Broken Star

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Nossos olhos não se deixavam, seus olhos de dragão deixavam claro que eu era sua presa que lutava para se libertar de uma armadilha. De tantos armários nesse vestiário, como é possível que eu tenha entrado justamente no dele? Será o destino ou simplesmente porque ele é o único descuidado que estava sem cadeado. Talvez ele não use cadeado porque o armário está praticamente vazio e não tem nada aqui além de alguns produtos de higiene.

– O quê, uma barata? – Um dos meninos perguntou curioso ao ouvir a pergunta do Jiyong e me encolhi.

Meus olhos cheios d’água enquanto ele mordia o lábio inferior, só reforçaram a posição de poder que ele tinha no momento. Uma palavra dele poderia definir o meu destino e juntei as mãos em frente ao corpo.

– Por favor! – Eu sussurrei, implorando para que ele não me entregasse.

Ele balançou a cabeça, ponderando, e se eu não estivesse tão nervosa, poderia aproveitar a sensação de estar completamente dominada por ele. Sua mão grande adentra o armário, vindo em direção ao meu pescoço e engulo seco. Meu corpo trêmulo, suava frio e quando fechei os olhos pensando que ele tocaria minha pele, ele alcançou uma camisa pendurada ali e fechou o armário com um sorriso satisfeito no rosto.

Suspirei, sentindo um alívio percorrer todo o meu corpo e percebi que estava prendendo a respiração. Nunca fiz nada errado na vida antes e sinceramente, depois de hoje, acho que nunca mais faria. Por mais desconfortável que eu estivesse encolhida ali, ainda era melhor do que arriscar ser suspensa. Alcancei meu celular e comecei a digitar uma mensagem para a única pessoa que poderia me ajudar, tentando não revirar os olhos ao perceber que a minha pessoa era o Jay.

“Não sei como explicar isso, mas estou presa em um armário no vestiário masculino e preciso de ajuda.” Digitei, rezando que ele já estivesse voltando para a Universidade e esperei uma resposta.

Mas ao invés de me responder por mensagem o idiota do Jay me ligou e de repente uma música estridente de uma diva pop dos anos oitenta da qual eu não tinha muito orgulho, soou pelo vestiário e todos começaram a gargalhar.

"Girls just wanna have fun! Oh girls just wanna have fun!"

– Jiyong eu não sabia que você curtia esse tipo de música de menininha! – Um dos colegas zombou e eu me encolhi batendo levemente a cabeça contra a porta do armário.

Se antes ele não tinha me derrubado, agora certamente o faria. Nenhum garoto gosta de ser zombado e se ele não esclarecer as coisas, pode ficar conhecido na Universidade como o garoto que tem a música de uma diva Pop no celular. Já estava me preparando mentalmente para pegar um voo de volta para o Wyoming quando ouvi a voz do Jiyong soar pelo vestiário.

– Qual o problema em ser eclético? Eu curto esse tipo de música e isso não me faz menos homem por isso. Se uma música define a sexualidade de vocês, então eu tenho uma péssima notícia. – Ele debochou e de repente todos se calaram.

Mais uma vez meu corpo relaxou e quando eu ouvi o Jiyong cantarolando a música, eu tive que cobrir minha boca para não gargalhar. Ele me salvou, enfrentou a zombaria dos amigos para me proteger e isso me fez sorrir como uma colegial. Quanto mais eu conhecia o Jiyong, mais certeza eu tinha de que tinha feito a escolha quando me apaixonei por ele. O Jay tentou ligar novamente e no nervoso desliguei o celular.

Não sei dizer quanto tempo fiquei ali até parar de ouvir passos do lado de fora. Quando o primeiro período de aula acabou, todos saíram dali apressados e depois de me certificar olhando pela fresta em todos os ângulos possíveis eu saí dali na ponta dos pés. Meu coração quase saindo pela boca a cada risada que eu ouvia ao longe até perceber que elas estavam entrando pela janela. Quando coloquei o pé para fora do vestiário, finalmente pude respirar livremente e fechei os olhos de tanto alívio.

Brincando com FogoOnde histórias criam vida. Descubra agora