Fogo

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A forma que seu olhar de superioridade revezava entre analisar milimetricamente o meu apartamento e me analisar, era extremamente irritante. O Jay sempre teve um talento natural para me irritar e aparentemente isso é de família pois a essa altura, até mesmo a respiração do mais velho era um insulto para mim.

- Deixa eu ver se eu entendi, você está me oferecendo dinheiro para me afastar do seu filho? - Pergunto, com os olhos arregalados.

- Exato. - Ele concordou prontamente, com a caneta que deve custar mais do que a minha casa, pairando sobre o cheque em branco. - Basta você me dizer seu preço. - Ele completou e suspirei, tentando manter a calma.

- E quanto você acha que seu filho vale? - Pergunto, me aproximando do mais velho que deu um leve sorriso de canto.

- Acho que uns duzentos, trezentos mil dólares é o suficiente. - Ele afirmou e eu concordei com a cabeça.

Eu não precisava ler mentes para perceber que ele ficou radiante com nosso acordo fechado. O mais velho fez o cheque de trezentos mil dólares e me entregou. Eu dei um pequeno sorriso e peguei o pedaço de papel pela ponta, como se estivesse com medo de manchar a tinta da caneta.

- Sabe, eu nunca peguei um cheque de valor tão alto. - Afirmei e ele sorriu se ajeitando no meu sofá e guardando sua caneta novamente em seu paletó.

- Imagino que não, mas agora com esse dinheiro você pode se mudar desse cortiço e começar uma nova vida, de preferência em algum lugar bem distante daqui. - Ele sugeriu e eu concordei com a cabeça admirando o cheque enquanto franzia os lábios.

- Sabe, seu filho saiu daqui um pouco antes do senhor chegar. - Informo e ele concorda com a cabeça.

- Eu sei, mandei que ele me encontrasse em casa pois precisava tirar ele daqui. - O pai do Jay explica e balanço a cabeça em concordância.

- Ele me surpreende todos os dias, mas devo dizer que o senhor me surpreende ainda mais. - Afirmo e ele me encara com um sorriso, agora que eu estava fora do seu caminho, podia perceber que ele estava tentando forçar uma simpatia inexistente só para que eu fizesse o que ele queria.

- Em que sentido Senhorita Jennings? - Ele pergunta e eu suspiro.

- Bem, o Jay vem provando que amadureceu. Ele está se dedicando aos estudos, às atividades e principalmente a mim. - Explico e ele acompanha minhas palavras, atentamente. - Mas o senhor me surpreende ao achar que o seu filho vale tão pouco. - Afirmo, enquanto puxo as laterais do cheque devagar fazendo com que o papel se rasgue.

Ele estreitou os olhos parecendo me analisar e franziu os lábios, sorrindo.

- Não sabia que era tão ambiciosa Senhorita Jennings. Quanto quer então? Quinhentos mil? Um milhão? Diga quanto acha que o imprestável do meu filho vale. - Ele resmungou voltando a tirar a caneta do bolso e estalei os lábios, negando com a cabeça.

- Se o senhor não quer sair daqui com essa caneta enfiada na sua garganta, acho melhor guardá-la. - Disse em um tom calmo, com um sorriso calmo que não condizia em nada com minhas palavras agressivas que fizeram o mais velho arregalar os olhos. - O Senhor escolheu um péssimo dia para me visitar. - Afirmo e me espreguiço antes de voltar a encará-lo. - Eu já não sou uma pessoa agradável normalmente, pergunte ao seu filho se quiser, mas hoje isso está pior porque eu não durmo a dois dias. - Expliquei olhando uma jarra de suco que estava sendo usada como um vaso de flores. Elas já tinham murchado sobre a mesa e corri minhas mãos pelo vidro, sentindo a textura delicada do artesanato. - Em um dia normal, eu simplesmente mandaria o senhor para o inferno e seguiria o dia, mas como eu disse, hoje não é um bom dia. - Afirmo e me levanto com o vaso em minhas mãos fazendo o mais velho se encolher.

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