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-- Preciso ir, se não a chefinha fica brava, mesmo que ela seja o motivo do meu atraso -- Digo me dirigindo para a porta de saida

Billie apenas assentiu, observando-me enquanto eu pegava minha bolsa. Havia algo no olhar dela, como se quisesse dizer mais, mas como de costume, as palavras ficaram presas.

-- Nos vemos mais tarde, então -- acrescento, já com a mão na maçaneta da porta.

-- S/n... -- Ela começa, mas eu não paro, já cansada de diálogos inacabados e sentimentos mal explicados.

-- Não se atrase mais uma vez por minha causa -- respondo de maneira leve, forçando um sorriso que não chega aos meus olhos. Saio antes que ela diga mais alguma coisa, o peso do que foi deixado para trás me acompanhando enquanto caminho em direção ao trabalho.

Ao entrar no carro, solto um longo suspiro, sentindo a tensão que estava segurando desde a noite anterior. Era sempre assim. As coisas ficavam no ar, nunca resolvidas de verdade. Parte de mim se perguntava até quando isso iria durar, e se um dia, uma de nós teria coragem de realmente encarar o que estava acontecendo.

O motor do carro roncou suavemente, e enquanto dirigia para o trabalho, minha mente continuava presa na casa, em Billie, e na estranha dança que estávamos fazendo — uma dança sem ritmo, sem direção, que parecia cada vez mais à beira de um colapso.

(...)

Billie simplesmente não apareceu na editora. Na verdade, o único que apareceu foi Finneas, seu irmão.

-- Oi cunhadinha, tudo bem?-- ele pergunta sorridente, sebtando-se na cadeira a minha frente, ele olha de relance para a mesa de Billie -- Onde esta minha irmã?

-- A última vez que vi ela foi pela manhã, em casa -- Digo simplesmente

-- estão brigadas?-- pergunta

-- Essa não é bem a palavra certa... Mas... Digamos que sim -- Dou de ombros e ele suspira

-- Billie é complicada... Mas acredite, depois que você entrou na vida dela, ela tem estado bem melhor. Não tem tido mais problemas com bebida ou coisa do tipo -- Ele diz e eu franzi minhas sobrancelhas.

-- Problemas com bebida?-- questiono confusa

-- ela não te contou?... Billie é alcoólatra... Mas ela tem se tratado. Pelo menos é o que ela diz -- Ele diz em um suspiro

O silêncio caiu entre nós enquanto eu absorvia a informação. Alcoólatra? Essa palavra ressoou na minha mente, mas parecia deslocada, quase impossível de associar à Billie que eu conhecia — ou achava que conhecia.

-- Não... Ela não me contou -- murmurei, ainda tentando entender.

Finneas me olhou com uma expressão de compaixão.

-- Não é algo que ela gosta de falar, especialmente com quem... -- ele hesitou, procurando as palavras certas -- com quem ela se importa. Ela sempre foi boa em esconder as coisas, principalmente as partes que acha que podem afastar as pessoas.

Eu me recostei na cadeira, sentindo uma pressão no peito.

-- E por que... por que eu nunca percebi isso?

-- Porque ela está se controlando melhor agora, desde que você entrou na vida dela. -- Ele se inclinou para a frente, apoiando os cotovelos na mesa. -- Mas é algo que sempre esteve presente. Ela lutou muito com isso antes de vocês se conhecerem.

Fiquei em silêncio por um momento, tentando juntar as peças. Isso explicava tanta coisa... a distância, a frieza, o silêncio. Era como se Billie estivesse lutando contra demônios que eu nem sabia que existiam.

Boss (Billie/You)GpOnde histórias criam vida. Descubra agora