Confronto

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Pela forma que meu pai me encarava, com os olhos arregalados e os punhos cerrados, sabia que estava prestes a ser expulso de casa como meu irmão foi e pela primeira vez esse não era o meu maior medo. Sempre temi perder as mordomias que tinha em casa, as roupas de marca e festa regadas a bebidas caras pagas com o dinheiro do meu pai. Mas descobri recentemente que meu maior medo era perder a Rachel e mesmo que ele me expulsasse de casa, eu usaria aquele jatinho para que ela chegasse até sua mãe.

– Pai, eu preciso usar o jatinho, é uma emergência. – Afirmo em um tom sério e puxo a Rachel para trás de mim, ela já estava frágil demais para ter que lidar com mais esse problema.

Normalmente ela já estaria gritando com ele e a forma que a ruiva se encolheu, negando com a cabeça assim que o viu só confirmou que ela não conseguiria lidar com ele, não agora.

– Emergência? Jay, levar sua namoradinha para passear não é uma emergência! – Ele debocha dando uma risada soprada e suspira passando a mão pelo rosto da mesma forma que eu faço quando estou nervoso, antes de continuar. Sabe o quanto uma viagem dessa custa? Tem ideia do prejuízo que pode causar se houver um acidente fora de rota comercial? Sabe quanto dinheiro eu perderia se algo assim acontecesse? – Ele questiona irritado e o encaro incrédulo.

– Essa é a sua preocupação? Se houvesse um acidente é com o dinheiro que você está preocupado? Se houvesse um acidente você não perderia só milhões você perderia o seu filho! – Grito e meus olhos ardem.

– Você não está sendo racional Jay! Parece que perdeu a cabeça desde que conheceu essa garota! – Ele afirma, exasperado.

– Perdi! Perdi a cabeça, o coração, estou totalmente dominado por ela e feliz por estar porque se houvesse a droga de um acidente, ela seria a única coisa que eu me importaria de perder e não dinheiro. – Explico e ele ri desdenhando.

– Se você está tão evoluído e o dinheiro se tornou algo tão supérfluo, porque não para de gastar o meu? – Ele grita e perco a cabeça.

Sem pensar direito tiro minha carteira do bolso e tiro meus cartões de crédito um por um jogando-os no chão a frente do mais velho que me encarava boquiaberto.

– Quer tirar o dinheiro que sempre me deu? Tira! Quer tirar o meu carro, minhas mordomias? Pode tirar! Quer que eu trabalhe para pagar essa maldita viagem? Eu trabalho! – Grito e quando suspiro, minha voz sai em tom de súplica. – Mas por favor, deixe eu levar a Rachel pra Wyoming agora! – Imploro e minha garganta queima enquanto uma lágrima rola pelo canto do meu olho.

Sempre fui orgulhoso demais para pedir qualquer coisa a alguém e se fosse para mim, eu certamente não pediria, mas pela Rachel eu não me importava de ir contra o meu orgulho. Ele me encara como se analisasse minhas palavras e não desvio o olhar ou abaixo a cabeça nem por um minuto. Essa era a primeira vez que eu enfrentava o meu pai como um homem. Ele era o único obstáculo entre mim e o jatinho onde o piloto nos esperava no último degrau. Após pensar por alguns minutos, meu pai apenas deu um passo para o lado, saindo do caminho e assentiu para o piloto autorizando a viagem.

– Espero que se lembre bem das palavras que disse hoje Jay. O que o homem tem de mais valioso é a sua palavra. – Meu pai diz e concordo com a cabeça.

Passo por ele de mãos dadas com a Rachel em direção ao jatinho, mas antes que eu pisasse no primeiro degrau ele fingiu uma tosse chamando minha atenção.

– Onde pensa que vai sem seus cartões, idiota? – Ele resmunga e aponta para os cartões de crédito espalhados pelo chão revirando os olhos. – Como pretende conseguir acomodação e comida em Wyoming? – Ele pergunta e desvia o olhar, tentando se fazer de durão, mas sei que ele está cedendo, talvez pela primeira vez na vida e vou até ele o surpreendendo com um abraço.

Brincando com FogoOnde histórias criam vida. Descubra agora