Capitulo 29

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– Eu vou pedir uma pizza pra nós jantarmos. Quer escolher o sabor? – perguntou ao me ver entrar no quarto novamente, discando o numero no celular.

– Pode pedir o que quiser. – sorri fraco, sentando-me na cama. Então ele assentiu fez pedido, vindo até mim em seguida.

– Então, por que brigou com o teu ex? – questionou dando ênfase ao 'ex' e eu rolei os olhos.

– Antes de ser o meu ex – dei ênfase o encarando firme, o fazendo suspirar – ele é o meu amigo e o motivo você já deve saber. – apertei o lábio, desviando o olhar do seu – Nós. Não é novidade que não temos apoio e eu escondi dele, do Junior, do meu pai. Eles ficaram chateados.

– O seu pai já sabe, quando isso? – indagou confuso.

– Sim, foi o único que eu consegui contar. No dia do noivado do Ju. – estalei os lábios, chateada com a situação – ele não ficou muito animado, mas disse que eu era maior e podia fazer as minhas escolhas. Pediu para que eu desse um tempo pro Junior digerir tudo e provavelmente agora o Igor também.

– Ao menos ele não proibiu a gente. – suspirou – E eu ainda não sei por que você se importa com a opinião do Igor e também não sei por que ele se mete tanto, devia cuidar da namorada dele. – reclamou aborrecido.

– Por que quando você resolveu reconstruir a sua vida ele quem cuidou de mim e tanto ele quanto os outros tem receio que tudo aconteça novamente. E eu já te falei mil vezes que não vou abrir mão da amizade dele. Você escolhe: remoer isso o resto da nossa vida e acabar me perdendo por isso ou aceitar de uma vez e evitar confusão. – disparei irritada, querendo dar o assunto encerrado, o fazendo engolir a seco – e voltando ao assunto a minha mãe ouviu tudo, agora já sabe de nós. – o informei receosa.

– Ao menos pra isso ele serviu. Mais dia, menos dia ela saberia Ju, nós não temos que obedecê-la. A única coisa que ela pode fazer é aceitar, assim como a minha mãe. – explicou tentando me tranquilizar, segurando minha mão e acariciando meu rosto – relaxa, ok? Amanhã nós vamos lá e conversamos com ela.

– Tudo bem, mas fica logo ciente que com ela não vai ser fácil. – murmurei recebendo um abraço seu.

– Por você eu enfrento quantas Evas forem preciso. Por você qualquer sacrifício vale a pena. – prometeu selando nossos lábios.

[...]

Nós acordamos as nove com a campainha tocando sem parar, nos assustando. Não seria difícil tentar imaginar quem seria, provavelmente estavam a minha procura.

– Se veste e vem comigo pra sala. – o Lu disse levantando-se e colocando a camisa do seu pijama.

Rapidamente eu tirei a sua roupa e coloquei a minha da noite anterior, indo ao banheiro para lavar o rosto e logo depois o acompanhando até a sala.

Assim que ele abriu a porta a minha mãe adentrou aos berros freando ao me ver. Junto dela estavam os pais dele e o meu pai e eu quis morrer ao imaginar o barraco que ela estava protagonizando, indo atrás deles e vindo até aqui.

– É pra cá que você preferiu vir a conversar comigo? – perguntou possessa, jogando a bolsa em cima do sofá – Depois de quatro anos é essa mesma merda que você faz?! Você perdeu a noção garota?! Ein?! – gritou e eu me encolhi por instinto.

– Eva... – meu pai interferiu, visivelmente envergonhado – por favor.

– Por favor?! Por favor, digo eu Carlos Eduardo! Olha o que a idiota da sua filha tá fazendo! Não me venha com por favor, ela teve a ousadia de me deixar falando sozinha pra vir dormir com esse moleque e você ainda quer que eu fique calada?! – retrucou irritada, me fazendo ter que segurar o choro, temendo um vexame maior.

– Eu acho que a senhora esqueceu que não está em casa, eu agradeceria se fizesse a gentileza de portar com uma pessoa civilizada. Do contrario, a porta da rua é a serventia da casa. – o Luiz disse impaciente e irritado, fazendo-a engolir a seco.

– Eu também acho que não necessita de confusão para resolvermos isso Eva. – o Everton, pai dele manifestou-se em um tom cauteloso – eles são maiores.

– Mas ela não se banca sozinha e enquanto viver sob o meu teto, vai viver sob as minhas regras! – contestou entre os dentes, querendo me humilhar, sem desviar o olhar de nós.

– Não seja por isso, eu me banco. Ela fica e a gente casa! – o Luiz falou se impondo, fazendo meu pai suar e eu e a sua mãe o olhar assustadas – Você só vai adiantar o que a gente quer mesmo.

– É claro que não precisa disso! – meu pai protestou prontamente, nervoso – Vocês são novos demais. Isso não é coisa que se resolva de cabeça quente e a Julia não vai sair de casa assim. Filha, por favor, vamos pra casa lá a gente conversa. A sua mãe está nervosa e eu prometo que tudo vai se resolver da melhor forma...

– Não! Ela quer ficar com ele, não quer?! Deixa ela ai. Eu só te digo uma coisa, quando você quebrar a cara nem pense em voltar pra casa, por que lá você não pisa mais! Entendeu?! – falou me olhando e eu queria morrer. Por que ela estava fazendo tudo aquilo?! Era vergonhoso. Não tinha cabimento. E eu se quer conseguia formular algo pra me defender, pra contestar aquele escândalo todo, a única coisa que eu tinha vontade e conseguia fazer era chorar.

– Eva, você está sendo ridícula. – Mirian interviu – Eles só estão namorando, não necessita você tomar uma atitude dessas. A garota se quer se negou a ir conversar com vocês. – argumentou aborrecida – por mais que eu prefira a Camilie assim como eu você não pode fazer muita coisa.

– Ah, você prefere a Camillie?! – deu um riso irônico – E por que ela não tratou de prender o seu filho?! Mais de três anos de namoro e ela não conseguiu dar um misero golpe da barriga. – disparou.

– O mesmo que você deu no Carlos Eduardo, para que ele abrisse mão do Everton por você?! Não, sinto muito, mas ela não foi tão esperta. – devolveu sorrindo falsa assim como ela, fazendo todos os olhares constrangidos da sala voltarem-se a elas, me matando de vergonha por todo mundo saber que a minha mãe era inescrupulosa.

– Pai, eu vou pegar a minha bolsa. – murmurei quebrando o silencio e impedindo que a minha mãe disparasse mais alguma coisa e terminasse de vez de mandar a sua dignidade para o espaço. Eu fui para o quarto pegar a minha bolsa, sendo seguida pelo Luiz que me abraçou forte quando entramos.

–Tem certeza que quer ir? – perguntou agoniado – eu posso ir com você. – sugeriu, selando nossos lábios.

– Não, eu converso com eles, não se preocupa. Mais tarde dou noticias. – falei tentando tranquiliza-lo, dando-lhe um beijo rápido antes de retornarmos pra sala.

[...]


Caminhos tortosOnde histórias criam vida. Descubra agora