-- Por que você se veste como uma diretora de colégio, ou como o Juninho Play? -- pergunto, atraindo a atenção de Billie.

-- Quem é Juninho Play? -- pergunta confusa.

-- Um personagem de um seriado brasileiro -- explico, rindo um pouco. -- Ele é conhecido por usar roupas bem exageradas e chamativas.

Billie ergue uma sobrancelha, visivelmente intrigada.

-- Então você acha minhas roupas exageradas e chamativas? -- ela pergunta, com um leve sorriso.

Dou de ombros, tentando manter o tom leve.

-- Talvez só um pouquinho. Mas é um look marcante, com certeza.

Billie ri, balançando a cabeça.

-- Nunca pensei que seria comparada a um personagem de seriado brasileiro. Mas, vou levar isso como um elogio.

-- Com certeza é um elogio -- respondo, sorrindo.

A interação leve entre nós duas é uma mudança bem-vinda. Sinto que, aos poucos, estamos encontrando uma forma de coexistir nesse estranho acordo que fizemos.

-- Mas e você, por que não tenta algo novo? -- Billie pergunta de repente. -- Talvez algo que surpreenda todos amanhã. Um novo visual pode ajudar a reforçar nossa narrativa.

-- Hum, boa ideia. Vou pensar em algo -- digo, considerando a sugestão.

A conversa segue, e sinto que estamos estabelecendo uma dinâmica mais amigável. Isso é crucial, especialmente com todos os olhares e rumores que nos cercam. Se conseguirmos manter essa conexão, mesmo que superficial, talvez possamos convencer todos de que nosso relacionamento é real.

Enquanto a noite avança, me sinto um pouco mais otimista sobre os próximos dias. O caminho à frente ainda é cheio de desafios, mas com um pouco de humor e apoio mútuo, talvez possamos transformar essa farsa em algo positivo para ambas.

-- Vem cá -- Billie chama, sentando sobre minha mesa. Eu me levanto e ela faz com que eu fique em pé entre suas pernas.

-- O que está fazendo? -- pergunto, confusa.

-- Alguém mexeu a câmera, tem alguém nos vendo -- ela responde simples, abraçando minha cintura.

Tento manter a compostura, apesar da surpresa e da proximidade. Sinto a tensão aumentar à medida que percebo o olhar atento de Billie e a câmera provavelmente registrando cada movimento.

-- Então, qual é o plano? -- pergunto, tentando soar despreocupada.

-- Vamos dar-lhes o que querem ver -- Billie murmura, seu rosto mais próximo do meu. -- Um pouco de afeto público deve bastar.

-- Tudo bem -- digo, tentando relaxar.

Billie se inclina um pouco mais, fazendo parecer que estamos em uma conversa íntima. Seu rosto fica próximo ao meu, e por um momento, sinto seu hálito quente contra minha pele.

-- Finja que estamos sussurrando segredos -- ela diz, seus olhos fixos nos meus.

Faço um esforço consciente para sorrir e parecer natural. Sussurro algo sobre o trabalho, tentando manter a fachada.

-- Parece que a nossa encenação está funcionando -- murmuro, notando que Billie esboça um sorriso satisfeito.

Ela inclina a cabeça e dá um beijo suave em minha bochecha, um gesto que parece tanto íntimo quanto calculado.

-- Acho que agora os rumores irão correr o bastante por ai -- ela diz passando seu nariz por meu pescoço  me fazendo arrepiar.

-- p-parece que sim -- respondo sentindo minha voz vacilar

Billie sorri de lado, percebendo o efeito que sua proximidade tem sobre mim.

-- Desculpe -- ela murmura, mas seu tom não parece exatamente arrependido.

Eu respiro fundo, tentando recuperar a compostura.

-- Acho que já podemos voltar ao trabalho -- digo, tentando manter a voz firme.

Billie concorda, soltando-me lentamente.

-- Claro. Já fizemos nosso papel por hoje -- ela diz, voltando para seu lugar.

Eu volto para minha cadeira, sentindo meu coração ainda batendo acelerado. Tento focar nos e-mails e tarefas do dia, mas é difícil ignorar a presença de Billie tão próxima e o que acabamos de fazer.

Os rumores provavelmente vão começar a circular rapidamente. Cada interação agora será observada com mais atenção pelos colegas. Apesar da tensão, há uma sensação de que estamos ganhando terreno no nosso plano.

Durante o resto do dia, a atmosfera no escritório parece diferente. Olhares curiosos e cochichos se tornam mais frequentes, mas tento ignorar e manter a concentração no trabalho. Billie, por sua vez, parece mais descontraída, como se o peso de uma etapa do plano tivesse sido aliviado.

Quando o expediente chega ao fim, Billie se aproxima de mim novamente.

-- Acho que conseguimos plantar a semente do boato -- diz ela, um leve sorriso no rosto.

-- Sem dúvida. Agora só precisamos continuar alimentando a história -- respondo, sentindo uma mistura de alívio e ansiedade pelo que vem pela frente.

Ela assente.

-- Vamos ver como isso se desenrola. Se precisar de algo, estarei por aqui.

Enquanto nos preparamos para sair, não posso deixar de pensar em como nossas interações se tornaram complexas. Estamos em uma dança cuidadosa, tentando equilibrar nossa fachada e nossos verdadeiros sentimentos. E, no fundo, não consigo evitar a curiosidade sobre o que Billie realmente sente em relação a tudo isso.

Quando chegamos ao estacionamento, percebo que só tem meu carro, o de Billie e mais um ao fundo do estacionamento. Billie para ao lado do meu carro e olha para mim sorrindo de lado.

-- nosso contrato esta pronto, eu vou deixar na gaveta de sua mesa amanhã, não se esqueça -- ela diz baixinho. Ela olha em direção as escadas e escutamos o som de alguém descendo.

-- certo, vou ler com calma e ai te devolvo -- respondo e ela concorda se aproximando e beijando o canto de minha boca, mas de uma forma que quem quer que esteja descendo as escadas, pense que estamos nos beijando.

Enquanto Billie se afasta, ouço os passos se aproximando. Tento manter a expressão neutra, mesmo sentindo meu coração acelerar.

-- Boa noite -- digo, tentando soar casual.

-- Boa noite -- ela responde, sorrindo levemente.

Quando me viro, vejo Clara descendo as escadas. Ela nos olha com uma expressão curiosa, mas tenta disfarçar.

-- Ah, oi, Clara -- cumprimento, tentando agir naturalmente.

-- Oi -- responde ela, claramente tentando entender a situação.

Billie sorri para Clara antes de se afastar um pouco mais de mim.

-- Boa noite, Clara. Vejo você amanhã -- diz Billie, acenando levemente.

Clara assente, ainda parecendo confusa.

-- Boa noite -- responde ela, seguindo em direção ao seu carro.

Billie e eu nos entreolhamos uma última vez antes de nos despedirmos. Entro no meu carro, o coração ainda acelerado, e tento processar tudo o que aconteceu. A estratégia de Billie é clara: manter a fachada de um relacionamento para fortalecer o boato.

Dirigindo para casa, não consigo deixar de pensar no contrato que estará na minha mesa amanhã. Preciso analisá-lo cuidadosamente para garantir que todos os termos sejam justos e que minhas necessidades e limites sejam respeitados. Afinal, estamos entrando em um acordo que, apesar de ser apenas no papel, pode afetar nossas vidas de maneiras imprevisíveis.

Quando chego em casa, tento relaxar e me preparar para o dia seguinte. Amanhã será crucial para definir os próximos passos desse plano arriscado. E, embora ainda existam muitas incertezas, uma coisa é certa: nossa atuação está começando a gerar os resultados esperados.

Boss (Billie/You)GpOnde histórias criam vida. Descubra agora