Capitulo 12 - Parte 2

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– Tá conturbado como sempre, uma hora ela quer, outra hora ele não, Aos trancos a barrancos – dei risada –, eles brigam e acabam voltando na cama.

– Só você que ta sozinha! – comentou – Vai ficar pra titia, ein. – zombou.

– Adoraria ter um sobrinho! – sorri cínica, bebendo o liquido do meu copo.

– Eu não duvido que o Júnior te dê um sobrinho logo, é de admirar a Robertinha ainda não ter engravidado. – comentou pelo fato deles estarem juntos até hoje com o fogo que têm e a minha mãe mal sonhar com o relacionamento.

– Eu não ficaria pra titia se você tivesse tirado minha virgindade. – o cutuquei pra mudar o foco e ele riu, pois o assunto logo entraria na D. Eva, que no momento não está na paz comigo.

– Eu não vou te explicar o porquê de novo. – falou se impondo, do jeito dele e eu ri. Era tão om estar com ele de novo, me sentia 'em casa'. Se alguém me perguntasse qual era o meu lugar favorito no mundo eu diria que é por perto dele. Não havia mágoa, nem ressentimentos. Havia leveza, facilidade em lidar com as coisas.

Após algumas horas de conversa o rastreador do Igor, vulgo: celular, começou a tocar. Era a Malu pedindo que ele fosse pra casa. Eu dei risada da cara de preocupado dele e não pude deixar de alfinetar.

– Pra quem diz que não tem medo dela, você tá muito preocupado! – comentei.

– Eu a amo muito Ju, mas apesar desse grude gostoso e tal, esse relacionamento não tá certo. Ela tá a quilômetros e quer me 'encarcerar' às nove da noite! – resmungou digitando rapidamente uma sms, provavelmente um 'já vou amor' e chamou a garçonete, pedindo a conta. Pagando em seguida.

Luiz Otávio Narrando

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Fazia dois meses que o meu pai e a minha mãe estavam aqui em Florianópolis à procura de uma casa e de resolver as coisas do colégio da Sofia, minha irmã mais nova.

Ele foi transferido novamente pra cidade, para o descontentamento da minha mãe. E eu só pude vir essa semana pra transferir o meu curso da faculdade pra cá e aproveitando o corretor do meu pai fui olhar um mãe.

Antes de vir eu havia tentado por tudo terminar o meu namoro com a Camillie, mas estava difícil. Desde a noticia da transferência do meu pai ela tem feito drama, atrás de drama. Inventou até uma crise de asma, coisa que ela nunca teve, pra desviar do assunto.

Eu queria terminar não só por causa da distancia de Belo Horizonte pra cá, nosso namoro não estava bom das pernas, nunca foi, suas birras também estavam deixando nosso sexo morno e a pressão da minha mãe e dela por um noivado estavam culminando para a minha vontade de estar solteiro o mais rápido possível. A única coisa que me consola nisso tudo é a Heloisa ter vindo pra cá também. Eu teria alguém pra desabafar ao menos. Sim, nós voltamos a ser amigos novamente e após a sua volta da Austrália, ano passado.

Os dias aqui tinham um sabor de nostalgia. De saudade. Eu fiquei louco de vontade de ir à minha antiga casa, não só pra vê-la, mas pra ficar perto da Julia.

Eu lembrava do seu cheiro, da textura macia da sua pele, do seus traços como se tivesse a visto ontem. A Helô chegou a querer me mostrar uma foto sua de agora, mas eu achei melhor não, se eu já sentia vontade de ir atrás dela sem ao menos ter noticias suas, imagina se a visse agora e tudo que eu menos queria era bagunçar sua vida novamente. Ela devia estar feliz, devia ter superado – o que eu não consegui totalmente – seria injusto.

Após sairmos da visita ao ultimo apartamento a Helô insistiu em irmos a uma lanchonete por que desde que eu a busquei ela vem alegando estar morrendo de fome. Como se não comece há dias.

– Você vai ficar com aquele mesmo? – ela perguntou enquanto eu procurava um lugar para estacionar.

– Sim, aquele é bacana e minha conta bancária dá pra cobrir. – falei divertido.

– Sua mãe vai ficar louca quando souber capaz dela mudar a Camilie pra lá! – deu risada.

– A Camilie não vai morar lá, por que eu vou terminar isso com ou sem crise de choro dela assim que eu por os pés em Belo Horizonte. – falei firme, finalmente achando uma vaga.

– Definitivamente eu tô pagando pra ver. – alfinetou descendo do veiculo.

Nós entramos e tranquilamente fizemos nossos pedidos, que não demoraram pra chegar e como eu esperava ela começou a tocar no assunto da Camilie e eu novamente, o que me deixou emburrado só de imaginar que o próximo seria a Julia, por que eu a conhecia melhor do que ninguém e estava até demorando pra ela tocar nisso. Desde que ela havia chegado tinha ficado quieta, o que não era do seu feitio.

– Esqueça a gente, por favor. Deixa a Camillie em BH por uns minutos? – falei rolando os olhos, entediado.

– Para de ser chato Lu. – resmungou tomando seu suco pelo canudo, feito criança – Ei, olha! Aquela ali é a Júlia! – falou apressada se pondo em pé.

Eu fiquei assustado com a correria dela e não vi ninguém apenas um casal de costas, o que me deixou confuso.

– Ju! – gritou chamando a atenção da garota, fazendo com que ela virasse. E eu parei de respirar imediatamente. Era ela. A Julia. – Oi! Vem aqui!

Caminhos tortosOnde histórias criam vida. Descubra agora