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(...)

Billie estava tomando banho para ir trabalhar, são exatamente seis e meia da manhã, esta meio friozinho hoje.

Eu trabalho home office, Billie abriu essa possibilidade na empresa. Confesso que facilitou muito a minha vida, pois posso cuidar da casa e de Lea, e ainda assim trabalhar. Para facilitar um pouco mais a minha vida, Bill contratou uma diarista aqui para casa, ela mantém tudo em ordem, eu só preciso cozinhar e cuidar do meu pequeno furacão, vulgo Lea.

Eu ouço passinhos no corredor, e alguns murmúrios que sei bem de quem se trata. Em questão de segundos, Lea passa pela porta, arrastado sua naninha e segurando sua chupeta contra os lábios.

-- Bom dia meu amorzinho!-- Desejo a pequenina que logo vem em minha direção.

Eu pego ela no colo e coloco ela em cima de minha cama. Mas ela parecia ter outros planos, pois logo ja estava em cima de mim. Ela ergue minha blusa apenas o suficiente para poder se enfiar de baixo, então ela deita sua cabeça em minha barriga e permanece nessa posição estranha.

Sorrio enquanto observo Lea se ajeitar debaixo da minha blusa, completamente confortável em sua posição estranha. Seu corpinho está quente, e seus pequenos murmúrios de satisfação ao se aconchegar contra minha barriga me fazem derreter.

-- Está confortável aí, bebê? -- pergunto, rindo baixinho, enquanto passo os dedos suavemente por suas costinhas.

Ela não responde, apenas solta um suspiro longo e relaxado. Claramente, encontrou o lugar perfeito para se esconder e se aquecer nesse friozinho da manhã.

-- Ah, você sabe como conquistar a mamãe logo cedo, né?-- comento, ajustando a coberta sobre nós duas para manter o calor.

Enquanto Lea se aninha ainda mais em mim, ouço Billie saindo do banheiro, enxugando o cabelo com uma toalha.

-- O que está acontecendo aqui?-- Billie pergunta com um sorriso, observando a cena com carinho.

-- A sua filha decidiu que eu sou o cobertor oficial dela -- respondo, rindo. -- Parece que não vamos sair dessa cama tão cedo.

Billie se aproxima, dá um beijo suave na minha testa e depois acaricia a cabecinha de Lea.

-- Bom, acho que está tudo bem em começar o dia devagar... Afinal, quem resiste a esse furacãozinho fofo?

-- Tete... -- Lea resmunga abafado por sua chupeta.

Lea ainda é amamentada no peito. Pois o recomendado é ate dois anos de idade. Mas por escolha própria, ela só mama pela manhã, e antes da sonequinha da tarde. Claro que ela come comidas sólidas também.

-- Você quer tête?-- Questiono observando ela levantando mais minha blusa, resmungando de forma irritada por não estar conseguindo alcançar seu objetivo.

Lea solta um pequeno resmungo de frustração enquanto tenta, com suas mãozinhas, levantar ainda mais minha blusa.

-- Tá bom, meu amor, vem cá -- digo com um sorriso, ajudando-a a se ajeitar.

Ela imediatamente se acalma assim que começa a mamar, soltando um suspiro de alívio enquanto se aninha ainda mais contra mim. Billie, já pronta para o trabalho, observa a cena com um olhar terno.

-- Ela sabe bem o que quer, hein? -- comenta baixinho, aproximando-se para nos dar mais um beijo de despedida.

-- Com certeza, é decidida igual a mãe -- respondo, olhando para Lea com carinho enquanto ela fecha os olhos, já relaxada.

Billie sorri me dando um selinho carinhoso e depois beijando minha testa, então ela se afasta pegando sua bolsa e indo em direção à porta.

-- Nos vemos mais tarde, amor. E aproveitem esse momento gostoso. Eu amo vocês -- diz antes de sair.

-- Vai com cuidado. Nós também amamos você -- respondo, antes de voltar minha atenção completamente para nossa pequenina, que está quase adormecendo em meu colo, tranquila e satisfeita.

(...)

-- Mamã, a neném -- Lea se aproxima me encarando séria.

-- O que a neném quer?-- Pergunto tirando minha atenção do computador, e levando para a pequenina que parecia séria.

Lea acaricia sua barriguinha que tinha boa parte para fora da blusa. Acho que esta na hora de comprar roupas...

-- Esta com fome?-- Pergunto e ela concorda minimamente -- Você não vai acreditar! A mamãe fez purezinho hoje! De batatinha!

Digo para Lea, pois sei que ela ama purê de batata. Lea abre um sorrisinho tímido quando menciono o purê de batata. Ela balança a cabeça rapidamente, animada, enquanto se aproxima ainda mais de mim.

-- Tinha! -- Ela murmura, como se fosse a melhor palavra do mundo.

-- Isso mesmo, batatinha! -- Respondo, me levantando da cadeira. -- Vamos comer, minha neném?

Ela estende os bracinhos para que eu a pegue no colo, e logo estamos na cozinha. Preparo um pratinho com o purê e coloco Lea na cadeirinha. Ela fica impaciente, batendo as mãozinhas na mesinha à sua frente.

-- Já vai, já vai... -- Digo, sorrindo ao ver a animação dela.

Assim que coloco a colher com purê em sua boca, ela fecha os olhos e faz um som satisfeito, como se estivesse saboreando cada pedacinho.

-- Hmmm, que delícia, hein? -- Comento, e ela sorri, estendendo as mãozinhas pedindo mais.

Eu rio da cena, feliz em vê-la tão satisfeita com algo tão simples. Eu lhe entrego sua colherzinha e ela não demora a afundar o objeto no purê de batata.

-- Mas é pra comer tudinho viu? Não é só o purê. Tem que comer o arroz, o feijãozinho, a saladinha, a cenourinha... Ta bom?-- Digo e ela me olha brevemente.

-- Ti ixo?-- pergunta me mostrando um pedaço de pepino, antes de leva-lo a boca para experimentar.

-- Isso é pepino, é gostoso?-- Pergunto analisando sua expressão ao experimentar o pepino.

-- É -- Responde simplista, voltando o foco para o purê.

Eu dou risada da resposta rápida e direta dela. Lea tem essa maneira única de se expressar, tão simples e sincera que me faz sorrir a cada momento.

-- Que bom que gostou, meu amor. -- Digo, observando enquanto ela continua comendo, focada em seu purê.

Mesmo com a colherzinha na mão, às vezes ela usa os dedos para pegar um pedaço de arroz ou cenoura, como se estivesse explorando cada textura. Eu a deixo à vontade, sabendo que faz parte do processo de aprender a comer sozinha.

-- Agora vamos tentar um pouquinho do feijãozinho? -- Sugiro, apontando para o prato.

Ela olha o feijão por um segundo, então, curiosa, pega um pouquinho com a colher e leva à boca, fazendo uma careta engraçada.

-- Ishi... -- murmura, me fazendo rir.

-- Não gostou muito, né? -- Pergunto, e ela apenas balança a cabeça, deixando o feijão de lado e voltando ao purê, seu prato favorito. -- Pode deixar ai. Esta tudo bem não gostar... Mas temos que experimentar pra dizer que não gostamos ne? Você experimentou... -- Explico observando ela tirando com a mãozinha um grão de feijão de sua colher.

Lea olha para o grão de feijão em sua mãozinha e o deixa de lado na beirada do prato, claramente decidida a não comer mais.

-- Não -- ela murmura, com sua expressão séria de criança decidida.

Eu sorrio, acariciando seus cabelos.

-- Isso mesmo, meu amor, você experimentou e agora sabe que não gosta. É assim que a gente descobre as coisas. -- Digo, vendo-a voltar ao seu purê com mais entusiasmo.

Ela continua comendo, satisfeita com sua escolha, e eu me sinto feliz em poder acompanhar esses pequenos momentos. Mesmo algo tão simples como o almoço dela se torna uma aventura de descobertas.

Boss (Billie/You)GpOnde histórias criam vida. Descubra agora