvi as brigas e depois fiquei com a Rosita na cozinha comentando sobre o que tinha acontecido. – Ela explicou e finalmente se sentou no sofá empurrando o Jay para mais perto de mim.

– Então você estava fofocando? – O Jay provocou e ela revirou os olhos.

– Não, eu estava trocando informações e isso é totalmente diferente! – Ela se defendeu e até então, não estavamos levando nada disso a sério, mas quando ela escondeu o rosto com as mãos e começou a chorar, nos entreolhamos e eu arregalei os olhos apontando na direção dela para que o Jay fizesse alguma coisa.

Ele ergueu as mãos, como se perguntasse o que deveria fazer e eu dei de ombros pois também não sabia o que fazer.

– Ei Lexie, vai ficar tudo bem! – Ele deu um tapinha nas costas dela e quando fiz uma careta questionando sua atitude, o Jay deu de ombros.

– É, não deve ser nada sério. Ele bebeu muito aquele dia. Devia estar magoado, provavelmente nem se lembra de nada. – As palavras parecem amargar minha boca, eu realmente estava tentando justificar a traição?

– É, também pode ter sido um mal entendido. De repente a garota beijou ele e antes que ele pudesse falar ‘ Sai pra lá nojenta’, você apareceu! – Ele imitou a voz do Jimin que era um pouco mais fina e eu tive que me controlar muito para não rir, então apenas bati no braço dele, chamando sua atenção.

– Jay, você não está ajudando! – Alertei e ele suspirou.

– É a primeira vez que eu estou do outro lado da traição, geralmente eu sou o que acoberta. – Ele justifica e eu suspiro.

– Jay, eu juro por Deus que se você não calar a boca eu vou costurar ela. – Ameaço e ele cruza os braços como uma criança que foi repreendida.

– Não tinha nenhuma garota. – Ela admite e antes que eu pudesse impedir, a voz do Jay se faz presente no quarto.

– Caralho! Ele te chifrou com um homem?  – Ele perguntou arregalando os olhos de tanta curiosidade e essa foi a gota d’água, empurrei ele pra fora do sofá.

Brincando com FogoOnde histórias criam vida. Descubra agora