Confiança

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Nem sabia como começar a me explicar, afinal de contas todas as evidências estavam contra mim. Eu estava segurando a camisa do Jiyong que eu mesma tinha tirado e nossos corpos estavam colados devido ao local pequeno. Alguns alunos passavam por ali agora e eu não pude deixar de reparar na ironia, já que quando gritamos por ajuda ninguém aparecia e agora repentinamente a universidade inteira parecia estar ali. Gaguejei apontando para o rapaz que começou a tossir ainda mais e simplesmente desmaiou sobre mim.

– Jiyong! – Chamei seu nome enquanto o peso do meu corpo me fazia deslizar pela parede buscando por apoio.

– Rachel! – O Jay gritou meu nome e tentou abrir a porta, mas também não conseguiu, então ele saiu correndo e me desesperei.

Será que ele foi embora porque estava com raiva de mim? Será que ele entendeu tudo errado e me conhecia assim tão pouco que achava que eu faria algo assim? Estava lutando para me manter de pé e não desabar, mas estava cada vez mais dificil. Ele tinha um físico esbelto, mas era pesado e como eu era bem menor do que ele, sustentar seu peso não estava sendo uma tarefa fácil e prendo a respiração fazendo força para levantá-lo mas não consigo.

Meus joelhos falharam e sei que não aguentarei muito tempo, mas por sorte, antes que nós dois caíssemos o Jay voltou com o zelador que carregava um pé de cabra. O mais velho tentou abrir a porta, mas não teve sucesso e quando os olhos do Jay se cruzaram com os meus, pude ver o desespero em seus olhos. Ele pegou a ferramenta da mão do zelador e forçou a porta que se quebrou diante a força que ele usou e assim que ela se abriu ele segurou o Jiyong erguendo seu corpo.

– O que está acontecendo aqui Senhorita Jennings? – A senhora Clark foi a primeira a buscar explicações, mas eu estava preocupada demais com o Jiyong para responder e quando o Jay deitou o corpo dele no chão, me ajoelhei ao lado encostando meu ouvido no peito dele tentando sentir sua respiração.

O Jay parecia irritado, com um bico em seus lábios típico de quando estava chateado, mas apenas suspirou ao ver que eu não conseguia falar e encarou a mais velha.

– Ela estava fugindo de uma pessoa, se trancou no armário, não conseguiu sair e aparentemente o Jiyong tem fobia de lugares fechados. – Ele explicou sem ao menos precisar ouvir minha versão e ela o encarou tão surpresa quanto eu.

– Como você sabe disso Senhor Park? – A mais velha perguntou e ele deu de ombros apontando para a maçaneta quebrada no chão do pequeno armário e ela franziu os lábios como se não estivesse satisfeita com a explicação.

– Foi isso mesmo que aconteceu Senhorita Jennings? – A mais velha insistiu e me irritei.

– Será que a senhora não está vendo que um aluno precisa ir para a enfermaria? Acha que poderíamos estar fazendo algo com ele nessa condição? Pensei que para ser diretora a senhora deveria ser ao menos inteligente! – Respondi, exasperada e ela me encarou boquiaberta.

Nunca havia levantado a voz ou respondido de forma áspera a nenhum membro do conselho da universidade, mas estava preocupada demais para raciocinar e quando percebi estava gritando.

– Me ajudem a levar o Jiyong para a enfermaria! – Implorei e ao olhar ao redor, notei que os alunos ainda cochichavam e quis gritar com eles, mas o Jay me defendeu, quando eu mesma não sabia se conseguiria.

– O quê vocês tão olhando idiotas? Se não vão ajudar, sumam daqui! – Ele gritou fazendo com que os rapazes o encarassem com os olhos arregalados, mas só quando ele caminhou na direção deles com uma postura ameaçadora é que eles saíram dali amedrontados e dei um pequeno sorriso, mesmo em meio aquele caos.

Ele levantou o Jiyong com seus braços fortes e me perguntei como era possível eu me sentir cada dia mais atraída por ele, mesmo em uma situação como essa tudo em que eu conseguia reparar eram seus fios negros caindo sobre seus olhos quando ele se abaixou e nas veias dos seus braços fortes e tatuados que ergueram o rapaz como se ele pesasse menos que uma pena.

Brincando com FogoOnde histórias criam vida. Descubra agora