Brincando com Fogo

Cômite

O clima na sala estava tenso, o Jay que antes estava na direção oposta a minha cadeira, agora estava sentado ao meu lado como se nada tivesse acontecido. Já tirei a mão dele que insistia em repousar na minha coxa, diversas vezes. Sempre que eu desviava os olhos da lista e encontrava o olhar do Jiyong que parecia querer fuzilar o Jay, eu me encolhia. Ele deve estar achando que perdoei o tatuado pelo que ele fez mais cedo, mas apesar de precisar aceitar a ajuda dele, eu estava longe de esquecer.

– Eu posso conseguir as flores da decoração! – O Gray levantou a mão animado e completou. – Minha família é do ramo de floriculturas então isso não será um problema. – O rapaz sorriu orgulhoso, mas logo perguntou. – Quem ajudar ganha horas complementares, né? – Ele me encarou, esperançoso e eu dei de ombros.

– Posso conversar com o professor Ridley a respeito, mas não garanto. De qualquer forma, as empresas que ajudarem terão uma boa repercussão na mídia já que o baile geralmente é coberto pela imprensa e os créditos para as empresas que colaboram sempre são dados através dos jornais. – Expliquei e ele deu de ombros.

– Qual vai ser a atração principal desse baile? Ano passado foi uma orquestra bem chatinha e pelo que eu soube foi um fracasso. – Lexie lembrou e eu suspirei pois sabia que minha idéia não era muito melhor.

– Bem, eu ainda não decidi. – Confessei e ela sorriu animada.

– Que tal dar uma chance para os alunos de moda esse ano e fazermos um desfile? Podemos criar modelos exclusivos, fazer um leilão e todo o dinheiro que arrecadarmos iria para a caridade, já que é um evento beneficente. – Lexie sugeriu animada.

– Não é uma má idéia, mas e onde conseguiríamos modelos? – Pergunto, interessada na idéia já que seria algo novo.

– Bem, nós podemos ser nossas próprias modelos. Muitas das meninas do curso de moda também desfilam e caso precisemos de mais, sempre podemos conversar com a Diretora Clark e oferecer essa posição para quem precisar de horas complementares. – Ela explicou e eu sorri ao perceber que ela realmente tinha pensado em tudo.

– Nesse caso eu acho uma excelente idéia. Alguém tem algo a acrescentar ou tem alguma ideia tão boa quanto essa? – Pergunto e os meninos se entreolharam, mas ninguém abre a boca, então continuo. – Bem, quanto à comida, precisamos de um bufê. – Afirmo e vejo o Jiyong erguer a mão.

– Posso me encarregar dessa parte. – Ele afirma e o encaro confusa.

Como ele pretendia se encarregar disso? Até onde eu sei ele não é rico. Sempre o vejo andando de metrô assim como eu e nunca o vi ostentando com roupas caras como os demais faziam. Será que ele está tentando me impressionar? Não, eu não podia deixar ele se sobrecarregar financeiramente com isso.

– Na verdade, eu estava pensando se você não poderia se apresentar no baile? Mesmo com o desfile, um baile ainda tem que ter música. – Argumento e ele dá de ombros.

– Então eu faço os dois. Me apresento e cuido da comida. – Ele disse parecendo despreocupado e o Jay revirou os olhos.

– Calma aí Madre Teresa de Calcutá, deixa alguma coisa para os outros fazerem. – O Jay retrucou e apesar dele estar tentando irritar o Jiyong eu agradeci mentalmente quando ele continuou. – Eu cuido do buffet! – Ele disse e eu respirei aliviada.

Todos na sala eram ricos então não seria justo deixar o Jiyong, que assim como eu, lutava para sobreviver, se responsabilizar por algo que seria tão caro.

– Bem, nesse caso está decidido. – Afirmo e o Jiyong faz um pequeno bico, visivelmente irritado pela intromissão do Jay.

Após discutirmos mais alguns detalhes como as cores e tema do baile, a Lexie tomou para si a responsabilidade de contactar a imprensa e no fim a lista de afazeres estava na mão dela. Sem que eu percebesse ela pegou quase toda a responsabilidade para si e como ela parecia animada com isso, deixei que ela tomasse a frente do projeto. Talvez alguma distração fosse útil para ela, já que eu não estou vendo o Jimin por perto. Geralmente eles andam grudados, então se ele não está aqui é porque eles ainda não estão bem.