Brincando com Fogo

Foragido

A simples decisão de fazer algo por alguém, pode nos trazer um brilho que perdemos com o tempo. Meu corpo e alma que pela manhã estavam esgotados, pareceram criar uma nova força quando aquele pacto foi forjado e voltei para a casa dos Park sorrindo, sabendo que tudo aquilo seria temporário. A Lexie ofereceu sua própria casa para que eu ficasse por um tempo, mas pela forma que o Jay a encarou, com um bico enorme, eu sabia que ele não aceitaria ficar longe de mim. Como poderia? Ele não me deixava desde o primeiro dia do nosso acordo que nos levou a esse namoro e quando penso nisso, sorrio e me surpreendo, quando mesmo dirigindo, ele parece notar.

– O quê foi? – Ele pergunta, curioso e o encaro, sentindo sua mão tatuada repousar na minha coxa.

– Estou feliz pelo pacto que fizemos. Você viu o sorriso no rosto da Senhora Wiston? Acho que ela não fica feliz assim desde que te viu seminu no meu apartamento. – Comento e ele dá risada.

– Se é por uma boa causa, talvez eu deixe ela ver de novo! – Ele brinca e sorrio, mordendo o lábio.

Em qualquer outro dia eu o provocaria, dizendo que ele estava se achando demais e que nem era tudo isso, mas a quem eu estava tentando enganar? Ele era tudo isso e muito mais. Qualquer mulher ficaria feliz em tê-lo e pensar nisso fez eu me sentir sortuda, pela primeira vez na vida. Essa era uma sensação engraçada para quem acreditou estar amaldiçoada a vida inteira.

– Tenho certeza que ela iria adorar! – Confirmo e seguro sua mão que estava sobre a minha coxa, entrelaçando nossos dedos. – Mas como sou egoísta, acho que prefiro manter essa visão maravilhosa só pra mim. – Afirmo e ele sorri, corando, como eu nunca vi. – Jay Park está corando como uma garotinha? – Provoco e ele sorri, soltando minha mão, tentando parecer irritado, mas o brilho em seu olhar não negava que ele tinha gostado. – Não pensei que você era do tipo que cora quando recebe um elogio. – Comento e o vejo arquear as sobrancelhas.

– Não sou, digo, nunca fui, estava guardando essa versão de mim para você. O Jay que eu sou com você e para você, ninguém nunca teve. – Ele explica levando minha mão até seus lábios e a beija, sem tirar os olhos da estrada e sorrio.

Eu sempre adorava ouvir que ele nunca foi assim com outra pessoa e que nunca amou ninguém além de mim, porque agora que eu realmente sei como o amor pode ser, descobri que ele é o único por quem já senti isso. Eu tive uma admiração enorme pelo Jiyong, baseada no incidente do suéter verde, mas a verdade é que eu só queria ser vista quando eu me achava invisível. O que eu não sabia, é que o Jay sempre me enxergou e me pergunto se as coisas teriam sido diferentes se tivéssemos nos aproximado antes, mas o passado é um lugar perigoso e não quero mais me prender a ele, então afasto esse pensamento.

Quando chegamos na casa dele, as risadas das meninas já não eram o som principal pelos corredores e foi assim que percebemos que o Jehan já tinha ido. Entramos na ponta do pé como dois adolescentes que fugiram pela janela para algum tipo de festa e voltam tentando não fazer barulho pela madrugada, mas quando estávamos no topo da escada uma voz ecoa pela casa e dou um pequeno pulo, deixando um grito escapar e levo a mão ao meu peito sentindo meu coração acelerado.

– Se divertiram colocando suas vidas em risco? – O pai do Jay perguntou e eu acabei rindo, ao olhar para o Jay que estava vermelho tentando segurar o riso.

Eu nunca tive alguém me esperando voltar para casa, então era a primeira vez que eu estava prestes a levar o sermão de um pai, mesmo que não fosse o meu.

– Do que estão rindo? Eu contei alguma piada? – O mais velho parecia irritado, com seus olhos pequenos parecendo maiores atráves das lentes grossas do óculos e eu tentei parar de rir, negando com a cabeça, mas não conseguia parar de rir, a um ponto que meus olhos já estavam lacrimejando ele balançou a cabeça em reprovação. – Sinceramente, eu esperava isso do Jay, mas esperava mais de você Rachel! – Ele afirmou e eu parei de rir.