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Billie tirou delicadamente algumas mechas de cabelo do meu rosto, sua expressão suave e cheia de arrependimento.

-- Eu só queria resolver isso tudo antes que as coisas saíssem do controle... Porque fiquei com medo que Finneas fizesse alguma coisa, que ele acabasse destruindo tudo o que a gente construiu. -- A voz dela era cheia de dor. -- Eu estava tentando proteger você... proteger a nós dois. Mas eu entendo que, no processo, acabei te machucando.

Eu desviei o olhar por um momento, tentando absorver suas palavras.

-- Mas a questão é que agora... com tudo isso... -- Minha mão tocou meu estômago, em um gesto que me surpreendeu tanto quanto a ela. -- Não tem mais como voltar atrás, Billie. As coisas mudaram.

Ela respirou fundo, os olhos fixos em mim com uma intensidade que eu nunca havia visto antes.

-- Eu sei que nada vai apagar o que aconteceu, mas eu estou aqui... e estou disposta a lutar por você, por nós. Eu quero estar ao seu lado, quero fazer isso funcionar, não importa o que Finneas tente. Ele não vai destruir o que temos.

As palavras dela eram sinceras, mas o medo e a insegurança dentro de mim ainda gritavam. Eu queria acreditar, queria confiar nela, mas depois de tudo, seria possível? O peso da gravidez e todas as mentiras recentes faziam meu coração se apertar de incerteza.

-- Billie... Eu preciso de um tempo para processar tudo isso. Eu... eu não sei o que pensar agora.

Ela assentiu, a expressão cheia de compreensão, mas também de uma tristeza profunda.

-- Eu entendo... Eu só quero que você saiba que eu estou aqui, independentemente de tudo. Eu te amo, S/n, e vou lutar por você, por essa família.

Eu apenas balancei a cabeça, ainda sem conseguir dizer se era o suficiente. Billie beijou minha testa suavemente, e com uma hesitação quase palpável, seus dedos roçaram minha barriga, como se estivesse tentando se conectar com a nova realidade diante de nós.

-- Vai descansar um pouco... -- A voz dela saiu baixa, quase um sussurro. -- Eu vou resolver tudo isso o quanto antes, eu prometo.

Eu senti o peso das suas palavras, mas ao mesmo tempo, estava exausta, tanto emocional quanto fisicamente. Tudo estava tão confuso, e o futuro parecia uma estrada cheia de incertezas. Não consegui responder, apenas assenti levemente e me afastei, sentindo seu olhar preocupado me seguir.

Subi as escadas lentamente, o toque suave dela em minha barriga ainda ecoando na minha mente. Eu queria acreditar que ela realmente resolveria tudo, que poderia consertar o que estava quebrado entre nós. Mas, ao mesmo tempo, uma parte de mim se perguntava se não seria tarde demais.

Quando estava prestes a fechar a porta do quarto, escutei Billie gritando de forma aninada.

-- EU VOU SER MAMÃE, PORRA!!!-- Ela fica em silêncio por alguns segundos. E tão posso ve-la ao pe da escada -- Desculpe S/n, eu me expressei um pouco mais alto e euforica do que pretendia... -- ela diz envergonhada

Eu não consegui evitar um pequeno sorriso ao ouvir Billie gritar tão animadamente. A euforia na sua voz era contagiante, mesmo com todo o caos que estávamos enfrentando. Quando a vi ao pé da escada, visivelmente envergonhada, senti meu coração amolecer um pouco.

-- Tudo bem, Billie... -- respondi suavemente, cruzando os braços e me encostando no batente da porta. -- É bom ver você tão feliz.

Ela deu um sorriso tímido, passando a mão pelo cabelo em um gesto nervoso.

-- Eu só... Não consegui segurar. -- Ela subiu um degrau, como se estivesse incerta se deveria se aproximar. -- Isso significa muito para mim, S/n. Mais do que eu consigo explicar.

O olhar dela era tão cheio de emoção, e por um breve momento, senti que estávamos nos conectando novamente, mesmo com tudo o que estava acontecendo.

-- Eu vou ficar quietinha agora ta? Você pode descansar... -- Ela diz baixo. Eu assenti levemente, sentindo uma mistura de cansaço e alívio ao mesmo tempo.

-- Obrigada, Billie... -- murmurei, enquanto me movia para fechar a porta do quarto. -- Acho que descansar um pouco vai me fazer bem.

Ela deu um sorriso tímido, ainda visivelmente tentando conter sua empolgação.

-- Se precisar de alguma coisa, é só chamar, tá? -- Billie disse baixinho antes de se virar, começando a descer as escadas.

Assim que a porta se fechou, me permiti respirar fundo. Tanta coisa havia acontecido, e a confusão dentro de mim parecia não ter fim. Mas ao menos, por agora, eu sabia que Billie estava tentando, e isso trazia uma centelha de esperança em meio ao caos.

(...)

Eu acredito que dormi por muito tempo, pois quando me deitei o ceu estava claro, e agora esta escuro.

A porta de meu quarto foi aberta suavemente, por ela passando Billie com uma bandeja. Ela não reparou que eu estava acordada. Parecia concentrada de mais em encarar o suco e o prato na bandeja em suas mãos, para ter a certeza de que não cairiam.

Eu observei em silêncio enquanto Billie se aproximava, tentando equilibrar a bandeja com cuidado. Ela parecia tão concentrada, tão cuidadosa, que me peguei sorrindo involuntariamente. Mesmo com toda a confusão entre nós, esse lado dela — atencioso e gentil — sempre me tocava de um jeito especial.

Ela colocou a bandeja na mesinha ao lado da cama e se virou, ainda sem perceber que eu estava acordada. Por um breve momento, seus olhos estavam fixos em mim, e ela suspirou suavemente, como se estivesse aliviada ao me ver descansando.

-- Eu só queria que tudo ficasse bem... -- murmurou baixinho, quase como se estivesse falando consigo mesma.

Ela suspira baixinho e então avista os papeis dos exames em cima da mesa de cabeceira. Ela os pega e parece em uma luta interna entre ler ou esperar eu "acordar" e autorizar.

Eu continuei fingindo que dormia, observando-a discretamente. Billie segurava os papéis dos exames, claramente indecisa sobre o que fazer. Seus dedos traçavam as bordas das folhas, e ela mordeu o lábio, como se estivesse ponderando se deveria lê-los ou respeitar minha privacidade.

Ela deu um passo para trás, deixando os papéis de volta na mesa, mas hesitou. Suas mãos tremiam levemente, e o conflito em seu olhar era evidente.

Finalmente, ela sussurrou para si mesma:

-- Eu só quero ter certeza que está tudo bem...

Então, olhando para mim por mais um segundo, como se estivesse buscando uma resposta mesmo no silêncio, ela se afastou da mesa, decidindo não ler.

Billie suspirou baixinho e, com um último olhar para mim, saiu do quarto em silêncio, fechando a porta suavemente atrás de si. A preocupação e o cuidado em seus movimentos eram claros, mas o peso de tudo o que estava acontecendo entre nós parecia estar lentamente a desgastando.

Assim que fiquei sozinha novamente, abri os olhos, sentindo uma mistura de alívio por ela ter respeitado meu espaço, mas também uma pontada de culpa por não ter dito nada. A bandeja com o suco e o prato continuava ao lado da cama, intacta, um gesto de carinho que contrastava com todo o caos emocional que estávamos enfrentando.

Boss (Billie/You)GpOnde histórias criam vida. Descubra agora