Capitulo 11 - Parte 3

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– Voltei por que tava com saudades! – ele disse sorrindo malicioso, me puxando mais pra perto de si e beijando meu pescoço. Eu estava tonta demais pra reclamar e apenas passei as mãos pelo seu pescoço.

– Eu não caio nessa – dei risada–, te dou outra chance!

– Não quero chance, quero beijo!– disse repentinamente juntando nossos lábios, em um beijo caloroso. Eu não queria, meus pensamentos estavam todos bagunçados, mas eu não conseguia soltar por causa dos seus braços apertados em volta de mim e o álcool me deixa valenta.

– Gabriel... – falei arfando ainda de olhos fechados – não.

– Por que linda? – perguntou franzindo o cenho, selando meus lábios repetidamente.

– Não – resmunguei, me esquivando sem sucesso.

– Fica aqui vai, Ju! – retrucou tentando encontrar minha boca novamente.

– Não tá ouvindo o que ela disse não?! – a voz do Igor ecoou entre nós e eu o olhei assustada sendo liberada pelo Gabriel, mas completamente aliviada por ele estar ali.

– Igor, Que saudades! Não me deixa mais sozinha aqui! – disse manhosa, tropeçando e o agarrando.

– De boa cara! – o Gabriel disse erguendo os braços e lançando um olhar irritado pra mim.

– Eu não te disse que não era pra beber? Que inferno Julia! Eu não posso te deixar um minuto sozinha que você enche a cara e se mete onde não deve! – o Igor bronqueou.

– Mas, eu não fiz nada! – me defendi com um bico e ele suspirou, me pegando pelo braço, me arrastando até o bar, onde eu sentei e ele pediu uma água pra mim.

– Onde tá a Fernanda? – ele perguntou abrindo a garrafa e colocando o liquido no copo.

– Eu não sei. – disse estalando os lábios enquanto ele discava seu numero no celular e falou algo com ela que eu não consegui entender, pois me sentia tonta.

– Você não devia ter bebido, o que você tomou?

– Um monte de coisa. – falei ainda lenta – mas, não reclama você me deixou sozinha pra ir abanar o rabo atrás da Maria Luiza. – resmunguei e eu rolei os olhos rindo sarcástico.

– Tá com ciúmes? – cruzou os braços, erguendo a sobrancelha.

– Af! Não tenho ciúmes de você, se manca! – resmunguei rabugenta e ele deu risada.

– Vamos embora, vai. – disse pegando no meu braço para que eu levantasse em segurança.

– Porque que a gente já vai? –perguntei dengosa, apoiando minhas mãos em seus ombros.

– Por que você bebeu demais e tá tarde. – falou paciente, me olhando nos olhos e eu sorri boba, lhe dando um beijo rápido, fazendo-o sorrir e negar com a cabeça, pedindo pra ir embora novamente. Eu concordei e quando íamos passando entre a multidão começou uma musica lenta, não resisti e o parei.

– O que foi? – me olhou confuso.

– Dança comigo essa. – pedi passando os braços em torno do seu pescoço e juntando meu corpo no seu.

– Você tá muito melosa! – sorriu beijando meu rosto, entrando no ritmo comigo.

Eu fechei os olhos e deitei minha cabeça em seu ombro, curtindo a sensação de estar ali em seus braços. Me sentitão bem, tão leve que não queria solta-lo nunca mais – Que tenha paixão, desejo, que tenha abraço e beijo que seja a melhor sensação... – cantarolou acariciando meus cabelos, sorrindo.

– Que preencha a vida vazia, mande embora a agonia e que traga paz pro coração. – Completei sorrindo fraco também, ainda de olhos fechados, inalando seu cheiro, desejando que aquilo nunca.

Ficamos ali um bom tempo, curtindo o show até terminar. Voltamos de madrugada pra casa e quando acordei já estava quase no fim da tarde com uma dor de cabeça perturbadora. Não havia ninguém em casa, apenas um bilhete da Fernanda.

'A minha noite foi ótima, parece que a sua também! k

Estamos indo à praia, qualquer coisa quando acordar encontra a gente.

Tem iogurte na geladeira e o Igor pediu pra avisar que tem alguns comprimidos debaixo do seu travesseiro.

Mil beijos, Fernanda <3'

Eu sorri tentando imaginar a loucura que ela devia ter feito na noite anterior, mas grunhi com a cabeça me lembrando da ressaca. Eu tomei o remédio e segui para o banheiro, tomando um banho quente. Em seguida coloquei um biquíni estampado, um short jeans e segui pra praia, encontrando os outros de saída.

Depois que eles haviam ido embora eu pedi uma agua de coco, pra hidratar e tirar aquele peso da minha cabeça enquanto aguardava o pôr-do-sol.

Sentei-me numa cadeira e aos poucos fui deixando a mente fluir, sentindo a brisa fresca tocar meu rosto, ouvindo as ondas irem e virem, assimilando e contabilizando tudo que haviao corrido naqueles dias.

Talvez o destino estivesse medando uma nova oportunidade de ser eu. Aquelas noticias do Luiz, depois de toda a dor, de tudo novo que aconteceu: o Igor, a Fernanda, soaram para mim como um: vá, seja livre. E Deus, ultimamente tenho me sentido tão viva, mesmo metendo os pés pelas mãos. Mesmo que meu peito esteja todo dilacerado, magoado por saber que ele me esqueceu. Que todos aqueles momentos juntos viraram apenas memorias, exclusivas e somente minhas. Eu respirei fundo e olhei para as ondas novamente, as encarando e pedindo que o levassem de vez e deixasse apenas uma nova Julia, uma Julia capaz de se libertar desse passado, pois como diria o Frejat: se nenhum amor dura pra sempre, nenhuma dor também.

Após alguns minutos o Igor sentou-se na cadeira do lado, me despertando dos meus pensamentos.

– A gente devia namorar, sabe? Tô cansado de levar fora da Malu. – deu um riso cansado, acomodando-se na espreguiçadeira, olhando o mar assim como eu.

– Meu nome agora é step por acaso? – perguntei o encarando por trás dos óculos, erguendo a sobrancelha e ele deu risada.

– Não, mas está sozinha tanto quanto eu. E você melhor do que ninguém sabe que temos química, nada impede da gente tentar. – explicou levantando-se e me estendendo a mão para levantar.

– Você acha mesmo que vai dar certo? – apertei meu lábio, ficando de frente a ele e passando as mãos pelo seu pescoço.

– Por que não? – riu de leve, deslizando sua mão pela minha cintura – Você é legal, não brigamos, eu sou perfeito, sua mãe me adora... – falou divertido, mordendo meu lábio de leve e o puxando.

– Você é um convencido! – o condenei dando um sorriso e ele colou nossos lábios novamente, iniciando um beijo, um sim. Uma nova fase, iniciando o começo de uma nova eu. Uma Julia que não vai se importar se o irmão vai surtar ao saber da novidade, que vai aproveitar as oportunidades que a vida lhe oferece e uma delas é esse novo amor, deixando pra trás o que lhe retém e nada melhor do que aquele pôr-do-sol pra firmar tudo aquilo.

~:2E'

Caminhos tortosOnde histórias criam vida. Descubra agora