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Estou dividida entre minha mente que me manda correr na direção contrária sem nunca olhar para trás, e meu coração que implora para que eu passe por cima de todas as luzes vermelhas que piscam em minha mente indicando o perigo e diga a ele como me sinto. Seus olhos castanhos me fitaram, tão culpados e ao mesmo tempo ressentidos. Seus passos até mim pareceram levar uma eternidade, como se estivéssemos a quilômetros de distância e por mais que ele se aproximasse, esse sentimento não parecia mudar.

– Rachel, eu não sei o que você viu, mas não significou nada e eu parei antes que algo acontecesse. – O Jay explicou, sua voz estava cansada, talvez ele estivesse tão farto de tudo isso quanto eu.

– Não precisa se explicar Jay. Você não fez nada de errado! – Afirmo e desvio o olhar.

Dali eu podia ver todo o campus e parte da cidade. Eu quase nunca ia ali, nunca tive tempo para admirar a paisagem ou curtir o fato de que estou em Nova York e por algum motivo, me pego encarando o horizonte, me perguntando que outras surpresas ele reservava para mim.

– Não fiz? – Ele perguntou, confuso e eu neguei com a cabeça, incapaz de encará-lo.

Minhas lágrimas tinham secado e apesar do nariz dormente pelo frio, eu estava conseguindo respirar sem sentir que punhais estão descendo pela minha garganta, então acho que isso é um avanço.

– Então porque eu estou sentindo que acabei de perder você? – Ele pergunta, sua voz embargada pelo choro me faz fechar os olhos tentando não ceder.

– Você não pode perder o que nunca teve. – Afirmo simplesmente, dando de ombros.

– O quê você foi fazer lá? Por que estava me procurando? – Ele insiste, tentando entender minhas motivações, mas se dependesse de mim, ele jamais saberia.

– Que diferença isso faz Jay? Era sobre o baile. – Afirmo, tentando despistá-lo, mas ele se aproxima.

– Faz toda a diferença Rach! Eu fiz besteira e estraguei tudo, mas só porque estou cansado de ser como uma bomba prestes a explodir nas suas mãos. Eu estou cansado de sentir que nunca vou ser bom o suficiente pra você e não ajuda quando outras pessoas me lembram de que isso é verdade. – Ele suspira e eu arqueio a sobrancelha.

Talvez eu esteja anestesiada, suas palavras machucam, mas consigo me abrigar em algum lugar da minha mente para que isso não me faça desabar.

– Não faz diferença porque eu nunca vou poder corresponder seus sentimentos. – Digo de forma firme e rápida, mas não agressiva, havia um tom de tristeza em minha voz que seria imperceptível para a maioria das pessoas.

Não me viro para encará-lo, não queria correr o risco de fraquejar ou de deixar que ele lesse em meus olhos que eu estava mentindo, mesmo assim ele parece perceber.

– Você está mentindo. Eu acreditaria que você dissesse que não quer tentar, que não confia em mim ou até que tem medo, mas você não pode dizer que não sente nada por mim porque eu senti isso Rach! – Ele afirma, se aproximando cada vez mais de mim e eu rezo para que ele não chegue mais perto pois eu tinha medo de enlouquecer, perder toda a minha razão.

– Sentiu o quê Jay? Nós estávamos fingindo namorar e em algum momento podemos ter confundido nossos sentimentos, mas não passou disso. – Insisto e ele dá uma risada nervosa.

Eu sabia que só havia uma forma de afastá-lo sem me magoar, mas eu não queria fazer isso. Não queria ser dura com ele ou ferir o seu ego. Queria manter pelo menos por mais alguns segundos os elos que construímos nos últimos dias, mas a quem eu estava querendo enganar? Esses elos já foram destruídos quando o vi com outra e ao lembrar disso, respiro fundo, decidida a fazer o que fosse preciso para destruir de vez qualquer esperança que ainda possa existir.

Brincando com FogoOnde histórias criam vida. Descubra agora