Casa

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Sabia que esse era um campo minado no qual eu jamais deveria pisar. A mãe da Rachel era completamente instável e mesmo que ela tivesse acusações contra Owen, suas palavras jamais poderiam ser usadas como testemunho em juízo por ela ser considerada incapaz.

— Você acha isso uma boa idéia, filho? — Minha mãe pergunta e dou de ombros.

— É uma ideia tão boa quanto qualquer outra. — Explico e ao notar que ela parecia apreensiva, entendo que ela sabia de tudo, mesmo assim pergunto. — O papai já sabe sobre a mãe da Rachel não é? — Pergunto e ela suspira concordando.

— Como ele não saberia se você usou seu cartão para pagar a nova clínica? — Minha mãe pergunta e eu levo o indicador até a frente dos meus lábios implorando por silêncio, então a guio pela mão para fora do quarto onde podemos falar sem sussurrar.

— A Rachel não pode saber disso! — Explico e minha mãe me encara, confusa.

— Como assim? Ela não sabe que você está pagando pela clínica, os remédios e que também gastou uma fortuna com aquele helicóptero para trazer ela? — Minha mãe pergunta e eu nego com a cabeça.

— Não, ela não sabe. É orgulhosa demais para aceitar algo assim. Tive que inventar que fiz um acordo com o Jehan, e eu realmente fiz, mas não foi por  isso. — Explico e minha mãe concorda com a cabeça, mas parece preocupada.

— Tem certeza de que é seguro interagir com essa mulher? — Minha mãe pergunta, apreensiva.

— Mãe, ela está em uma casa de repouso, é inofensiva, tenho que temer os que estão soltos e que podem ser capazes de qualquer coisa. — Suspiro, lembrando do olhar decidido de Owen.

É incrível como nossa opinião sobre uma pessoa pode mudar de uma hora para outra. Pela manhã o Owen era o tio das segundas feiras e agora, para mim, ele era o principal suspeito desse incêndio.

– Jay? – Ouço a voz da Rachel me chamando e abro a porta vendo que ela tinha acordado e parecia desorientada.

– Estou aqui! - Informei e encarei minha mãe que apenas assentiu como se entendesse que aquela era sua deixa para ir embora.

– Que foi? Pensei que não acordaria tão cedo. – Comento, e ela olha ao redor, torcendo seu nariz como se farejasse algo e eu dei risada porque tudo que ela fazia, por mais estranho que parecesse, era adorável para mim.

– Senti cheiro de comida. – Ela afirmou coçando seus olhos verdes que estavam com uma forte olheira abaixo deles.
– Minha mãe trouxe um pequeno banquete. – Comento, e ela boceja, como se estivesse decidindo o que deveria priorizar, seu sono ou a fome.

– Vou comer só um pouquinho então. – Ela afirmou, mas no momento seguinte estava quase se engasgando com a colher do arroz.

– Não sabia que você gostava tanto de comida coreana. – Comentei, com um sorriso e ela deu de ombros.

– Nem eu, na verdade eu nunca quis tentar por causa da pimenta. – Ela suspirou e abriu a boca tentando refrescá-la após comer um pouco do Kimchi que estava bem apimentado.

– Bebe um pouco d’água! – Eu instruí, sorrindo e servi um pouco de água no copo dela que após beber, fez uma careta engraçada.

– Isso só espalhou mais a pimenta na minha boca! – Ela resmungou, dando um tapa no meu braço e eu dei de ombros.

– Depois de uma semana aqui você acostuma. – Explico e ela franze os lábios que estavam avermelhados assim como o restante do seu rosto.

– Não vou ficar uma semana aqui, Jay! – Ela afirma e eu suspiro.

Brincando com FogoOnde histórias criam vida. Descubra agora