Capitulo 13

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Julia Narrando

Estávamos saindo da lanchonete quando ouvi uma voz me gritar em euforia. Igor e eu nos viramos e quando olhei em direção a voz senti meu coração descer até os pés s subir com tudo até a boca. Meus lábios secaram e minhas mãos congelaram, parecia que todo sangue do meu corpo havia estagnado, não circulava. De modo algum.

Quem havia me gritado nitidamente e pela voz era a Heloisa. Outra constatação que me deixou completamente sem reação foi que ela estava acompanhada e provavelmente o rapaz ao seu lado seria o Luiz Otávio.

– Aquela não é a sua amiga? Helena? – o Igor perguntou erguendo a sobrancelha, me encarando intrigado.

– Heloisa – o corrigi, engolindo a seco sua constatação.

– Então, aquele ali do lado é o seu ex que sumiu? – deduziu franzindo a testa.

– Eu não sei como está seu rosto mais, talvez não o reconhecesse. – menti comprimindo meus lábios, querendo sucumbir à vontade de sair correndo pra casa. Eu sabia que era ele, de algum modo inexplicável, eu senti.

– Então essa é sua oportunidade, vai lá e mostre pra ele que você sobreviveu. – disse como se lesse meus pensamentos de fugir correndo e segurou a minha mão, me puxando até eles.

– Eu vou passar mal e desmaiar, Igor. – murmurei antes de nos aproximarmos da mesa e ele apertou a minha mão como uma forma sutil de me repreender.

A Heloisa me abraçou em cheio e eu fiquei estagnada por alguns segundos, sem saber se devia toca-la também, mas logo me entreguei e retribui calorosamente o abraço.

– Que saudades! Nossa, você está muito mais bonita ao vivo! – a Heloisa falou encantada enquanto eu emitia um sorriso amarelo – nem parece a Ju daquele tempo!

– Ér, pois é. Você também mudou bastante. – falei a analisando, sem jeito e em seguida desviando o olhar até o Luiz Otávio que até o momento permanecia no mesmo lugar, parado, me olhando.

Ele estava com os cabelos mais castanhos, usava óculos, uma armação bem simples e sutil, estava forte, mais bonito, mais homem, menos meu. Eu não sei ao certo o que sua expressão queria dizer. Não conseguia ler se era surpresa, desgosto, o que me deixou confusa. Eu confesso que quase me derreti, minha vontade era de sair e chorar, amaldiçoar o motivo dele ter voltado. O seu cheiro vinha com o vento, me acertando em cheio, me torturando. Era agoniante, éramos estranhos com sensações antigas. Logo em seguida ele sorriu e me cumprimentou.

– Oi. – eu gaguejei retribuindo, tentando achar uma entonação firme para a voz, mas rapidamente desviando meu olhar do seu e me virando para o Igor, que me abraçava de lado – esse aqui é o Igor. – falei o apresentando a eles, pra mudar o foco – Igor esses são a Heloisa e o Lu... Luiz Otávio – corrigi rapidamente, sentindo a mão do Igor segurando firme minha cintura, me passando confiança pra continuar.

– Ah, Prazer! – ele comentou esticando a mão e cumprimentando os dois, que retribuíram.

– Faz tempo que estavam aqui? – ela perguntou curiosa – sentam com a gente?

– Sim, fazia algumas horas, mas já estamos de saída. Tenho coisas da faculdade pra estudar. – disse sem jeito.

– Ah, que pena! – ela lamentou. – podemos marcar outro dia? Nós estamos morando aqui agora. Esse final de semana quem sabe.

– Sim, claro. Nós íamos adorar! – o Igor falou tomando a frente, sorrindo – mas, eu e a Ju vamos viajar pro interior, visitar a minha família amanhã. Podemos marcar pra outro dia.

– Tudo bem. – a Heloisa sorriu fraco – me dá seu numero pra eu te ligar? Tô com tanta saudade. A gente tem que por o papo em dia! – comentou pegando do seu jeito agitado uma caneta e um guardanapo pra que eu anotasse. Eu anotei e em seguida lhe entreguei, morrendo de vergonha por ter tremido tanto a caneta.

Caminhos tortosOnde histórias criam vida. Descubra agora