Paz

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A Rachel é boa em muitas coisas, mas creio que seu maior talento natural seja me afastar. Ela me vê como um perigo, uma doença, um veneno para o qual ela parecia ter o antídoto perfeito e isso me faz questionar todas as decisões que já tomei até hoje. Faz com que eu me sinta culpado por cada garota que fiquei antes dela e isso não fazia o menor sentido. Não consegui falar com ela no carro e estava evitando qualquer contato mais íntimo com ela, pois isso só me deixa cada vez mais viciado e eu não sei como lidar com esse tipo de dependência.

Talvez ela tenha razão e o melhor caminho a seguir é deixar essa história pra lá. Mas e se eu estiver certo pela primeira vez na vida? E se eu puder dar a ela o amor que ela pensa que vai encontrar com o Jiyong? E se eu conseguir provar que posso ser tão ou mais confiável do que ele? Eu sei que me esforçaria e jamais a magoaria, mas porque ela tem tanta certeza de que eu faria isso? Nunca estive em um relacionamento antes para que ela possa usar meu passado como exemplo. Como ela pode me julgar sendo que eu sempre fui solteiro?

Estou andando pela Universidade e alguns alunos que tiveram o cadeado do armário arrancado ainda me olhavam de cara feia, mas eu não me importo. Estou a caminho da aula e tenho que me concentrar nas matérias. A organização do baile vai me ajudar com as horas complementares, apesar de eu não ter a menor ideia do que terei que fazer. Eu tenho que focar no meu objetivo principal que ficou de lado durante os últimos dias. Em uma coisa a Rachel tinha razão, realmente o amor pode nos tirar do eixo, talvez seja melhor evitar todo esse drama.

– Jay, espera! – A Lexie grita meu nome e me viro para vê-la correndo até mim. – Precisamos conversar! – Ela afirma e seu rosto está sério enquanto ela tenta recuperar o fôlego

– Pode falar. – Suspiro, colocando as mãos nos bolsos da calça jeans que estou usando.

– Aqui não. Vem! – Ela me puxa pelo braço e estranho sua atitude.

– Eu tenho que ir pra aula, Lexie! – Resmungo, exasperado e ela não parece se importar, pois nem ao menos me responde.

Quando percebi que ela estava me puxando para a área da piscina do ginásio e quando estávamos próximos a sala de equipamentos onde todos vinham para se pegar eu neguei com a cabeça.

– Qual é Lexie? Já falamos sobre isso. – Suspiro, cansado demais para lidar com essa situação.

A Alessandra é linda e nós nos divertiamos muito juntos quando era somente algo casual, mas quando ela começou a se apegar eu vi que não seria justo com ela e paramos. Se antes da Rachel eu não queria continuar, agora é que não quero mesmo.

– Para de graça Jay! Não é nada disso que está pensando. É sobre a Rachel! – Ela explica revirando os olhos e eu a encaro confuso, mas quando percebo já entramos no local.

– E porque temos que falar sobre isso no motel improvisado da universidade? – Pergunto olhando ao redor e vendo a pilha de colchonetes infláveis que deveriam ser usados nas aulas de natação, mas acabam sendo usados como cama para universitários com tesão.

Já usei essa sala o suficiente pra saber que ninguém vem aqui por outro motivo.

– Bem, você prefere discutir seu relacionamento falso aqui ou onde todos possam ouvir e falar sobre? – A morena pergunta, visivelmente irritada e suspiro.

– Aqui. – Admito e ela me encara com um olhar de julgamento.

– Além do mais, eu não sou mulher de transar em uma sala imunda! – Lexie resmungou antes de continuar. – Eu acabei dormindo lá na Rachel ontem e Jay, eu não queria dizer isso, mas você tem que se afastar dela! – A morena afirma e a encaro, desacreditado.

Brincando com FogoOnde histórias criam vida. Descubra agora