Capitulo 33 - Parte 2

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Todo o tempo que fiquei ali pensei no que a Fernanda me disse e no meu relacionamento com o Luiz seria um desastre se algo como uma gravidez ocorresse. Imaginei como iria ser e definitivamente eu não estava disposta a passar por aquilo. Minha mãe e a sua em pé de guerra o tempo todo, a Camilie nos infernizando e sua irmã apoiando, capaz que gravidez nem chegasse ao fim esperado. Depois de analisar tudo aquilo, tomei coragem e falei ao Nicholas que iria me ausentar por alguns minutos, não demorava.

Dirigi-me a recepção e marquei uma consulta com uma ginecologista, por sorte consegui um horário às três da tarde do próximo dia.

– Ta tudo bem Julia? – Nicholas perguntou quando eu retornei.

– Tá sim. – sorri fraco, sentando-me próximo a sua cama – Tinha ido falar com uma conhecida da minha mãe.

– E você e o Luiz, como estão?

– Indo, apesar dos percalços. – comentei.

– Entendo, mas tem um pouco de paciência. O Luiz parece um cara legal...

Minutos depois de um bom papo nosso, por volta das quatro da tarde, a Fer voltou, acompanhada do Luiz. O Nicholas já havia sido liberado e mantinha um ótimo humor enquanto esperávamos. Após deixa-los em casa seguimos para a minha, onde ele ficou para jantar e por fogo nos ânimos da casa – como se já não fossem quentes em relação ao nosso namoro –, e acabei indo dormir em seu apartamento com ele para fugir de mais confusão.

– Eles só vão deixar o nosso namoro em paz quando você engravidar! – resmungou assim que adentramos seu apartamento, se jogando no sofá e eu rolei os olhos, entediada, sentando em seu colo, ficando de frente pra ele doida que ele esquece isso.

Nós tínhamos acabado de chegar de um jantar na casa dos meus pais e a minha mãe nunca perde a oportunidade de encrenca-lo, e ele sempre faz questão de devolver a 'gentileza', tornando a convivência excepcionalmente melhor. E sobre essa ideia absurda de termos filhos: não ia dar certo nunca. O Luiz não tinha paciência de acordar de madrugada, muito menos de fazer uma misera mamadeira, eu ia cuidar desse bebê praticamente sozinha e ainda teria ele competindo por atenção com a criança e fazendo birra. Fora o sexo que ia mudar bastante e ele não iria conseguir segurar.

– O que não vai acontecer. – me impus, selando nossos lábios, querendo fazê-lo encerrar o assunto sem confusão.

– Mas até que não seria má ideia. Você ia ficar linda barrigudinha! – falou com dengo acariciando minha barriga e eu bufei – é serio! – estalou os lábios emburrado – a gente podia tentar...

– Você ficou louco! – resmunguei aborrecida – Eu estou no primeiro ano da faculdade, não vou engravidar por um capricho seu Luiz Otávio! – eu argumentei saindo do seu colo e ele levantou vindo atrás de mim.

– Ju – suspirou pegando no meu braço – desculpa vai. – falou malevolente e me abraçou – Eu só queria um pouco de paz pra gente! Você seria uma boa mãe. – argumentou.

– E você, será que seria um bom pai? – o questionei e ele suspirou ficando em silêncio – Essa não é a saída Lu, uma hora eles cansam de implicar. Só precisamos de um pouco de paciência. Você também sempre faz questão de responder.

– Mas já estão nisso há quatro anos! – retrucou.

– Mas não é um filho que vai os fazer mudar de ideia! – ralhei – iria ser uma guerra, o meu pai mataria você!

– Eu sei! Ele vive dizendo que eu vou te engravidar e te deixar sozinha. – relembrou com manha.

– Eu não quero mais falar sobre isso. Só vamos ter um bebê quando casarmos – selei nossos lábios, indo para cozinha para que ele esquecesse esse assunto – SE casarmos. – dei ênfase.

Ele praguejou alguma coisa e foi para o banheiro, me dando espaço para trocar algumas sms com a Fernanda. Comentando sobre a ideia absurda do Luiz e ela riu. Seria cômico se não fosse trágico. Depois de alguns minutos e já deitado eu me juntei a ele na cama.

– Lu, eu sei que as coisas estão complicadas em relação ao que a gente tem. – suspirei, tentando escolher palavras para colocar um fim definitivo neste assunto – Mas não é assim que vamos resolver. Isso é uma responsabilidade enorme, tão enorme que eu não me sinto segura para carregar ainda. Queria que entendesse que não é pondo a carroça na frente dos bois que vamos ficar juntos.

– Eu entendo, me desculpa. Não queria forçar. É que a Camilie andou falando que você tava desejando ontem e isso me animou a usa essa saída. – comentou e eu dei um riso. Mesmo longe ela tinha que dar um jeito de ficar entre nós. – Prometo ter mais paciência com o veneno da sua mãe e tentar te proteger mais da minha. E esperar o momento certo pra querer um filho.

– Obrigado, vou cobrar essa paciência, ta? – falei sentando sobre ele, com uma perna de cada lado do seu corpo, dando lhe um beijo demorado.

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