Capitulo 20

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[...]

Depois de um tempo a Fernanda apareceu aqui em casa. Nós ainda pensamos em chama-la pra sair, mas ela havia dito que o Nick tinha marcado de fazer uma surpresa pra ela à noite e o Igor tinha que ver a Malu que chegava logo mais.

Nós conversamos sobre os nossos beijos, resolvemos não contar nem pra Fer, guardar o segredo entre nós e combinamos que não aconteceria de novo, principalmente por que não era certo com a Malu, nem conosco. Ele gostava dela, apenas tinham brigado pelo seu ciúme, o que vem acontecendo constantemente e não era motivo, nem desculpa suficiente para trai-la.

Também não era bom pra eu me meter nisso, seria ridículo a essa altura do campeonato ser a 'outra', já tenho problemas demais não seria certo me envolver em um rolo mais complicado ainda, mesmo tendo gostado muito e sendo muito confuso ter rolado isso tanto tempo depois de termos terminado.

Eu pretendia dormir cedo aquele dia, mas o Junior apareceu e me chamou pra jogar poker com ele, a Robertinha e o Eric. Me diverti bastante com eles, mais do que esperava, até porque as mensagens insistentes do Luiz Otávio hora ou outra apitavam. Fomos dormir um pouco tarde e ao menos isso fez com que eu consegui relaxar e ter uma noite tranquila como há dias eu não estava tendo.

[...]

''Hoje eu preciso ouvir qualquer palavra tua, qualquer frase

Exagerada que me faça sentir alegria em estar vivo.''

Eu dei um suspiro massacrado e joguei o cartão em cima da cama, sentando-me em seguida e encarando o chão.

Na saída faculdade me apareceu um entregador com um enorme buquê de rosas, cheguei a achar que era engando, mas no cartão e na nota estava meu nome e sobrenome e eu não precisei fazer muito esforço pra saber de que eram.

Todo mundo ficou olhando e eu não consegui passar despercebida com elas dentro de casa. A minha mãe ficou louca pra ler o cartão, custou muito para fazê-la acreditar que não veio junto. Só se conformou quando falei que suspeitava que as flores tinham sido enviadas pelo tal 'ficante' que ela comentou no fim de semana.

– Que lindo! Nunca ganhei flores. – a Fernanda comentou cheirando o buquê.

– O que ele tá fazendo não é justo, Fer. – falei apertando o lábio inferior, querendo conter um choro – ele não vai me dar mais paz! Hoje é um buquê maior que eu de flores, amanhã vai ser o que? Um carro de som? Uma faixa? – indaguei angustiada.

– Por que você não marca com ele de novo, pra por um fim nisso?! – ela perguntou entediada, largando as flores e lendo o bilhete.

– Eu tenho medo. – confessei correndo o dedo por cima de uma pétala alaranjada de uma das rosas. Eram lindas. Foram dele. Mas eu não podia.

– Do que? Você ainda gosta dele? – questionou confusa.

– Sim, tenho medo de não resistir. – murmurei – Fer, eu não sei, eu achei que o que eu sentia por ele tinha diminuído e estava quase no fim. Mas ai ele aparece. Bagunça tudo. E de repente só de ter sentido o seu cheiro parece que aquele amor todo veio de novo, mais forte. – expliquei – Eu não quero mais. Já deu, sem contar que ele não vai largar tão fácil a tal da Camillie se eu ceder agora. – estalei os lábios.

– Mas, ele não te disse que acabou tudo? – comentou erguendo a sobrancelha e eu dei risada.

– Você acha mesmo que ela vai largar o osso tão fácil? Pode ser conversa dele, ela nem mora aqui, não teria como eu ficar sabendo, nem ela.

– Tem razão. – disse pensativa – bloqueia o numero dele, pelo menos as sms vão parar e você pode pensar.

– É isso que eu vou fazer.

[...]

Eram sete e quarenta e eu estava terminando a minha maquiagem quando o Gabriel buzinou. De ultima hora ele resolveu fazer uma reunião surpresa pra comemorar o aniversário da Fernanda, mesmo atrasado, pois ela havia escolhido sair com o Nicolas ontem. Ela achava que eu ia sair com o Igor e o Nicolas ficou de leva-la até lá.

Rapidamente eu terminei e desci jogando alguns beijos e um tchau pro meu pai antes de sair.

No carro com ele estava a Sofia que me cumprimentou carinhosamente, como de costume. Mas não consegui disfarçar muito bem minha aversão à ela, depois de vê-la no restaurante. Era infantil, mas não consegui controlar a vontade de me afastar dela.

– Que demora! Achei que só íamos amanhã. – ele brincou.

– Para, foram só cinco minutinhos. – resmunguei.

– Cinco seu e dez da Sofi com o interrogatório do irmão dela. – deu risada sem tirar a atenção do trajeto.

– Não sabia que tinha irmão. – falei a olhando confusa.

– Ah, eu tenho sim. Sou adotada. – comentou mordiscando o lábio inferior – ele vem me buscar, posso apresentar vocês.

– Ah, entendo, tudo bem. – sorri fraco – Também tenho um. Mas ele não pode vir hoje, foi dormir na casa da namorada, os pais dela não gostam que ela durma sozinha quando viajam.

– Eu acho que nem tão cedo vou poder dormir juntinho do Gab's. Lá em casa a marcação é cerrada pelo meu pai e pelo meu irmão. – fez bico.

– Eu já te disse que não tenho problemas em pular janelas! – ele comentou com desdém e nós rimos.

Ao chegarmos a casa eu peguei uma bebida e passei os olhos pelo ambiente na esperança de ver o Marcelo, mas não obtive sucesso e tive que perguntar por ele ao Gabriel, que me informou que ele não pode vir por que o filho dele estava doente, o que me desanimou, pois até a Fer chegar eu teria que me enturmar sozinha.

Após o 'suuuuuuuuurpresa' e o 'parabéns pra você' o Igor e a Malu apareceram. Fiquei super desconfortável quando ele veio me cumprimentar, lembrando da nossa tarde. Me sentindo suja e culpada.

– Jura que não vão ficar até o fim? – a Fer perguntou manhosa ainda no abraço dele.

– Sim, a Malu não está muito bem. Viemos só pra te cumprimentar rapidinho e comer bolo. – explicou divertido, mas estava na cara que ela estava ótima. O problema mesmo era que ela fingia gostar da gente, o que era uma pena por que nós duas sabíamos que ela nos detestava.

– Tudo bem. – concordou conformada, em seguida abraçando a Maria Luiza – vão ficar me devendo essa.

– Pode deixar que da próxima a gente vem. E feliz aniversário de novo! – ela disse sorrindo – Depois marcamos de sair todos nós, fico louca pra saber que assunto é esse de vocês que não acaba! Sempre saem sem mim. – comentou fingindo inocência e sorrindo pra mim. Eu controlei a vontade de rolar os olhos e sorri o menos cínica possível.

– Ah, bobagem. Pode marcar com a gente que saímos quando quiser! – retruquei cínica, me despedindo do Igor com um abraço. Ele deu um riso, com certeza da nossa falsidade, e beijou minha testa antes que eu a abraçasse e se despedisse dela também. Em seguida nós os deixamos até o portão.

– Falsa safada! – a Fer resmungou suspirando e eu ri – sério, aposto que ele não ficou por que ela ficou de mimimi antes de virem. – ela disse um tanto quanto irritada, parando e se virando para me olhar.

– Eu sei, mas fazer o que se ele mesmo disse que gosta dela? – disse gesticulando cansada.

– É um tonto mesmo. – rolou os olhos.

– Mas mudando de assunto, qual foi a sua surpresa de ontem? Acabamos não falando por causa do que aconteceu pela manhã. – perguntei curiosa e ela deu uma risada satisfeita, mudando completamente o humor.

– Jantamos juntos e depois fomos a um motel caro. Tudo muito romântico. Bonito. Gostoso. Valeu a pena ter passado a noite em claro! Ele foi perfeito como sempre no quesito sexo. – disse encantada, quase dando pulinhos de alegria e eu ri.

– Ai que 'eveja'! – brinquei e nos rimos juntas em seguida voltamos pra dentro.

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Caminhos tortosOnde histórias criam vida. Descubra agora