Caminhos tortos

Capitulo 14

Julia Narrando

– Oi gatinha! – o Junior disse sorrindo ao me ver escorada na porta do seu quarto, como um gato manhoso a procura de carinho. Eu estava cansada, abalada e até um pouco enjoada com a surpresa que tive há uma hora, precisava de colo – aconteceu alguma coisa? – ele perguntou sustentando o sorriso e deixando o note de lado na cama. Eu assenti, fechando a porta atrás de mim, passando a chave e indo em direção a ele, deitando a cabeça em seu colo, me aninhando ali. Ele me olhou com o semblante confuso, mas logo em seguida começou a afagar meus cabelos.

– Eu vi o Lu. – soltei pra ele que ainda mexia no meu couro cabeludo.

– Luiz Otávio? – pergunto ainda confuso e eu confirmei com um murmuro – tomou coragem pra olhar as fotos?

– Não, eu o vi pessoalmente. Hoje, agora a pouco. – expliquei.

– O que aquele idiota tá fazendo aqui? Ele veio atrás de você? Onde se viram? – perguntou visivelmente zangado e eu se eu não tivesse tão fora de mim em relação às sensações teria rido.

– Nos encontramos por acaso, na lanchonete da avenida. Eles estão morando aqui de novo. – suspirei.

– Aqui, em frente? – ergueu a sobrancelha – a D. Eva não vai ficar feliz em saber disso.

– Eu não sei, mas nós é que não vamos contar. – o alertei – e acho que não estão morando por aqui. Se fosse a mamãe já teria mandando cercar a casa, já teria pirado. – rolei os olhos, o fazendo rir.

– Mas, o que ele te disse pra te deixar assim? – perguntou desconfiado.

– Nos cumprimentamos, apenas. Foi muito rápido. A Heloisa me reconheceu. – aperei o lábio inferior lembrando.

– E você ainda sente algo por ele?

– Eu achava que não Ju, mas eu não sei – estalei os lábios em frustração – Ele ter aparecido agora deu um nó na minha cabeça. Estou com medo de ele me procurar. – confessei.

– Se ele vier atrás não encontra com ele Julia – pediu cauteloso, acariciando meus cabelos – Não vai valer a pena, o que vocês tiveram já passou, tanto é que ele começou a namorar com outra logo depois. Não faz sentido mais, além de tudo se a Eva e a Mirian souberem vai dar aquele rolo todo de novo.

– Eu sei. – murmurei reprimindo um choro, me encolhendo mais ali – isso só está remoendo dentro de mim. É tão ruim. Eu queria poder apagar tudo de mim. Mandar isso embora...

– Eu entendo. – suspirei – mas, vamos falar de outro problema e aproveitar a ida coletiva ao psicólogo. – brincou me fazendo sorrir fraco.

– Conta.

– A Robertinha, estamos há tanto tempo juntos. Eu tô quase me formando e vai chegar uma hora em que vamos ter que assumir isso. Não vou abrir mão dela na minha formatura – suspirou – mas, eu tenho medo que a D. Eva estrague as coisas.

– Vocês têm um amor tão lindo. Vão acabar casando... – comentei o fazendo sorrir bobo – Mas, de qualquer forma um dia ela vai ter que saber. Conversa com o papai, ele pode te ajudar.

– Boa ideia. Vou conversar com ele amanhã, tenho que resolver isso logo, nem que ela ameace se jogar da sacada. – rolou os olhos.

– Eu te ajudo a trancar tudo antes, não se preocupa. – dei risada.

Nós passamos um bom tempo juntos, conversando e logo depois eu fui para o meu quarto, recebendo uma ligação do Igor pra confirmar a nossa saída amanhã. Íamos ver uns conhecidos da faculdade cantarem em um restaurante. Em seguida mandei uma sms pra Fer, pedindo que ela viesse aqui pela tarde. Ela me respondeu um 'Ok' e eu deduzi que provavelmente ela estava com o 'boy magia' dela, dando risada só de pensar nas suas lamentações por ter resistido a ele na noite anterior quando ela chegasse.

O sono custou a chegar, mas o cansaço por ter acordado cedo pra correr e as coisas da faculdade acabaram me entorpecendo e venceram.